Carta Resposta - Os 4 axiomas de Lula

Prezado(a) leitor(a),

Esta carta resposta foi produzida para responder a duas amigas que, através de um slide em power point, defendiam a candidatura tucana de José Serra, ao tentar quebrar os "4 mitos" de Lula.

Abaixo, a resposta fundamentada.

Boa leitura!

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Rio de Janeiro-RJ, 29 de outubro de 2010

Grande e querida Célia Medeiros...

Também aproveito para saudar também a Dorcas Oliveira

Acabo de receber a mensagem de correio eletrônico, com o título Se me provares o contrário, voto em Dilma! Para mim, a mensagem foi desafiadora, até porque o slide em power point requereu de mim o desafio intelectual em me ater à conjuntura política dos últimos quinze anos. Meu motivo a responder, além de apoiar a Dilma, é seguir em defesa da verdade a todo o custo, conforme a passagem de Paulo em 2 Coríntios 13:08, que assim menciona:

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”

Sempre me pautei por este prisma, Célia e Dorcas. A Célia sempre foi testemunha disso, ao receber todas as respostas às mensagens de cunho político enviadas ao meu correio eletrônico.

Como quero ser justo, enviarei na resposta não só o slide que vocês fizeram, mas a resposta, ponto por ponto, a cada item colocado por este slide – por sinal, muito simplório e sem dados à altura para subsidiar todos os argumentos de fundo liberal-conservador.

Vamos a cada um dos pontos. Não existem 4 mitos. Na verdade são 4 axiomas claros, frente à atuação do Governo Lula. Até porque mito refere-se a personalidade ou algo, que embora irreal, se supõe real. Trabalho com a tese que os “4 mitos” do PSDB são na verdade “4 axiomas” populares, até porque o axioma é, na verdade, um princípio presente em si mesmo. E esses axiomas tem sido resultado da mudança de que o próprio povo brasileiro experimentou, chegando a conferir 83% de popularidade ao Governo Lula.

1° axioma: O Brasil está melhor com o Governo Lula

O Brasil nunca experimentou tamanho progresso econômico durante os quase 8 anos do Governo Lula. O poder de compra do salário-mínimo praticamente triplicou no Governo Lula frente ao Governo FHC (ver em http://gmpconsult.com.br/blogdolen/?p=288, com links direcionados ao DIEESE), com US$ 296 contra os míseros US$113,05. Enquanto o aumento real do poder de compra do mesmo salário-mínimo na Era FHC (PSDB) foi de apenas 85,34%, o do Governo Lula, mesmo com as limitações do sistema capitalista, foi de 100,97% em 7 anos de mandato. Tal poder do salário-mínimo leva em conta o aumento inflacionário, que interfere no custo de vida.

Além disso, os 15.023.633 empregos promovidos pelo governo petista contra os 5.016.672 de empregos do governo tucano (1995-2002), presentes em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17029, provocou ao FHC a iniciativa de lançar uma “Carta aberta a Lula – Sem medo do passado”, tentando, sobre o prisma liberal, tentar justificar algumas ações sociais, em http://www.defesadademocracia.com.br/2010/10/22/carta-aberta-de-fernando-henrique-cardoso-a-lula-pt/ .

Vale lembrar também que, mesmo diante da argumentação do Ex-Presidente FHC, o cientista político Theotônio dos Santos (Professor Emérito da UFF), amigo de longa data de FHC (quando este era professor nos idos da USP), desmascara FHC com a análise teórica de seu governo, a partir da “teoria da dependência”, na sua “Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso” em http://www.viomundo.com.br/politica/theotonio-dos-santos-carta-aberta-a-fernando-henrique-cardoso.html

O Governo Lula, com políticas de habitação que não apenas se resumem ao programa Minha Casa, Minha Vida – através de políticas arrojadas de democratização à moradia –, ampliou os recursos de apenas R$ 7 bilhões (2002 – FHC) para R$ 63,3 bilhões em 2009 (ver http://peppercomm.3cdn.net/2aed5734682bd1c113_dwm6bq4vi.pdf). A taxa de analfabetismo caiu de 11,9% em 2002 para 9,6% em 2009, além de democratizar o acesso às universidades, com a qualificação e o aprimoramento do ENEM, além da criação de 15 universidades públicas, ampliação das vagas já existentes e a criação emergencial do ProUni – diferente da única universidade federal criada na Era FHC, por causa do surgimento do Estado de Tocantins.

Ainda assim, o Governo Lula, para poder obter tais conquistas, teve de enfrentar um cenário desolador no campo econômico. No início do processo eleitoral, em julho de 2002, o Governo FHC, que se vangloria do Plano Real tinha a cotação de dólar alternando, no mercado livre, entre R$ 2,79 a R$ 3,42 (http://www.portalbrasil.net/indices_dolar02_07.htm). Na vitória de Lula, o dólar, ainda na Era FHC, variou entre R$ 3,95, chegando para R$ 3,50 (diante da vitória do Lula – ver em http://www.portalbrasil.net/indices_dolar02_11.htm). Quando Lula assumiu, no dia 1° de janeiro de 2003, o dólar estava no mercado livre em R$ 3,53, chegando atualmente a R$ 1,71 no dia 28 de outubro de 2010 (ou seja, ontem, no momento que esta mensagem foi escrita. Ver em http://www.portalbrasil.eti.br/2010/economia/dolar_riscopais_outubro.htm.

O risco país que hoje, em pleno Governo Lula, está em 170 pontos (outubro de 2010), chegou em 2002 a estar com mais de 2400 pontos (ver vídeo de Joelmir Beting em www.youtube.com/watch?v=PIc6t_UOBp8). Mesmo com a crise mundial de 2008, o risco Brasil, em seu auge, variou entre 326 pontos (1° de outubro de 2008) e 677 pontos (22 de outubro de 2010), em http://www.portalbrasil.eti.br/2008/economia/dolar_riscopais_outubro.htm. O risco país se associa diretamente à capacidade do país obter a sua confiabilidade dos grupos econômicos e é avaliado através do risco político, mercadológico e geográfico (ver mais detalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Risco-pa%C3%ADs e em http://www.webfinder.com.br/disclosure/PDF/risco_pais-100-3.pdf, com uma definição mais técnica sobre o tema).

Igualmente, o Brasil tem tido êxito no âmbito de sua política diplomática internacional. Diferente do propalado pelo slide, o Brasil, na Era Lula, tem sido reconhecido internacionalmente, por sua respeitabilidade, liderando o grupo dos países emergentes (o G-22), frente às grandes potências econômicas do G-8, fazendo sua voz valer no âmbito político, econômico e diplomático. Como Chefe de Governo e de Estado que é, Lula prezou o que a Constituição afirma, no seu Art. 4°, onde, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm, afirma que

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Ora, querida Célia e Dorcas, a Carta Magna (Constituição Federal), é quem rege as normas que a sociedade brasileira (inclusive o Presidente da República) deve seguir. E em inúmeros pontos o Brasil seguiu, como a defesa do processo democrático na Bolívia para a posse de Evo Morales, contra grupos golpistas subsidiados pelos EUA; na defesa enérgica da democracia na Venezuela, contra a tentativa de Golpe de Estado orquestrado pelas elites, pela RCTV e com o apoio dos EUA (sugiro que procurem, no you tube, o documentário A revolução não será televisionada – onde o povo se mobiliza contra o golpe a Chavez e o Exército Venezuelano prende todos os golpistas).

Lula, através do seu Ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, liderou a resistência e a opinião pública internacional contra o golpe promovido em Honduras contra Manuel Zelaya. Igualmente, mobilizando a opinião pública latino-americana, ajudou a impedir o golpe no Equador contra o governo democrático de Rafael Correa, além de ser o primeiro a mediar o processo de paz entre Israel e os palestinos (ver em http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,lula-vai-a-israel-visando-mediar-negociacoes-com-palestinos,523814,0.htm).

Ainda assim, o slide, de forma insistente, procura argumentar, com a linha liberal clássica do PSDB, de que a sociedade produz riquezas a partir da iniciativa privada. Na verdade, este modelo sempre foi fadado ao fracasso, na história sócio-econômica brasileira. Aliás, prefiro seguir outro lema: o povo brasileiro é o ÚNICO legatário genuíno e preferencial das riquezas do Brasil! Tal asserção sempre foi parte do ideário trabalhista de Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, além de ser seguido por Miguel Arraes, Luís Carlos Prestes e hoje defendido por Lula e Dilma Rousseff.

Amadas Célia Medeiros e Dorcas Oliveira. A iniciativa privada não possui função social (e nem tem interesse), pois seu interesse central é a obtenção de seus lucros – a marca clássica e autêntica do ideário liberal, através do capitalismo. Tal interesse desmedido pelo lucro pode chegar até, dependendo dos casos (e muitos, registrados ao longo do processo histórico), gerarem as condições para a disseminação no número de desempregos – algo que já existiu no Brasil, em especial, na Era FHC, (1995-2002), onde o Brasil adotou o receituário neoliberal do Fundo Monetário Internacional e os princípios centrais do Consenso de Washington (ver em http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/consenso.html), no que tange, mas linhas chaves e centrais, à redução dos direitos sociais e à aplicação do Estado Mínimo – via políticas de privatização/terceirização dos serviços públicos estratégicos. Lula aplicou o ideário de intervencionismo do Estado na economia, visando a clássica política do Estado de Bem-Estar Social, promovido nos governos de Vargas e João Goulart (ver em http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_de_bem-estar_social) e o modelo econômico do keynesianismo (em http://pt.wikipedia.org/wiki/Keynesianismo).

O resultado da aplicação da visão liberal do PSDB na Era FHC foi prejudicial à população, pois o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve, em seu governo, média de quase 2,3% contra a média de 3,47% de Lula (ver em http://gmpconsult.com.br/blogdolen/?p=315), chegando a 8,9% no primeiro semestre de 2010 (ver mais em http://www.spcbrasil.org.br/noticias/detalhe/i/1318/noticia/PIB+brasileiro+cresce+8,9%25+semestre). Tal aumento do PIB foi o responsável para o aquecimento no número de empregos e na realização do Governo Lula na implantação de projetos de larga envergadura junto à população, como os programas sociais e democratizantes.

Logo, Célia e Dorcas, o governo deve assistir a sociedade e, em especial, o povo – razão de ser e de existir de um país, através de ações efetivas que promovam dignidade e justiça social.

No que tange ao funcionamento e a lisura do Estado Democrático de Direito, nunca houve tamanho respeito a elas. Sobre a “Crise do Mensalão” em 2005, tanto o Ministério Público (MP) quanto a Polícia Federal (PF) e a própria Câmara dos deputados agiram com presteza para investigar e punir, inclusive pessoas que integravam o próprio governo, como José Dirceu (então Ministro Chefe da Casa Civil) e Roberto Jefferson, um dos articuladores da base aliada.

Vale lembrar que no Estado Democrático de Direito (mesmo na democracia burguesia, na qual vivemos), as instituições, ainda que à serviço da classe dominante, são regidas pela Carta Magna, de fundo ideológico social-liberal. Logo, a Justiça, o MP, o PF e o próprio Congresso (como a instituição, em tese, democrática que representa o voto popular) fazem o seu papel. Inúmeros exemplos existiram, como o caso de Daniel Dantas (banqueiro do Banco Opportunity), assim como o caso da própria Erenice Guerra, ex-Ministra Chefe da Casa Civil.

Entretanto, o PSDB jamais respeitou o Estado Democrático de Direito, mesmo nas premissas democrata-liberais. Sequer houve inquérito ou CPI sobre as privatizações – como crime de lesa-pátria, com recursos da venda de estatais enviadas aos paraísos fiscais; a Emenda da Reeleição (EC 16/97) em 1997, para assegurar a reeleição de FHC, foi a maior compra de votos a parlamentares na História do Brasil Contemporâneo (ver alguns itens em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/pre_mer_voto_1.htm, http://www.politicaparapoliticos.com.br/interna.php?pagina=2&t=756284 e http://blog.opovo.com.br/blogdomourao/instituto-da-reeleicao/ ). Sem contar, é claro, outros escândalos como o PROER, SIVAM e outros, fartamente documentados no Google.

2° axioma: Se Dilma não vencer, as conquistas econômicas e sociais do Brasil acabarão

Em notória contradição, o mesmo slide que não menciona sobre os avanços sócio-econômicos do Governo Lula, tenta endossar que o próximo governo manteria tais ações presentes na atual gestão. Ora, a orientação de José Serra, com a coalizão liberal-conservadora (PSDB-DEM-PPS-PTB), visa à gerar, na prática, o ideário de Estado Mínimo, onde o governo, na clássica visão liberal, não pode intervir em âmbito econômico, privilegiando a iniciativa privada em detrimento (ou seja, prejuízo) de ações estratégicas ou de fundo social e democratizante ao conjunto da população.

Ora, a orientação ideológica de Dilma sempre foi nacionalista, trabalhista e democrático-popular, desde os idos da POLOP (durante a década de 1960), passando pelo PDT, onde ela foi uma das fundadoras no RS, até hoje, já no Partido dos Trabalhadores (PT). Isto significa, na verdade, que Dilma aprofundará as reformas que Lula, dada a limitada composição existente na Câmara dos Deputados e no Senado que o atual governo teve de enfrentar. Reformas como a política, urbana, tributária e agrária, na promoção da dignidade, justiça social e soberania nacional e popular, serão efetivadas com maior celeridade, uma vez que ela conta com 396 deputados federais eleitos pela base aliada dos 513 já existentes, além de 51 senadores governistas dos 81.

José Serra teria profundas dificuldades de governabilidade, onde atualmente mal conta com apoio de 30 senadores e 117 deputados federais. A maior prova da falta de governabilidade na História do Brasil se deu com Jânio Quadros e com Fernando Collor, que contavam com uma reduzida margem de apoio no Congresso Nacional.

Por outro aspecto, nem sempre quem sucede mantém as ações do governo anterior. O próprio José Serra, como Governador de SP, não manteve o Ensino em Tempo Integral, que outrora existia no governo Alckmin – graças à ação pioneira e progressista do seu Ex-Secretário Estadual de Educação e hoje o segundo Deputado federal mais votado de São Paulo, Gabriel Chalita (PSB-SP), um notório cristão de fundo progressista. Igualmente, Sebastian Piñera, no Chile, com a linha conservadora parecida com Serra, não manteve os avanços do governo progressista da Ex-Presidente Michele Bachelet. Idem a Jânio, frente ao governo anterior de Juscelino Kubitschek (JK), que sequer manteve a política desenvolvimentista promovida pelo anterior e geriu a política econômica com a visão conservadora, baseada no arrocho salarial (a famosa “verdade cambial”, ao desvalorizar a moeda, em 1961), gerando um forte descontentamento popular.

Logo, tudo depende da orientação político-ideológica. Se Serra não prosseguiu as políticas educacionais do seu próprio correligionário tucano (Alckmin), que dirá, então, com Lula...

3º axioma: Somente o PT e Lula se preocupam com os mais pobres

A falácia tucana, criada em “mito”, reflete o desespero e a sanha de um governo que chegou a ter 83% de aprovação popular (ver mais detalhes em http://www.ecosdanoticia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10266:pesquisa-cntsensus-mede-popularidade-de-lula-em-837&catid=3:acre-politica&Itemid=17), contra os 31% de FHC (em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u29471.shtml). De fato, o Lula tem sido, nos últimos 40 anos, o melhor Presidente que o Brasil já teve. O PT, naquilo que se propõe, seguiu a orientação política do antigo PTB pré-1964 de Vargas, Brizola e Jango, na consecução de políticas reformistas com abrangência popular – onde o povo não é apenas alvo das ações governamentais, mais um ator político preponderante e decisivo. Conforme falei, o PT, junto com a gama de partidos da base aliada (como o PDT, PSB e PCdoB, por exemplo), possui uma agenda nacionalista e democrático-popular, uma vez que, conforme disse anteriormente, a legenda petista se baseia na visão reformista e intervencionista do Estado junto aos mais humildes.

Ora, Lula assumiu o governo no momento crítico, com o nível baixo de credibilidade econômica e política do Brasil frente ao exterior. A recuperação da auto-estima da imagem brasileira e do seu povo enfrentou crises, desgastes e vários entraves. Mas, acima de tudo, confiando na criatividade e da genialidade ímpar do povo brasileiro. Aumentando o número de universidades públicas e fazendo com que a universidade seja o pólo de grandes talentos científicos à serviço do país, Lula procurou resolver as lutas , mesmo com as limitações do capitalismo, pela democratização da vida acadêmica que o movimento estudantil, durante a década de 1960, sempre lutou – dentre os seus integrantes, estava José Serra, que em 1963 fora Presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE (mais detalhes em http://www.istoe.com.br/reportagens/85393_A+VOZ+DE+SERRA+NA+UNE?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage), ao defender as famosas Reformas de Base de Jango (ver em http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformas_de_base).

Logo, a agenda das Reformas de Base defendida pelo PTB pré-golpe de 1964 e que Serra advogava para si hoje é defendida por Lula e Dilma Rousseff. À contramão, o Serra do Século XXI apóia hoje a agenda da antiga União Democrática Nacional (UDN) que outrora condenou, em sua juventude.

4° axioma: Se eu votar em Dilma vou estar votando em Lula. Dilma continuará o Governo de Lula

Dilma não só continuará como aprofundará ideologicamente o Governo Lula, na promoção da soberania nacional e da ampliação da democratização dos espaços à população. Seja com o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que remonta às antigas Reformas de Base de João Goulart (ver na íntegra o Decreto 7037/2009 em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7037.htm). Diferente da promoção da calúnia, promovida pelo slide, Dilma Rousseff, na defesa contra o autoritarismo vigente no Regime Militar, apostou na Luta Armada como o meio de enfrentamento do regime, uma vez que o Ato Institucional n° 5 (AI-5) restringia quaisquer liberdades individuais (ver em http://www.acervoditadura.rs.gov.br/legislacao_6.htm).

Logo, Jean Jacques Rousseau, em pleno século XVIII, sob o auge do absolutismo francês, defendia o uso das armas contra qualquer espécie de autoritarismo ou tirania. Tal fato é descrito em sua obra “O contrato social” – o que inspiraria os movimentos liberais como a Revolução Francesa (1789) e a Independência dos EUA (1789) – todas elas, apelando, em último grau à violência, na obtenção pelas liberdades democráticas. Ora, Dorcas e Célia, até a Reforma Protestante utilizou-se das armas – é só ver o movimento anabatista do camponês Thomas Müntzer (http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_M%C3%BCntzer), contra a opressão social e a Revolução Inglesa de 1640, de fundo protestante e com viés democratizante, contra os arbítrios dos monarcas ingleses (ver em http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaoinglesa.htm). Aliás, existem inúmeros exemplos... é só ter trabalho, disposição, vontade, comprometimento e amor à verdade.

Diferente de Dilma, que enfrentou os rigores do Regime Militar ao ser presa e torturada durante 3 anos, José Serra se exilou. Literalmente fugiu do país, sem ao menos defender a UNE na qual era Presidente (1963-1964) – que teve a sua sede incendiada por grupos radicais de extrema-direita. Além de fugir do país, Serra abandonou seus princípios originais, baseados no socialismo-cristão para hoje se tornar o maior defensor do liberal-conservadorismo antinacionalista.

O currículo oficial de Dilma Rousseff, registrado pelo CNPq, está em http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4708688A9. Entretanto, José Serra falseou os dados, sem mesmo possuir o Bacharelado em Economia (ver em http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/08/02/o-que-fazer-se-encontrar-o-diploma-do-serra-alo-alo-dra-cureau/). Em suma, entre os currículos, Dilma Rousseff tem maior vantagem que o tucano, uma vez que ela completou o nível superior e chegou a fazer (mesmo não concluindo) o Mestrado e o Doutorado em Economia na UNICAMP (Ciências Econômicas).

Por fim, no que tange às bandeiras liberais, tanto Dilma quanto Serra declararam a legalização do aborto, embora este seja vedado (como cláusula pétrea), a princípio pelo Art. 5º, caput da Constituição, onde menciona que

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes

Como ambos os candidatos, no assunto concernente ao abordo, defendem a ordem jurídica vigente, tanto Dilma quanto Serra seguirão o Código Penal (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm), onde ele menciona, no seu Art. 61, II, “h” que

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

(...)

II - ter o agente cometido o crime:

(...)

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;

Igualmente, o mesmo Código Penal menciona os crimes referentes ao aborto, em consonância com o direito à vida presente na Constituição, nos Arts. 124 a 127 que mencionam, a saber:

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Logo, os únicos casos de aborto permitidos no Código Penal estão no Art. 128, I e II, onde

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Ora, o Serra, quando foi Ministro da Saúde, defendeu a realização, em 1998, do aborto (ver em http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – a ponto de entidades eclesiásticas e lideranças religiosas questionarem (ver em http://www.conversaafiada.com.br/video/2010/10/05/serra-causou-polemica-ao-legalizar-o-aborto-em-1998/). Vale lembrar também que a Ex-Senadora Eva Blay (PSDB-SP), que fora suplente de FHC, foi a autora do PLS n° 78/1993, que legalizava o aborto e que foi arquivado no Congresso, após não ter sido aprovado (http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=26739). Embora o IV Congresso Nacional do PT tenha aprovado, o que vale lembrar é que o PT, sozinho, tem 89 Deputados Federais dos 513. E para isso, ele precisa de coalizão para alcançar a governabilidade. E nem por isso a base aliada fecha com o PT em assuntos de foro ético-moral, porque não há consenso em partidos de esquerda (como o meu, o PDT, e no PSB) e em partidos de centro (como o PR, PMDB e PRB). Vale lembrar que Senadores que apóiam Dilma, como Magno Malta (PR-ES) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) são contrários à legalização do aborto. Mas nem por isso deixam de apoiá-la, por defenderem, junto com ela, uma agenda voltada ao povo brasileiro.

Logo, a defesa da vida não se resume só a se opor à legalização do aborto. Defesa da vida se dá com dignidade, via saúde, educação, emprego, lazer e mais justiça social ao nosso povo!

Quanto à união civil gay, tanto José Serra quanto Dilma Rousseff são favoráveis. Entretanto, são contrários ao casamento religioso entre homossexuais. Inclusive, o Pr. Silas Malafaia, que outrora era progressista e que hoje apóia Serra, ao responder para o Bispo Edir Macedo, em um dos seus vídeos (no final), menciona, de forma clara e explícita, sobre os posicionamentos básicos dos dois candidatos presidenciais. Basta procurar em http://www.vitoriaemcristo.org/_gutenweb/_site/pg_inicial.cfm no ícone “Pr. Silas Malafaia responde a Edir Macedo: a marca do falso profeta é a mentira”.

Quando Serra, ao abdicar de seus compromissos de juventude, utiliza-se de subterfúgios, ao usar da fé genuína para fins pessoais, ele demonstra, além da sordidez política, a necessidade de esconder sua visão neoliberal, elitista e antinacionalista. Enfim, as bandeiras que os golpistas, em 1964, apoiaram para derrubar o governo democrático e popular de João Goulart, usando-se da fé para tentar impedir os avanços democráticos do povo, sob a falsa pecha do “combate ao comunismo”. Justamente o que Serra, na UNE, mais combatia. Ele, outrora um católico de esquerda, condenava, em plena juventude, o reacionarismo. Hoje ele se presta a apoiar o que mais combateu nos idos de sua mocidade. Enfim, atualmente Serra compactua ao lado dos setores mais reacionários, elitistas e de maus brasileiros.

Fechando, se Serra fosse o ícone da moralidade, jamais se prestaria a induzir as suas eleitoras na prática de cafetinagem – tudo para conquistar derradeiramente a sua eleição. Chegou a ponto de tal ato vexatório estar na mídia internacional (ver o Jornal Clárin da Argentina, em http://www.clarin.com/mundo/america_latina/Serra-lanza-durisima-ofensiva-Dilma_0_362363872.html), através da malograda frase, registrada em Minas Gerais (ver em http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/10/28/serra-pede-que-mineiras-conquistem-votos-de-seus-pretendentes.jhtm), quando o candidato tucano menciona:

“Se você é uma menina bonita, tem que conseguir 15 votos. Pegue a lista de pretendentes e mande um e-mail. Fale que quem votar em mim tem mais chance com você”

Fechando a minha resposta, sirvo a Deus e temo a Ele. Defendo aquilo que a Bíblia menciona. Inclusive, o combate às desigualdades. A injustiça social e a existência da riqueza são derivadas do egoísmo humano – algo bem inerente do capitalismo. Quem compactua com isso, não tolera uma sociedade mais justa, digna e igual. Não há como justificar tamanha desigualdade, se todos os homens são iguais e foram feitos originalmente à imagem e semelhança de Deus.

Várias passagens da Bíblia apontam para o combate às injustiças sociais. Dentre elas Êxodo 21:01-02; 22:01-15,25-27; 23:06-09; Provérbios 21:13; 22:16 e 29:14; Isaías 01; Jeremias 22:01-23; todo livro de Amós, Mateus 05:01-12 e 19:16-24; 1 Timóteo 06:10, Filemom (contrário a escravidão) e passagens correlatas ao longo da Bíblia em prol do pobres. Aliás, inúmeras passagens! E o Lula, salvaguardada uma ou outra questão, pautou-se na defesa dos mais humildes, na promoção da justiça social – que é inteiramente cristã! 28 milhões de pessoas que saíram da linha da pobreza, mais de 15 milhões de empregos, 100 milhões de pessoas pertencentes à classe média; mais de 36 milhões de cidadãos que ascenderam da classe baixa para a média; democratização da internet, a ponto de, em 2009, ter 66,3 milhões de usuários (30% da população brasileira)... tudo isto é a aplicação mais genuína do princípio cristão de promoção da igualdade através do amor ao próximo e que Lula promoveu em quase 8 anos de gestão.

Em suma, fechando, a mesma direita que fala, no slide, sobre a importância da internet para disseminação de ideias, se esquece que Lula democratizou o acesso aos mais humildes, barateando o custo e o acesso aos computadores e à internet. E mais: propôs o Plano Nacional de Banda Larga, com a recriação da Telebras, que o mesmo DEM (aliado do PSDB) resistiu e não aceitou (ver em http://www.depositonaweb.com.br/8699/plano-nacional-de-banda-larga-ameacado-pelo-dem/).

Portanto, resumindo: lutar pelo direito à vida sem combater às desigualdades significa ser conivente com o sistema. E infelizmente, a Igreja de hoje é conivente com os valores do capitalismo pós-moderno, perdendo a sua voz profética. Porém, Deus usa uma igreja dentro da igreja, diante de tanta letargia. E mais: usa até quem não pertence a ela, para abençoar as pessoas. E Lula, minhas amadas Célia e Dorcas, foi um instrumento de Deus para isso. Quantas vidas dignificadas, com ações sociais que transformaram a perspectiva de milhões de famílias. Questionar tais ações cotidianas que inclusive vocês já viram ou vivenciaram em algum momento significa insensibilidade. Pior: miopia social com farisaísmo!

Não levem a resposta como ofensa. Às vezes, o não acesso à informação produz a adesão acrítica de mensagens como essas, facilmente contestáveis e sem qualquer sustentação. Mas tratei de responder, no intuito que vocês mesmo confiram e a partir dos dados tirem suas conclusões. Aliás, a internet está repleta de assuntos e temas afins nas quais vocês podem pesquisar a fundo.

Contem comigo! Que Deus as abençoe, seguindo a fundo 1 Coríntios 15:58, onde diz que

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.

Fraternalmente, em Cristo,