CONTO OU CRÔNICA?

Maria, minha reiterada leitora!

Com imensa saudade de ti e de teu sempre afiado carinho nos meus pés-de-página, o que sempre me apraz agradecer, vim te ver neste “SERÁ QUE NÃO SOU EU?” publicado em 22Nov2007: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/747655

Saboreei esta peça em prosa com muito gosto e avidez. Chamou-me a atenção o estilo leve, fluente, frases curtas, o cuidado vernacular e gramatical, a par da naturalidade dos diálogos.

Estranhei, em verdade, a escrita do título do trabalho, ao usares maiúsculas iniciais para várias palavras. Mas, como cabeça de escritor é um mundo...

A rigor, não me parece um conto – conforme a classificaste, logo na primeira publicação – porque a historieta é um mero diálogo entre duas pessoas que entabulam vários assuntos. Não tem uma tessitura mais complexa, com o aparecimento de vários personagens.

E lembro o que diz Ricardo Piglia, em material coletado e publicado por mim em http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/254998:

“O CONTO é uma narrativa que encerra uma história secreta. Não se trata de um sentido oculto que depende da interpretação: o enigma não é senão uma história que se conta de modo enigmático. A estratégia da narrativa está posta a serviço dessa narrativa cifrada. Como contar uma história enquanto se está contando outra? Essa pergunta sintetiza os problemas técnicos do conto. Segunda tese: a história secreta é a chave da forma do conto e suas variantes”.

Dá uma chegada nesta contribuição sobre esta difícil (pra mim) espécie do gênero Prosa e terás, por certo, alguma novidade.

A obra em exame mais me parece uma crônica, até porque a instantaneidade (o chronos = tempo, tão identificador da crônica, e sua origem etimológica) está vivamente presente na tua exposição.

Uma coisa é certa: na prosa a tua criação é mais rica do que em poética! É mais fluente, mais rítmica, ardilosa!

- Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006 / 2007.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/771420