PROSA TUTORIAL, CARTA E MENSAGEM

Em 28 de outubro de 2010 13:09, Joaquim Moncks <joaquimmoncks@gmail.com> escreveu:

IMAGEM E PALAVRA

Joaquim Moncks

Pelo que observo, tu estás ainda na casa dos vinte anos... E aonde foste buscar este gosto literário, rítmico-musical? É o que vivo a dizer: a cabeça dos poetas é similar ao periscópio de um submarino, sempre a ver o fundo e o longe das coisas... Também percebo que, nos poetas, a idade cronológica é diferente daquela que tem a sua cabeça... Os poetas olham os fatos dispostos no mundo pelo seu final, ou seja, com o olhar dos escolados, dos experientes de muito andar... Mesmo que o vate, nesta passagem, seja ainda muito jovem, o olhar é antigo... Surge daí que sempre propõe a ótica sobre a novidade: a face recém-nascida. Aliás, tem coerência o Senhor dos Mundos. Como chegar ao novo sem a antevisão do antigo? A figura do poeta chega com a perplexidade haurida não sei de onde, de que inesgotável fonte... Não há, neste plano, figura mais complexa do que aquele que percebe o mundo por máscaras e entrelinhas. E sem as desvelar, sem as desnudar, lança a verdade de sua observação pelos códigos de imagem e palavra. Tudo para que renasça o Novo na cabeça do receptor...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/2583326

Em 28 de outubro de 2010 14:33, Eduardo Sabino <eduardosabino@caoseletras.com> escreveu:

Joaquim, beleza de texto! Vejo que se trata, inicialmente, de uma mensagem remetida a alguém. Posso publicar como “Carta”?

Abraço, Eduardo Sabino.

Amigo Eduardo!

Acho que vocês não possuem no site do "Caos e Letras" a categoria “Tutorial”, que é como classifiquei o texto no "Recanto das Letras", porque é como o concebo, para efeito formal. Em verdade, no texto, subliminarmente, há um conceber, um fazer, um proceder, que se diz em comum – similar – a todos os criadores poéticos. Principalmente aos poetas em plena juventude... Podes ver que isso está claramente no link ao pé do texto. Acaso não o tenhas como ‘categoria’, sim, podes publicar o texto como “mensagem” ou, até mesmo, “carta”.

Mario Quintana usou muito esse tipo de comunicação com o seu interlocutor (em jornais, revistas e livros) e nunca a classificou como Carta.

Referia-se e buscava o seu impessoalizado ou não identificado leitor... Se bem que ele não classificava literariamente os textos. Era visto como notável POETA e tudo o que escrevia se tinha como POESIA.

Muitos de seus textos não chegam à Poesia e, sim, por falta de METÁFORAS PROFUNDAS, POLIVALENTES (no dizer de Massaud Moisés), eram não mais do que interessantes PROSAS POÉTICAS, caracterizadas pela superficialidade da metáfora monovalente (Massaud) e pela linguagem pouco codificada, que, mesmo Prosa, tem como complemento intrínseco o sentido CONOTATIVO. E, nesta vertente, era o mestre da fina ironia...

Muitos dos textos em prosa poética de Mario chamam a atenção pelo inusitado da abordagem, pela originalidade e talento do grande leitor e bom tradutor, mesmo que em linguagem derramada, prosaica, como também fazia Clarice Lispector.

Ambos deram ‘dignidade poética’ ao gênero Prosa. Com esta concepção e a consequente difusão e aprimoramento do estilo, temos hoje o gênero literário – híbrido – Prosa Poética, com absoluta autonomia.

Como classificações, temos, na atualidade: a Prosa, o Verso e a Prosa Poética. A maioria dos sites da grande rede adota esta classificação.

Aliás, sob o aspecto formal, a Prosa Poética é a Poesia apresentada em frases ou linhas, nada mais. O dito "poema em prosa" é a prosa poética apresentada em versos.

– Do livro DICAS SOBRE POESIA, 2009/10.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2584674