Meu velho Cambuci.
Destinatário: Ao meu antigo sonho
Endereço: Um castelo chamado Cambuci.
Meu Velho Cambuci
Oh! Quanta tristeza, meu Cambuci
Quanta desigualdade minha cidade
Que tu tens e sinto nos meus contemporâneos
Na falta de perspectiva
Na desilusão de um povo
Que até para aqui chegar
Sofre numa estrada, após várias horas parado nas rodoviárias.
Ao chegar vê se: o desespero disfarçado, encrostado numa mesa de baralho, nos bancos das praças, nos butiquins ¨cheios¨, enfim...
Dizem que tua força está na pecuária e no turismo
Mas não vejo ¨ um boi ¨ no pasto e nosso leite é todo comprado de fora. De fora?
Até mesmo nossa verdura, não produzes nada:
Como no ¨conto da galinha dos ovos de ouro ¨,vejo nossa cachoeira.
Tu só colhes, mas nunca investe em ti.
Do café, que nos orgulhou como o terceiro maior produtor do Estado
Na troca pelas drogas
Não sei se é lícita, mas batem no peito e dizem:
Hoje tomei um litro de cachaça, uma caixa de cerveja e por aí vai.
Somos um dos maiores consumidores.
Também nos jornais lemos outros recordes:
¨ somos a menor per capita do país ¨ (JB 1982)
¨ estamos numa área de desertificação ¨ ( O Globo 2000 )
Nossas casas estão vazias a cidade deserta
Só os capins ainda não rolam pelas ruas.
Eh! Não posso sorrir como antes
Pois vejo os meus
Batendo desesperados
Na porta da prefeitura
Como se fosse, uma casa de caridade
Ora na dos agiotas
Que vivem da desgraça.
Alheios aos desgraçados, cambucienses.
Até quando sobreviveremos
Meu velho Cambuci.
O Jardineiro