Saturação: Impotência Intelectual

Estou a uma semana evitando escrever este texto... E sei que essas palavras precisam ser ditas, pois ao passar dos dias elas se mantêm 'frescas' e nítidas em meu coração.

Faz muitos anos que escrevo... E nunca houve a pretensão de ser escritora. Escrevo, pois é minha forma de me comunicar de Alma para outras Almas. Eu consigo compreender a dimensão da escrita e da leitura e sei que as palavras têm poder imenso.

Aquela frase de campanha que estimula a leitura e diz que "ler nos leva a outros mundos" é vaga ou incompreendida. Ler nos eleva a outras dimensões, outras realidades, aos nossos abismos internos, a nossa própria essência, nos leva a contemplação, a reflexão, à confrontação consigo mesmo e aos nossos medos e anseios. Sendo assim, grande é a responsabilidade de quem escreve.

E nesses anos, eu tenho usado a escrita para me comunicar com as demais Almas que como eu buscam a evolução para o melhor de si que podem alcançar. Expresso o que eu acredito e o que vai de encontro com o que outras pessoas acreditam. Eu jamais me permito escrever por escrever, ou expressar qualquer coisa ao outro que não pudesse servir a quem lê e a mim mesma. Em cada recado, em cada e-mail, em cada desejo de boa noite ou bom dia, em cada felicitação por alguma data especial, eu procurei passar meus desejos intensos para outra pessoa e minhas melhores vibrações. Na minha imperfeição já ocorreu que eu enviasse meu pior e o resultado sempre me direcionou a me expressar positivamente, pois pude comprovar o perigo que há no poder das palavras, boas ou não.

E foi assim que cheguei a portais onde publico meus textos: a pedido daqueles que liam simples recados, simples mensagens e sentiam algo bom ao ler. E ao fazer isso, pensei muito no compromisso que estava assumindo diante de um pequeno público, mas de enorme valor. Uma só pessoa que fosse, que lesse meus textos vale tanto quanto dez.

Eu deveria ter publicado em Dezembro meu primeiro livro de poesias... Não por que penso ser escritora ou desejo me tornar uma, mas porque já havia compradores pra um livro que nunca tive a intenção de publicar. Meu dever diante da apreciação às minhas modestas linhas era fazer esse livro. Mas, ganhar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras? Ser reconhecida internacionalmente? Estar entre os dez mais vendidos do país ou do mundo? Nunca projetei isso pra minha vida. Uma porque escrever, qualquer pessoa pode. Escrever é um ato de comunicação como muitos outros. Imitar o estilo de alguém que já morreu 100, 60, 10 anos atrás, só exige um pouco de estudo.Escrever precisa ultrapassar as fronteiras do ser. Eu nem chego aos pés disso. Outra porque detesto ser o foco. Eu escrevo para contribuir de alguma maneira com o meu melhor para a humanidade, não para aparecer.

Uma amiga exigiu que eu tirasse minha foto com óculos, pois crê que eu devo me mostrar e os óculos me escondem... Eu não saio de dentro de minha casa sem óculos... Mostro meu rosto em avatares por uma obrigação com quem se relaciona comigo e deseja me conhecer melhor e se certificar sobre quem sou, mas detesto aparecer. Na minha vida real, eu limito meu ciclo social aos amigos de infância, pois sou do tipo que prefere preservar os velhos amigos a fazer novos... A minha família que considero uma organização de imenso valor na sociedade... Mas, nem pra vizinho eu costumo dar confiança. No espaço virtual eu me abro para amizades sinceras que se apresentem com o peso de meus amigos antigos... Mas tanto um quanto o outro eu mantenho afastados de mim... Eu sou arisca, sou anti-sociável, prezo a solidão e gosto dela, não suporto ser tocada... Eu mesma me aborreço com minha mania de analisar as pessoas, e para isso prefiro enxerga-las de longe... Minha postura às vezes machuca, eu sei... Então me mantenho distante... Quanto mais escondida eu estiver, melhor eu me sinto... Então, aparecer não é meu objetivo.

E no decorrer da semana eu fui observando 'coisas' que firmavam mais meus pensamentos... A gota d'água foi uma pessoa na minha lista de amigos num site de relacionamento colocar no lugar do nome: "Vou excluir quem não responder minhas mensagens". Refleti sobre isso... Ela pode ficar horas na internet enviando mensagens e se comunicando através de mensagens... Nem todo mundo tem tanto tempo disponível pra responder a todo tempo o impulso que ela tem em enviá-las.

Há umas mensagens que são passadas que eu chamo de Spams, pois são idênticas para todos os amigos. Não há exclusividade alguma na mensagem e quem as recebe se pergunta se alguém mais recebeu aquilo, ou se quem as enviou queria mesmo dizer tudo aquilo... Tudo o que vi esta semana se relaciona a isso.

Eu tive certeza absoluta que as pessoas estão cada vez mais prisioneiras de internet e sites de relacionamento por carência. O mundo está atravessando um período difícil... A realidade está dura demais... A violência e a injustiça imperam... As pessoas estão inseguras, com medo, sem esperanças... E quando elas ficam na rede fazendo tantos amigos, elas querem ouvir algo que sirva como um passe de mágica e mude tudo. Elas querem alguém que perceba o que se passa dentro delas e diga algo que possa aliviar aquela dor interna. E há pessoas que três vezes ao dia, como uma dose de droga, passam os Spams esperando retribuição, pois fazem isso não porque querem mesmo oferecer algo para alguém, na verdade estão querendo é receber: receber atenção, receber elogios, receber alimento pro Ego carente que mais parece um feto de poucos meses.

Tudo isso foi escrito até agora para pedir um favor... NÃO ME CHAMEM DE ESCRITORA! NÃO ME CHAMEM DE POETISA! Pois a maioria que possuí um pedaço de papel pendurado na parede que os denomina 'mestres das letras' se ofendem, mesmo que a intenção deles seja a mesma dos que passam Spams disfarçados de mensagens. Isso também estimula qualquer pessoa desinteressada em fazer algo realmente útil a acreditar que é escritor. Eu não estudei... Sou semi-analfabeta... Fugi da escola e das universidades... Já leram isso no meu perfil? Eu amo passar horas lendo meu dicionário como se fosse minha Bíblia, mas detesto Gramática. Na escola minhas piores notas eram em Português e Literatura. Não sou burra, é desinteresse mesmo. Não sou poetisa também, se há algum estilo pré-estabelecido nos meus textos eles não fazem parte da Literatura, mas da Filosofia. Eu não obedeço às regras para compor e não obedecerei... Eu não tenho paciência pra métrica e estrutura e isso causa impotência intelectual na minha inspiração. Eu sou uma pensadora e escrever é meu meio de comunicação assim como a fala ou a linguagem dos sinais. Procurem o estilo em que me enquadro na Literatura, e não vão encontrar. Procurem o grande escritor que sigo e não acharão.Procurem qual pensador eu sigo, e concluirão que todos. Nenhum pensador possuiu ou possui a Verdade Absoluta, apenas seus fragmentos. Juntando-se os fragmentos, eis a Verdade!

Eu vejo dois paradoxos de dois grupos distintos que se consideram 'os tais': o grupo que afirma ser poeta e escritor porque tem um diploma pra esfregar na fuça de quem duvidar disso, mesmo que não tenho um pingo de talento nato para escrever... E o grupo de quem não tem talento nenhum e nunca terá, mas acredita ter e nascer para ser escritor e poeta. Não que esse segundo grupo pretenda publicar um livro, por exemplo... Escrevem pra 'encher linguiça' e sair por ai dizendo 'sou escritor' pra sentirem-se importantes.

Certa vez, eu vi uma senhora deixando um convite no quadro de avisos onde ela especificou publicamente: “Estou convidando os GRANDES para, blá, blá, blá..." Eu fiquei uns quinze minutos olhando aquele recado e tentando entender porque um convite restrito foi colocado num lugar público se já existe telefone e e-mail? Porque a pessoa que o colocou precisava dizer a todo mundo o quão GRANDE é. Pois os GRANDES são os que pertencem a uma panelinha, possuindo não talento, basta o Ego estar satisfeito! Esses são daquele tipo de gente que se formou na universidade de Letras, ou Línguas ou Literatura e por causa disso acredita que pode ser escritor. Basta imitar um renomado imortal e pronto. O diploma determina, não o talento. Passei cinco anos tentando descobrir o mal que está em mim com médicos que exercem a profissão há anos, possuem uma coleção de diplomas e não puderam me dar uma resposta decente. Retomei minhas visitas aos doutores depois que eu mesma pesquisei meus próprios sintomas para levar as informações ‘mastigadas’ pra eles que ainda não conseguem saber o que tenho. Fossem meus médicos formados por vocação e não pelo interesse em conseguir status ou dinheiro, eu já saberia o qeu tenho há anos atrás. Fossem alguns diplomados formados pela vocação da escrita, não precisariam esfregar as regras junto aos seus diplomas no nariz de ninguém que consegue fazer o que eles depois de anos de estudo não conseguem.

Na mesma semana ví no mesmo lugar outro recado: “Estou muito magoada porque não recebo nenhuma leitura e ninguém faz um comentário, (construtivo, é claro), e mesmo eu mudando minha foto ninguém apareceu”.Novamente me pego pensando no recado ali a minha frente... O que essa pessoa pretende quando diz isso? Aparecer? Ser chamada de linda, ser coberta de elogios falsos que digam como ela escreve bem apenas pra receber alguma retribuição? É simples receber um elogio: basta fazer um!”.

Vi algo que você mesmo pode comprovar numa roda de amigos: lança-se um assunto na conversa que determine conhecimento, intelecto e inteligência... Quem lança o assunto na verdade não possuí nenhum destes três requisitos, mas lê jornal e revista. Ele expoe o assunto se passando por entendido no que diz, mas apenas está reproduzindo o que leu ou assistiu. Os demais se estão por fora do assunto ou vão concordar fingindo que entendem também do que é dito ou irão também reproduzir algo que leram ou ouviram de preferência contrariando quem começou o assunto pra se mostrar mais entendido, mas na verdade ninguém sabe de nada a partir do momento que não questiona e não estimula a obtenção de respostas, simplesmente aceitando o que foi escrito ou dito...

Vi ano passado, uma pretensa escritora de frases sem nexo ser ovacionada como 'a melhor' e fui conferir. Ela foi considerada melhor por ser bem visitada e é bem visitada por ter muitos textos pornográficos considerados Literários, embora as palavras vulgares e dignas de um roteiro de filme porno estivessem presentes. Achei aquilo o cúmulo e resolvi criar um perfil para criar os tais textos e fazer um teste. As mesmas pessoas que já criticaram negativamente meus textos deste perfil, apreciaram muito as insinuações de sexo que fiz, embora eu seja incapaz de descrever em um texto certos atos e utilizar certos termos que considero inapropriados para um público. Deletei o tal perfil depois de me certificar de três coisas: não gosto de textos eróticos, não os leio e não os escrevo, e pretensos críticos (não falo aqui dos críticos de verdade)são tão tarados quanto qualquer ignorante. [Fato constatado pelo teor de e-mails nojentos que recebi dos apreciadores que também são assediadores]

Deve fazer uns três anos que parei de comprar livros, pois percebi que os livros que comprava era de autores estrangeiros... O único livro novo que tenho de um autor nacional foi um presente que veio de Brasília, e creio que nem os GRANDES intelectuais conhecem o poeta. Isso quer dizer que se antes eu não sabia quem escreve bem nesse país ou é produto de jogo publicitário de editora, hoje sei muito menos e não quero saber. O mundo e o país estão a mesma coisa de um ano atrás, então só posso concluir que não surgiu um novo gênio ou pensador que consiga a proeza de influenciar positivamente a sociedade. Andam escrevendo merda e publicando porcaria, pois as parteleiras da Biblioteca Nacional estão lotadas, e me parece que nada que está se acumulando ali serve realmente pra algo útil. Nossa Biblioteca Nacional não é uma Biblioteca de Alexandria onde tudo o que era escrito valia como documento e toda e qualquer anotação servia para consulta e aprimoramento em todas as áreas.

Dou tanta risada quando acreditam que as Piramides de Gizé foram feitas por extraterrestres e o raio a laser é tecnologia alienígena... Os próprios seres humanos subestimando a si mesmos... Porque de um tempo pra cá se registra qualquer besteira, e não consultam as vozes da sabedoria do passado que faziam proezas porque pensavam.

Quando cheguei aqui, fui discriminada, humilhada, rejeitada, mal falada, tendo meu nome rolando na boca de mulher sem ter o que fazer da vida porque não me enquadrava, porque não visto a mesma máscara, porque não sou formada em Letras, porque sou eu mesma quando escrevo e não tento copiar ou imitar alguém famoso pra ser aceita. Mantive-me neste mesmo lugar, sabedora do que eu estava fazendo aqui, por isso não me rendi. E hoje sou chamada generosamente de filósofa, poetisa e escritora... Eu lamento informar... Sou bem mais leitora que escritora e se dependessem de mim pra comprar algum texto aqui, iriam morrer de fome! Posso não saber nada desse monte de leis sacramentais para escrever, mas sei ler e posso voltar a comprar livros. [Talvez eu deva encontrar uma máquina do tempo e comprar um livro dos originais, não das imitações que surgem ano após ano].

Mas eu peço: não me chamem assim! Pois não quero ser vista como esses personagens disfarçados de artistas que vejo por ai. Não quero que um leitor chegue aqui e acredite que faço parte das mesmas panelas que tornam esse lugar cada vez mais... Comum! Sem encanto! Salvo raras preciosidades... São raros os talentos natos...

Não sou mesmo escritora, nem poetisa... Eu uso esses recuros para oferecer minhas mensagens por uma causa... Não que eu seja a dona da verdade, mas como cidadã do mundo eu tenho essa obrigação assim como cada um tem! Minha obrigação é oferecer meu melhor! Não, não sou dona da verdade... Mas sei o que é precisar de uma palavra que possa mudar pelo menos dentro de mim! Sei o que as pessoas buscam quando querem algo pra ler... Sei o que é querer encontrar numas linhas um sinal! Sei que posso evoluir pra melhor quando ofereço meu melhor, pois pra isso preciso realmente ser melhor do que antes eu era, não do que o outro é.

Não quero ser escritora e nem poetisa... Chamem-me de qualquer coisa, menos disso. Pois o sinônimo disso não é agradável... Escrever é Arte, mas também é ação! Escrever é como a fala do mudo! Eu escrevo para retratar meus atos e meus verbos! Escrevo para deixar registrada minha crença, minha filosofia, minhas idéias, minhas ações. Escrevo pra ser cada vez mais eu mesma, e não para fingir ser o que não sou!

Sou apenas Shimada, alguém que expressa o que sente, e que não é muito diferente de qualquer outra pessoa.

Sou apenas alguém querendo ir além... E irei!

Grata a todos pela atenção de sempre e o carinho a estas minhas modestas linhas!

R+C Rarae sunt verae amicitiae

São Paulo, 21 de Fevereiro de 2009.

Ps:o que mais gosto nos meus textos imensos é que sempre acredito que ninguém vai ler por pura preguiça... E eu sempre me engano!

Mas para quem se deu ao trabalho de chegar até aqui e encontrar tudo isso e pensou: "Nossa! Muita coisa!"... Volte a página SE preferir e leia algo menor...

[Nota: Pois é... E será que eu sou tão ignorante assim? Será que sou uma reles dona de casa, uma voluntária da PF, uma semianalfabeta ou uma diplomada? Quem pode me julgar e saber o que sou e quem sou?]

FUI!

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 21/02/2009
Reeditado em 22/02/2009
Código do texto: T1450311
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