Carta Amassada VI " meio carta, meio poesia, meio desabafo..."

Tantas vezes tentei descrever meus sentimentos, não foram poucas as vezes que chorei, sufocado pelo sofrimento, lágrimas molharam o rosto e afogaram a alma de tristeza como árvores desesperadas pelas chuvas da primavera...

Ainda sinto o doce perfume dessa rosa chamada amor que deixou em mim. Sentimento que embriaga, mas não confunde, traz uma certeza incerta. Deixou um rastro de saudade eterna em minha existência. Saudade de minha inocência perdida, das horas que passavam sem eu sequer perceber porque estava perto de você. Épocas que se encontram, coração mergulhado em um oceano de sensações. Agradáveis sensações de quem sonha em seu quarto solitário um dia tocar a face vista apenas através de um retrato.

Ainda que os olhos se fechassem e não houvesse lembranças de seus movimentos eternizados através da câmera, ouviria sua voz embalando minha esperança como a mãe que vela um filho enquanto ele lentamente adormece, és uma flor desabrocha.

Ainda é inverno lá fora, o vento não só congela meus pensamentos como paralisam meus sonhos. Quem sabe amanhã a primavera não bata mais cedo em sua porta, fazendo um convite inesperado para sair e bailar no jardim de flores que desabrocha bem ali no seu quintal da frente. E o pegue pela mão e o leve por um caminho onde no final estará a flor mais bela do jardim, com seu sorriso divinal, sua face rosada e seus cabelos em chamas...

Eu apenas tentei dizer, mas onde se esconderam as palavras? Não saem como eu as queria. Suave, coerente, sem tremerem tanto... Não, eu não as queria em forma de lágrimas, mas sim através de alegre emoção. Não sugando de minha existência o dom da vida, contudo soprando um pouco mais de vida...

As linhas ainda são muitas, lágrimas insistem em rolar... Esse dia inesquecível, essa noite tão nublada, essas marcas sem previsão de sarar...

Hoje não resta esperança, sobra o remorso, e as feridas ainda abertas, sangrando, esgotando forças e o coração desfalecendo, acumulado de batalhas...

Nota: Tanta coisa grita o coração do poeta, dói muito, uma dor não fingida, sentida na alma. É insuportável se ver no espelho e sem me sentir condenado. Um crime: amar profundamente! Uma condenação: sentir-me para sempre solitário! Ainda que momentânea, ainda que suportável enquanto houver vida...nada há nada pior que a rejeição de si próprio...Dor...dói aqui dentro, bem no lugar de onde nascem as palavras cheias de espinhos, dilaceram meu peito, sufocam...(choro)

Francis Poeta
Enviado por Francis Poeta em 24/02/2010
Reeditado em 14/06/2014
Código do texto: T2106101
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