Meu Mar, Minha Saudade

By CJ Maciel

É assim, sempre assim...

Conto os dias em que não afago minha saudade,

Desconto os dias em que ela não me afoga!

Conto os contos de minha vida navegando em minha Saudade.

Vivo povoado por ela! Ela é irreal, eu sei! Mas, também é viva até que me provem o contrário... Interajo com ela perpassando um pouco os limites da loucura. Devo confessar que passo desses limites e até gosto disso... Aliás, gosto muito!

Digo isso porque os meus limites entre o Querer e o Fazer refazem-me em meus desejos, anseios e sentimentos... O primeiro até que consigo viver intensamente... Já os outros, nem sei como fazer para que me deixem em paz...

E pensar que a Paz que me ensinaram a ter nem chega aos pés de ser aquela que penso ser verdadeira. Ela sim, me mata aos poucos assim como faz a Saudade; o oposto da Paz é a Agonia e, como elas se completam, preciso aprender a viver com as duas, pois que me fazem inteiro. Nem tanto Paz, nem tanto Agonia: sou assim. Nos entremeios delas, sou eu, só. Gosto de estar só.

Aprendi a gostar da solidão, sabe? Eu sei que ela é falsa, momentânea, traiçoeira, imóvel, atemporal! Aliás, atemporal, falsa, momentânea, traiçoeira, imóvel também é a Saudade. Esta sim é um verdadeiro fantasma Dantesco que me persegue e está viva e me aviva e é ávida ao mesmo tempo! Meus poros abrem-se para ela tal pétala em flores em Primavera efervescente...

Penso que se a Saudade tivesse gosto este seria salgado. Gosto de pensar assim por causa do Mar: é salgado, lindo, obscuro, misterioso, horripilante, indomável, calmo, assim como são as pessoas...

Algumas delas até tento esquecer, mas se fazem presente porque são marco e nódoa: lembranças... Mesmo que imperceptíveis, sempre estão lá: lindas, obscuras, misteriosas, horripilante, indomáveis, calmas... Ou não!

É assim, sempre assim...

Pessoas e Mar: elas vão, elas vêem e ora estão calmas e ora agitadas e ainda, se forem femininas, preciso levar em consideração a Lua, o dia, o Mês e o período que estão para não cair na falha de falar ou calar na hora errada... Fazer ou não fazer? Incognoscível criatura bela... Já pensou? Saudade é feminina...Pessoas, também.

Sou relutante quanto as pessoas, devo confessar... Quem não o é?

Já sobre mim mesmo, vivo re-lutando por tantas coisas... Só não re-luto muito...Bom seria que re-lutar fosse uma palavra que, por si só, apresentasse completude, mas, se assim o fosse, seria morte certa por duas vezes: re-luto. É.. A Saudade também é feminina e incognoscível assim como são as pessoas e o ressoar do Mar.

Acho que vou embora pra deixar minha Saudade...

Vou embora, vou deixar minha Saudade,

Já que tudo vem com ela para me fazer calar.

Vou embora, vou deixar minha Saudade,

Já que tudo vem com ela para me fazer calar.

Vou embora, vou deixar minha Saudade,

Já que tudo vem com ela para me fazer calar.

Já que tudo vem com ela para me fazer calar,

Já que tudo vem com ela para me fazer calar,

Já que tudo vem com ela para me fazer calar....

Espere! Ouço vozes: não relute, não relute, não re-lute...

Re-luto o luto do Sim, mesmo porque luto para não morrer aos poucos: prefiro morrer de uma vez... Como?

Se vou morrer, escolho morrer de Saudade, de Solidão porque são elas que me trazem pessoas... As duas me trazem sentimentos, verdades, ilusões, mesmo que sejam indesejáveis, incognoscíveis... Com elas, faço revisitações em lugares, a pessoas pelas quais passei e passei desapercebido.

É assim...

Não importa o que eu diga, faça ou pense. Preciso deixar de prefixar as coisas e apenas sentir o vento polarizando a direção que preciso seguir, tomar um gole de Silêncio, mastigar um pouco mais a Saudade que sinto, olhando as pessoas que me serão sempre mar, saudade e solidão.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 03/08/2010
Reeditado em 04/11/2016
Código do texto: T2416468
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