CARTA ABERTA À PUC – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

(EM RELAÇÃO AO CONCURSO DO QUADRO PRÓPRIO DO MAGISTÉRIO/2013)

Não quero acusar ninguém injustamente. Não acusaria injustamente nenhum ser humano, nem nenhuma instituição nem poder público, muito menos uma Universidade, em que se produz conhecimento, e de tão prezado nome; um espaço em que se criam mentes e mentalidades e propriamente a maior parte dos processos de evolução científica. Entretanto, não consigo deixar de interrogar o que haja por trás desse badalado Concurso Público para o Quadro Próprio do Magistério do Paraná de 2013, para professor e pedagogo. O que move esse embaraço que só toma proporção mais embaraçosa, cada vez mais? Interrogo-o principalmente por orgulho próprio, perante a falta de honradez e respeito frente a profissionais de educação, entre outros.

Por ser a PUC/PR uma Universidade, e Católica, será que a dignidade em cumprir seus deveres não deveria ser a mais suma de suas preocupações? Ou os R$ 120,00, os quais gastei com a inscrição para Português e para Inglês, não eram eles somente para pagar a prova e a correta correção das provas, apenas isso!? Contanto, perante a correção de minha redação, atribuem-me nota mínima em Norma Padrão e Coesão, 0,5 de 2.0 pontos possíveis para cada uma; questões diante das quais, desde a adolescência, já não possuo problemas nenhuns! Ou alguns, porque é correto um homem errar, embora perante o erro sempre deva retornar e o corrigir. Portanto, eu saberia reconhecer meu erro, se houvesse errado. E, comigo, colegas de profissão e formação, mestrandos, doutores... não imbecis ou beócios. Sim, profissionais preparados e outros, despreparados também. Contanto, muito mais bem preparados, a grande maioria, do que estão os políticos e os que exercem seus atos insanamente. Pois se algo há que comungue o Governo Estatal, PUC/PR e qualquer preocupação em desmoralizar professores e profissionais de educação, talvez em virtude de o Governo esquivar-se de quaisquer responsabilidades que tenha sobre uma Educação Pública de real qualidade; ou se a licitação para as provas seja mais importante que o respeito devido, então não me digno a desentender-me mais do que já fiz até aqui. Não me digno a importar-me. A buscar mais e a querer mais. Pois não deve um homem dignar-se a envolver-se com coisas espúrias, com todo o perdão da palavra.

Ora, contanto, se nada disso é verdade, então o que aconteceu? Irresponsabilidade? Orgulho perante os erros cometidos? Ou será que o catolicismo da Universidade Católica, ou melhor, seu prospecto, sua face Pontifícia; será que sua digna constituição esqueceu-se dos princípios como espaço de pesquisa e de saber, e de inteligência, e de moção de coisas grandes, de espírito ímpar? Não de mesquinharia. — Uma Universidade não se preza a tão pouco. Ademais, não se pensou, cristãmente, que há seres humanos, próximos, envolvidos no processo? Não se avaliou que havia pessoas interessadas e profissionais, mais que competentes, sonhadores, que se esforçam por uma boa educação e que amam o que fazem, e que se dedicam e se frustram, amargamente, como qualquer outro ser humano? Para ser mais simples, não se pensou que há corações e almas envolvidos, além da mesquinhez de licitações e esquemas políticos?

Não, não quero de forma alguma acusar nem ofender ninguém, é só uma carta de indignação. Pois estou cansado de viver no mundo, se um tal campo de saber e execução do saber, se um lugar em que se cria conhecimento e se o divide, se a estrutura educacional de um estado ou de um país, em vez de elevar, menospreze; em vez de ensinar, emburreça; em vez de honrar, in-digne-se, ou melhor, retroceda à primitividade instintual, a um momento de trevas e ignorância, aceso seja pela ganância ou qualquer preocupação menor — ou apagado pelo embrutecimento do cimento e da cal.

Melhor talvez, então, seja abandonar essa tal de Educação, para não ter de compartilhar com atos infames tais, diante de instituições públicas e privadas! Ou permanecer sonhando que haja uma grande transformação, quase um Big-Bang.