Bendito apagão II

Ontem, por volta da meia noite, exatamente quando escrevia um artigo para este site a energia elétrica nos deixou na mão. Foi o "quase" segundo apagão ocorrido aqui em Coelho Neto desde o último, em dois mil e oito, que por sinal tenho um texto sobre ele.

Pois bem, quando percebi a situação em que estava, tudo, tudo banhado por uma escuridão, somente o céu, em companhia das estrelas, clareando a noite, comecei a despertar minha filha, que já havia se recolhido para o sono. Ao levantar-se, demo-nos as mãos e saimos à procura de algo que iluminasse nosso caminho: velas, lanterna, fósforo, celulares etc.

Iluminados os passos, ficamos quase sem norte, pois o calor nos consumia. E assim ficamos, paradas pensando numa solução rápida. Tomar banho seria inútil, pois logo a temperatura ardente voltaria. Então, depois de muito pensar, tive uma brilhante ideia e que resolveria parte do problema: pegaríamos dois colchões, colocaríamos no terraço, que por sinal é totalmente descoberto, e lá tentaríamos passar a noite.

Assim fizemos, nos mudamos para o terraço. Eu, acompanhada do meu livro, a Ellen acompanhada dos seus inseparáveis, tablet e celular. Deitamo-nos ali mesmo, no colchão coberto por uma colcha limpinha.

Primeiro, mantivemos uma longa e agradável conversa. Falei para ela de um texto que havia escrito em dois mil e oito, justamente sobre um mesmo apagão, comentei também sobre o livro que estava lendo atualmente quando, de repente, olhei para o céu e disse, em tom quase vibrante, que maravilhosa noite aquele apagão havia nos proporcionado. Ellen rapidamente pergunta o quê, que maravilha era essa. Eu disse que era a oportunidade de ali, naquele momento, daquele lugar, estarmos a olhar o céu. Ao que ela responde, articulando que todos os dias muitas pessoas também veem o céu à noite, e daí? Com alma de poeta e querendo inspirar-me, retruquei argumentando que muitas pessoas avistam, sim, o céu todos os dias, mas o que observam é apenas uma superfície plana imensa e azulada, eu, ao contrário, olho para o céu e vejo infinitas oportunidades e situações de concretizar com palavras aquele ato.

Adormecemos lado a lado ali na nossa varanda. Às 2h15min, fomos despertadas por minha mãe, que nos avisava do retorno da luz. Voltamos para nossos aposentos e concluímos nosso sono, igual como nos outros dias.

Elian Bantim
Enviado por Elian Bantim em 26/10/2012
Reeditado em 29/10/2015
Código do texto: T3953511
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