OH CHANDINHA!

TU ME INVADISTE!

 

 

Imaruí, SC, 31/07/06

 

 

Querida Chandinha:

 

 

Hoje eu senti que deveria te fazer esta declaração, aliás, já deveria ter feito, mas como surgiram outros assuntos mais prementes, deixei-a para hoje.

Nesses quase nove meses do nosso relacionamento amoroso, apesar de virtual, aconteceu algo diferente e muito bom comigo.

É que, quando comecei a sentir que estava te amando mesmo, comecei também a sentir uma transformação na minha vida e na minha alma.

E quando percebi que eu também estava sendo amado por ti, a transformação em mim se acelerou de tal forma que eu não mais me reconheci.

Nos primeiros instantes desse envolvimento lindo, e nessa exata oportunidade, nasceram os poemas: Alegres, repentinos, confiantes e cheios de amor e nessa freqüência idílica eles alcançaram uma cifra de centenas.

As canções foram poucas é verdade, mas todas estavam bordadas e espargindo muito amor, foi uma fase muito linda que eu vivi, e que por uma conseqüência tu também viveste.

Depois começou a processar-se em mim uma outra fase de transformação, foi uma fase literária intensa.

Nessa fase abriu-se em mim um horizonte novo, eu via as coisas sob um prisma novo, e um magistral sentimento novo se descortinava em minha alma e senti que era o amor.

Aos meus olhos voltaram àqueles brilhos suspeitos, e no meu coração ouvia tão somente rumores novos.

Depois de vencida todas as etapas nesta luta da conquista, passei a cuidar da minha vaidade, ou melhor, passei a cuidar melhor de mim.

Assim, eu senti o quanto andava abandonado em mim mesmo.

Então entrei numa fase consumista, a fim de melhorar a minha apresentação pessoal, e fazer com que as pessoas entendessem que eu não era mais aquele que eles conheceram um dia.

Agora, eu sou o Eráclito que eles não reconhecem mais.

Sabes por que Minha Querida?

Porque tu inoculaste em mim o teu amor, tu apascentaste a minha alma e me invadiste com a tua forma linda de ser.

Tu me levantaste do túmulo da solidão, da angústia e da tristeza e, com a tua magia e o encantamento, conseguiste me fazer sorrir, foi aí que senti que estava sendo amado.

E nesta nova fase da minha vida, comecei a comprar sapatos novos, calças novas, camisetas novas, perfumes novos, cremes novos, relógios novos, jaquetas novas, inclusive, até o SIPITU está totalmente novo e preparado para te buscar.

Ressuscitei! Aleluia!

Também deixei de fumar como tu sabes.

Tudo isso eu fiz e quero continuar fazendo para ser digno do teu amor, eu quero ficar mais bonito, (isso é quase impossível) mas eu tento.

Enfim, minha linda Chandinha, faço isso porque sinto que sou amado e que também te amo.

Nunca fiz isso por mulher alguma, tal é a intensidade desse amor que quer te devorar e já está me devorando por dentro.

Também sei que estou sofrendo com isso, pois a minha sensibilidade é muito grande e a ansiedade toma conta de mim.

Por exemplo, não consigo dormir mais do que cinco horas por noite, mesmo embalado com remédios, eu acho que isso só vai passar, assim que a gente se resolver com esse projeto de amor.

Se a gente conseguir equacionar todos os elementos do nosso projeto de vida, aí, as coisas se acalmarão, a ansiedade vai embora, as dúvidas se evaporarão, a paz voltará a nossas almas, assim ficaremos tranqüilizados porque haveremos de ter um projeto que só carece de um tempinho para a sua consecução final.

Minha Linda Chandinha, hoje eu joguei todas as minhas peças de xadrez nesse jogo da vida e do amor, e tu também resolveste apostar todas as tuas peças nesse jogo de vida e de amor.

Queira Deus que no tabuleiro da vida, não venhamos cometer uma jogada de “cheque mate”.

Não pretendemos ganhar alguma coisa um do outro, o máximo que queremos é empatar no jogo do amor, do carinho, da amizade, do companheirismo, enfim, ganhar somente aquilo que está faltando para sermos mais felizes. - O amor.

Eu acho, ou melhor, eu tenho a certeza de que saberemos jogar, e que com isso somente ganharemos mais amor.

Depois que inoculaste em mim o amor que vinha da tua alma, dos teus olhos, dos teus sorrisos, da tua boca e de outros lugares mais gostosos, eu senti a necessidade em admirar o belo: As artes e a natureza.

 

Como eu apostei tudo no teu amor, hoje eu te ofereço o número 13, pois ele é o número da sorte e também além de ser o número da sorte é um grande amuleto para afastar as más sortes.

Um dia, eu te contarei a história dos três Monges que estavam numa ilha deserta, e para se inspirar em suas orações tinham apenas o número 13.

Eles diziam assim: “Senhor, Tu és Um e nós somos três”, agora se quiseres saber o resto da história é só me perguntares numa noite dessas.

Minha querida Chandinha, eu acho que essa carta está ficando longa demais e depois terás que lê-la para mim.

Isso já é um saco né?

Mas eu adoro te ouvir lendo as minhas cartinhas. 

Parece até que elas ficam mais bonitas, quando lidas por ti em voz alta para mim.

Eu acho que já estou ficando velho, pois já tens que ler para mim as cartinhas, porque, eu já não vejo mais direito as letrinhas.

Mas a verdade é que tu ficas muito vaidosa e graciosa quando lês as minhas cartinhas que, na verdade, já não são mais minhas e sim totalmente tuas.

Essa também é uma forma de tu me conheceres bastante, pois sou eu é que mais falo.

É assim mesmo, quando estou amando eu me entrego totalmente, como dizem os jovens, “eu vou fundo”.

Esse amor, eu diria que não é infinito, mas que ele anda pertinho, disso eu tenho a certeza. Sabes o porquê?

Por que ele é obstinado, quase teimoso, nojento, safado, gostoso, atrevido, cheio de desejos.

E ele não vai ficar só por isso não!

Sabes o porquê?

Por que esse amor também quer o teu corpo, os teus lábios, a tua boca, os teus olhos, os teus seios, as tuas coxas, as tuas sobrancelhas, tudo, tudo o que é teu, que logo em seguida vai ser tudo meu.

Tu queres?

Eu quero!

Chandinha, o que vamos fazer de nós dois?

Amar-nos?

Querer-nos?

Possuir-nos?

Exaurir-nos?

Vamos fazer tudo o que nós temos direito!

A vida é curta, portanto, urge aproveitá-la.

Eu te amo minha Senhora amada!

 

Eráclito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 08/12/2006
Código do texto: T312661