CALDO VERDE (PUTCHEIRO)
CALDO VERDE (PUTCHEIRO).
Querida Miriam,
Carta saudosa.
Lembro-me sempre do teu sorriso irreverente, contagiando todos com a tua terna simpatia que é por demais extrovertida.
A tua lembrança persiste em me perseguir nos sonhos maduros; felizes são os que te rodeiam, pois transmites a eles uma alegria angelical e um desejo safado escondido.
Há muito já me perseguiram esses desejos, hoje apenas guardo uma doce recordação de ti, e o próprio tempo fugaz metalizou-se em meus cabelos prateados, levando para longe esses anseios.
Conforto-me com a tua lembrança em meus sonhos e, as minhas inefáveis recordações, desprendem-se cheias de saudades.
Tenho saudades daquela noite em tua casa, quando fizemos um cosido (putcheiro) e nos fartamos com o nutritivo e vegetal repasto, inclusive, nos embriagamos essa doce condução para uma inebriante transparência.
Dessa noite inspirei-me para criar um soneto semi-triste que é somente dedicado a ti, depois de alguns anos dormidos na ante-sala das minhas emoções.
Quero-te bem. Já te quis diferente.
Hoje continuo te querendo bem e para te querer diferente, é preciso ligar novamente o interruptor que ilumina e me transporta para o poço silvestre das primitivas emoções.
Quero-te bem, um abraço e um beijo deste amigo que tens.
Eráclito