Historias da Praça do Açude

Historias da Praça do Açude

A Praça do Açude, como era chamada por todos, era toda especial ela ficava na entrada da cidade e era o lugar mais charmoso também. Muito bem cuidada por funcionarios da prefeitura ela estava sempre limpa e com flores, sem contar que lá ficava o cinema e os melhores barzihnhos. Era local de acontecimentos inusitados como; Na decada de 60, quando alguns estudantes queimaram a replica do Apolo11, nos festejos cívicos do mês de setembro.

Na praça as delicadas margaridas contrastando com as pequeninas onze horas vermelhas, sem contar as rosas menina brancas e vermelhas em profusão. E uma infinidade de borboletas de variadas cores e tamanhos, era o ponto preferido de todos nos finais de semana, antes das sessões de cinema ou para comentar o resultado dos jogos dos dois times da cidade.

O ponto culminante do carnaval, onde todo mundo se encontrava de manhã depois do Zé Pereira que percorria as principais ruas da cidade e abria o banho no açude logo no primeiro dia depois do Cariri.

Ela tinha seus dias especiais no decorrer da semana, quarta-feira era quando as meninas do Colégio Stella Maris iam ao cinema acompanhadas pelas freiras, tinha ainda a feirinha ao lado da Igreja Matris, o gado que não era abatido para a feirinha era levado para tomar água no açude á tarde e passava pela praça, ai sim era quando a meninada fazia a festa, era o melhor lugar para pescar andorinhas, é pescar pois era só colocar uma borboleta no anzol com uma linha bem fininha e deixar que elas viesem pegar.

Tem um histórico de causos mais antigos, como da vez que ela ficou vazia em pleno fim de semana, antes da primeira sessão de cinema.

Contam os mais velhos que: Uma senhora em idade já bem avançada teve um "passamento" e morreu, ela era bastante conhecida de todos e o enterro foi muito concorrido, o que aconteceu á tardinha , ao chegar no cemitério começou uma garoa fininha e insistente. já tinham colocado o caixão dentro da cova e as pessoas começaram a irem embora, como a pessoa que era responsavel pelo cemitério disse que, assim que a chuva parasse, terminaria de cobrir o caixão, foi embora todo mundo e o coveiro correu para a capelinha par se abrigar da chuva. Ninguem sabe ao certo o que aconteceu, se foi o coveiro que dormiu por causa da chuva,ninguem sabe até hoje. Só se sabe que por volta das 19:00 alguem avistou um vulto familiar na cabeceira da ponte, na entrada da cidade, e qual não foi a surpresa de todos quando alguem identificou a distinta senhora que tinham deixado no cemitério a pouco tempo atrás? E agora retornava dos mortos? Então como num passe de mágica a pracinha ficou vazia, depois da debandada geral alguns curiosos á seguiram até a sua casinha onde morava com um filho, o qual não aguetando a surpresa caiu de costas, quase batendo as botas diante da visita inesperada. Segundo o meu pai, a sortuda senhora ainda juntou muitos janeiros, este é só um dos pitorescos causos da pracinha.

Contam que outro momento triste da praça foi quando um senhor que era ferreiro na cidade caiu dentro do açude e morreu, como ele não boiou ninguem sabia onde estava o corpo, uma pessoa teve a idéia de colocar uma vela dentro de uma cuia de cabaça e soltar no meio do açude, onde ela parasse lá estaria o corpo.Depois de um certo tempo já noite a dentro com todos na maior espectativa, a bendita cuia parou bem no meio do sangrador na ponte, então alguns homens mergulharam e encontraram o corpo lá.

Ela tinha seus momentos de grades alvoroços, era durante o campeonato de futibol que ela pegava fogo desde cedo nos sabados e domingos, depois dos jogos tinha a missa e as 20:00 começava a sessão de cinema, dependendo do filme até meia noite era uma agitação só.

Como toda cidade do interior tinha sua fonte luminosa, que era revestida de azulejos azuis, ficava lá o café mais saboroso da cidade, era o Café da Dona Emilia com uns manjares de dar água na boca. Beijus, cocadas, broas de milho, tapiocas, cuzcus com leite, bolos e coalhada.

E quem quizesse encontrar com o Jõao Cabaça com os bolsos do paleto cheios de cobras era só dar um tempo na Praça do Açude.