Carta ao corintiano

Bom dia Cláudio:

Sumido? Ué, estamos sim, nós dois. Lembrei de seu aniversário e deu saudades de você, dias atrás. Espero que esteja tudo bem, que estejam todos bem, abençoados e felizes.

A essa altura, você deve estar pensando, no meu linguajar, " ué: é só o Palmeiras se aproximar do Corinthians que o João reaparece! " . Eu, de minha parte, creio que isso é muito melhor do que pensar no ” putz...logo agora que o Lula vai para a cadeia, o João some do planeta!"

Sim, andei sumido de tudo e de todos. Às vezes, dá uma vontade de fazer isso. De desligar o que podemos, porque não podemos desligar o que não nos permitem interrupção. Andei por vários meses pensando em mudar radicalmente de emprego e você se lembra de meu esforço em 2012 nas eleições municipais (isso era mesmo uma forma de escape). Depois foram os primeiros anos de desmonte da empresa e da área de relacionamento com clientes. Contudo, no fundo, o problema era eu que vivia como o personagem do Al Pacino no filme "Perfume de Mulher", sem considerar, é lógico, a tentativa do suicídio do filme, porque isso vai contra minhas convicções espiritualistas. Enfim, não deu para sair do emprego, faltou coragem ou sobrou lucidez, não sei. Deu para sair da antiga gerência. No fim, "quanto mais se quer, melhor se quer", alguém disse, e acabei aqui hoje, agradecido por tudo que fiz, recebi, ajudei e me doei.

A razão maior dessa minha submersão na vida foi essa tentativa de consertá-la, com minha nova união estável, seus desafios e alguns problemas de saúde. No fim das contas, melhor é submersão do que subversão.

Neste miolo, perdi minha mãe em agosto passado, aos 92 anos. Sabemos os dois como é dolorido. Resumo minha existência com mamãe como num "parola" italiana, “Colpo de fulmine”, uma faísca poderosa formada por 54 anos de paixão à primeira vista!

Aqui trabalho agora perto de amigos: o Valdeci continua do mesmo jeito, muito alegre e cordial. Um bom amigo e colega. Eu estou numa gerência conexa, na qual meu coordenador é um antigo colega de turma de 2000, não sei se o conheceu, o Sérgio "Mineirinho". Ainda cruzei com vários seus conhecidos (dizem que conheceram você), parece mesmo que virou um santuário, frente às áreas que estão nos planos dos desinvestimentos, desculpe meu lapso, o termo certo é plano de desmonte. Muita gente fugitiva de outras áreas da Companhia tem refúgio na sede. Aquele Eduardo de Brasília veio para cá trabalhar com o Valdeci. Até um antigo colega do Exército Brasileiro, ex- tenente do QCO de 1990, turma pioneira Pandiá Calógeras, saiu do EB e agora está no meu andar, também com Valdeci.

Você deve estar mais atualizado do que eu com as novidades dos amigos que deixamos para trás, até porque a rede de contato dos aposentados é bastante eficaz. Os colegas da ativa lá são muito reservados comigo. Só sei dos que se aposentaram, da Ana que foi para outro setor e do rodízio do Claudinei com Mauro Junior. Mais nada. Deve ter caça às bruxas ou quem está na sede não é mais tão bem visto como antes. Não sei. Talvez pensem em traição. Também fiz por ser merecedor, dei um sumiço neles desde o ano passado. Não voltei lá desde quando vim para cá. Mesmos motivos.

Vou finalizando e queria também lembrar que mantenho arrumada minha casa em Águas de Lindóia, a qual está a sua disposição para lazer, passeios nas estâncias paulistas e compras no circuito das malhas, quando quiser. Agora que minha mãe faleceu, tenho ido para lá com bem menor frequência: apenas a cada feriado prolongado. Meus filhos vão as vezes em finais de semana. Aos amigos, durante a semana, ofereço minha casa de férias para alguns dias de descanso no que todos já comentam ser o melhor clima do mundo, mas sinto que é mesmo o melhor ar para respirar.

Um grande abraço e fique com Deus

JL

Aluísio Solvento
Enviado por Aluísio Solvento em 06/02/2018
Reeditado em 21/02/2018
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