Pai aflito para casar a filha

Grande Valfrido...

Saudações, meu irmão!

Vou ser o mais informal possível na carta, campeão.

Como anda essa força?

Pois bem... tô na maior correria. É sinistro, comandante, mas sabe qual é a da situação. Não sei se você sabe, mas estou naquela correria de sempre, tendo que ver o enxoval da minha filha que vai se casar daqui a duas semanas. Você sabe como é a Bella Clara, desde os tempos de criança. Ela só quer o bom e o melhor... não sei aonde amarro o meu jegue, Valfrido.

Já que você conseguiu casar seus três filhos, queria compartilhar o que estou passando e estou escrevendo para ter uns conselhos seus. Como você é meu amigo de 30 anos (e não é de 30 minutos, claro...), queria saber sobre as suas expectativas, agonias, medos, receios, sonhos e a visão de casamento sobre cada um dos seus filhos e como você via os seus promissores genros.

Enfim... sou um calouro e não nego essa prova de fogo. Já tive muitas, desde a minha ida ao Rio, depois de largar tudo em Cajazeiras e apostei na minha vida e na minha felicidade na Cidade Maravilhosa, entre a malandragem e a hospitalidade carioca e a garra e força de vontade do sertanejo nordestino.

Agora é mais um desafio. Mas não é um qualquer. Tem que ser homem. Muito macho por sinal, Valfrido. Vou ter que casar uma filha que tanto tive orgulho até hoje e que depois da minha mulher, tem sido uma das minhas melhores amigas, junto com você e o Roberildo.

Aguardo a canetada sua. Responda o mais breve possível a sua carta.

Conte com a minha amizade e a minha informalidade sempre!

Um abraço forte, do tamanho da Taquara e do Nordeste,

Joseilton Clodoaldo

OBS: Quando você vier aqui no Rio, vamos marcar um dia para a gente curtir a feirinha dos Paraíbas, em São Cristóvão... é arrasta-pé e forró de serra... muita carne de sol e farinha pura!

Abraços!