Tempestade

Quero sentir, de novo, aquela agitação fremente, invadindo o meu peito; ouvir o som estardalhante dos trovões daquele sentimento vivo e forte; ver surgir, no meu olhar, o jorro incessante do brilho incandescente dos raios de um tempo tomado, completamente, pelo temporal que o apaixonar causa em mim.

Quero viver o barulho súbito e inquietante da hora da paixão; conduzir uma desordem ordenada de sentimentos que vêm sem condições impostas.

Quero ousar, desafiar os pingos confusos da chuva dessa tempestade de emoções que caem sobre o rosto molhado de outras tempestades que tem o meu sentir.

Quero, enfim, entregar-me, sem pensamentos que me afastem do querer certo, a um pulsar diferente e intenso, aquele que me leve a uma outra dimensão do tempo que o meu sentimento espera acontecer, que me leve a uma agitação que agite o compasso das batidas do meu coração, trazendo uma desordem na cadência cotidiana que o mantém moderado, contido, equilibrado.

Quero ser surpreendido por outra tempestade; quero, outra vez, o medo dos trovões e dos raios; sentir receio de me entregar a esse sentimento que toma conta dos meus instantes de tempestade e provoca a tempestade que o meu amor espera de você.