DIVINA MÁRCIA

DIVINA MÁRCIA. ¬

Imaruí, (SC) seis de maio de 2002.

Márcia Goldschmidt,

Quando posso, assisto ao teu programa, quero dizer o programa propriamente dito não, mas sim te vejo.

Faz-me muito bem te ver trabalhando, lépida, graciosa e esfuziante.

Numa introspecção toda especial, viajo pelo mundo da fantasia, embevecido pelo teu sorriso oceânico e pelos teus olhares não sossegados, mas que enternecem.

Simplesmente adoro os teus cabelos, parece um furioso trigal maduro que, às vezes, me emaranho, alinho e desalinho. É uma loucura virtual.

Ah, e os teus lábios, dois parênteses semi-abertos, pintados de rubra pitanga silvestre.

Perdoa-me a comparação, entretanto, às vezes tu te pareces com a Madona, só que muito mais linda e ricamente abrasileirada.

Não te espantes com o que te escrevo, é que, uma das minhas ocupações é exatamente apreciar o belo.

Dizem que eu sou poeta, às vezes, até acredito, mas muitas das vezes me iludo.

Não sei o porquê de estar te escrevendo, talvez em busca de sonhos, esses loucos que eu tanto procuro para a propositura de poemas novos.

Tu és uma figura ímpar, me dá a impressão de um realismo grego, (Mulher de Athenas) talvez, tu tenhas sido esculpida com o cinzel de ouro pelo Grande Arquiteto do Universo, por isso titulei esta carta de: “Divina Márcia”.

E eu faria o mesmo, mas como não há divindade em minhas mãos, estou prejudicado e não posso te transformar numa rosa selvagem, para que tu desabrochasses todos os dias para mim.

Posso apenas te chamar de: “abelha branca tropical”, e tu zumbes ébria de mel em minh’alma e te torces em rápidas espirais em graciosas coreografias.

Sou o desesperado, a palavra sem o mínimo eco, diante da tua performance de atriz e musa.

Tens profundos os olhos, que em meu lugar a noite se esconde.

Frescos braços de flor e regaço de rosa.

Teus seios se assemelham a duas torres brancas ovaladas, e veio dormir em teu ventre uma borboleta de sombra.

É aqui, o ermo onde tu estás ausente.

Chove. São lágrimas verticais.

O vento do mar me traz teimosas gaivotas, que bicam as minhas doridas saudades.

A água anda sem rumo pelas ruas molhadas.

Queixam-se, como enfermos, naquela árvore, solitários pássaros, meus cúmplices nesta soledade.

Abelha branca tropical e ausente, tu zumbes em minh’alma e me fazes reviver um passado que, o tempo, ainda não apagou.

Como tu estás vendo, acabei de fazer um poema de última hora, um tanto Eráclitiano, mas bastante Nerudiano.

Ah, sem a tua permissão entrei na Internet e colei a tua fotografia, simplesmente és magnífica fora desse veículo virtual. Espero que não te aborreças com esta minha intromissão.

Minha admiração por ti não é uma paixão platônica, mas sim, uma admiração profundamente genuína e gostosa. Admiração anímica.

Invejo-te e, ao mesmo tempo, te gosto.

Não sei se fiz bem em te escrever, entretanto, de uma coisa eu tenho a certeza, é que me fez bem a alma.

Não sou tão ousado e estúpido a ponto de esperar uma resposta, mas se do céu chover lágrimas eu também chorarei.

Abelha branca tropical, tu zumbes... Zumbes... Zumbes...

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 13/12/2006
Código do texto: T317211