De Tonhão para Dart

Charky City

Segunda feira, 12 de março de 2018

21 horas

Meu caro Dart

Escrevo-te essa carta pra te dizer que a coisa está ruim aqui em casa, muito ruim mesmo, meu old friend, tu nem imaginas. Realmente, acertou em cheio. Briguei com a Louise por causa da Agnetha. Veja só a situação que passo a te descrever.

Tu, como um dos meus caros 23 fieis leitores, sabes muito bem o que a proximidade com esse casal sueco vem virando a cabeça desse Bacamarte. A culpa é dessa Agentha, que é uma gata, só falta miar. Bom, o Erik, marido dela, foi na Suécia resolver uns lances profissionais e deixou a loirosa por aqui. Buenas, tu não podes imaginar o que aconteceu? A guria passou mal, tivemos de levar no hospital, eu e o Feio. Os médicos disseram que era apenas um mal estar. Resolvemos levar ela pra minha casa para não deixá-la sozinha até o Enrik voltar.

Dart, meu amigo, te confesso: não foi uma boa ideia. A Louise, a princípio, levou numa boa. Foi até bem prestativa e favorável. Ela tem um coração maravilhoso, que compensa a sua fixação pelo meu cartão de crédito. O problema fui eu. Sabe como é, a tentação ali, em minha casa, deitada no quarto de hóspedes. E esse Bacamarte fraquejou. Comecei a me apresentar demais nos trabalhos de trato da convalescente, o que fez as antenas de minha esposa ficarem ligadas.

A gota d'água foi quando eu tive a infeliz e constrangedora ideia de me oferecer para passar a noite no quarta dela, acordado, cuidando pra ver se ela ficava bem, coisa e tal. Bom, nem preciso te dizer o que a Louise me falou, não é mesmo. Mas te direi, mesmo assim.

Pediu licença pra Agnetha, que ficou sem palavras diante de tamanha ousadia de minha parte, e me levou para a sala de casa:

- Olha aqui seu filho da p#$@, o que tu tá pensando? Tu me respeita dentro da minha casa seu ordinário, sem vergonha, safado!

Daí eu te digo: recobrei a consciência e o sendo de ridículo na hora. A Louise é excelente com as palavras: quando apaixonada, uma poeta; quando atenciosa, uma psicóloga; quando brava, uma estivadora. Por pouco não me enfia uma faca de cozinha no bucho. Não fosse a cara de cachorro acuado que roeu a bacia de lavar roupa que eu fiz, não estaria te escrevendo agora ou, na melhor das hipóteses, estaria escrevendo do leito do hospital.

Aliás, não estou em casa, estou passando uns dias com o Feio, até o Erik voltar e levar a Agnetha para a casa deles. Cara, estou morrendo de vergonha. Não sei como vou olhar nos olhos dos suecos de novo depois dessa. Com a Louise eu me acerto, tenho certeza. Antes de voltar pra casa, passo no banco e aumento o limite do cartão de crédito que eu dei pra ela. Nada melhor de que compras para um casal fazer as pazes. Amar é.. comprar. Mulher adora. se aprendi uma coisa na vida, foi isso: mulher adora comprar, principalmente se é com o cartão do maridão. Daí elas se sentem valorizadas e amadas.

Bom, era isso, meu caro Dart. Até sexta-feira que vem.

Abraço.

Tonhão

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 12/03/2018
Reeditado em 12/03/2018
Código do texto: T6278118
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