A vida

Suas mãos conhecem o fogo e o pecado e conhecem o meu corpo muito bem. De vez em quando escrevem minha história...

Triste, eu vejo como mexe os quadrís quando anda sinuosa, minha bela prostituta preferida. Tão delicada, com sol ou chuva ela canta sempre as minhas súplicas. É tão doce, não pergunta o que eu achei quando termina a noite. Nocívo é o seu amor que quando começa me mata, embora eu saiba que nunca termine. Antes de mim, depois de mim. Seus beijos não conhecem fim...

Não consigo lembrar-me quando tocou-me a primeira vez, só sei que a conheci pelo erro, me perdendo em mim mesmo. Tudo, tudo era desejo. Eu, um cego querendo ver o impossível. Ela, me levando a prazeres quando ainda menino.

Seu mistério ainda me impreguina...

Depois de tudo, eu ainda triste, chorava, escondido, por qualquer motivo, pois sentia-me pior sorrindo alegrias que logo passariam. Aprendi que a dor é onde tudo termina. Ela entrava a cada dia com um novo rosto de menina, e no calor frenético do seu corpo eu aos poucos me ria.

Meus pêlos ainda brotavam enquanto ela me acariciava. Mas continuava triste, sem saber achar verdade nas paixões que me enfeitiçavam. Em cada rosto delicado, eram os olhos que me tocavam. Sempre os mesmos olhos. Em cada gosto que eu provava, era o veneno que me fisgava. Sempre o mesmo veneno...

Em suas entranhas eu tantas vezes gozava, e como um recém-nascido experimenta o primeiro contágio com o ar, nos seus seios de inverno eu arfava. O amor faminto era seu mistério e o meu dstino favorito. E memso quando custava-me o sangue, eu, sem me dar o direito de escolher, sem nem mesmo entender o porquê, não me esquivava.

Dias depois, me trancava no banheiro e muitas vezes chorava. Acho que nessa época comecei a enlouquecer...

... seus quadrís não param de mexer. Ela sussurra em meus ouvidos: "É hora de gemer"...

Dil Erick
Enviado por Dil Erick em 26/03/2010
Código do texto: T2161249
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