TEORIA DAS CORDAS

Muitos se foram e jamais conseguiram formular se quer uma palavra ou conceito, que expressasse literalmente o sentimento de algo aparentemente bobo e fugaz, entretanto, capaz de assemelhar a pessoa a um pseudo escravo voltado ao controle e manutenção de seu próprio sentimento em relação ao outro. Poetas e escritores a fins já pensaram ou ao menos, detiveram por alguns segundos a presunção de conceituar o que para se manter frígido e ardente, jamais poderá ser conceituado. Piratas já circundaram o globo em nome de um primoroso afago, daquele ou daquela que ao ver, lançava à sua circulação o feliz prazer de uma ação conjunta e escalonada de ocitocina e adrenalina. De veras, fosse fácil apegar-se à alguém, de maneira a conseguir distanciar-se qualquer que fosse as circunstâncias de se valer duma relação de propriedade e posse.

Ao pensar, mesmo que de maneira sutil que todos ao seu redor não se apaixonavam, mas se contaminavam por aquilo que em sua cabeça, historicamente tornou-se, diante de sua frágil e ainda precoce análise o mal do século. Gregori possuiria um futuro brilhante, sendo desde pequeno uma criança esperta, embora introvertido um garoto de poucas palavras e de capacidade cognitiva ainda inexplorada. Destacava-se fácil como o melhor aluno da sala, colégio, até galgar prêmios de incentivo a cultura e educação em programas do governo, mostrando um potencial ainda desconhecido pela neurociência de sua época. Remetendo minha ignorância sobre a vida pessoal de Gregori, prefiro aqui esclarecer ao leitor, que o menino prodígio jamais pode compartilhar com a sociedade, por meio de sua fugaz e humilde experiência o que foi amar e se sentir amado pelo seu colega David.

Uma história comumente acobertada por todos aqueles que acreditam que práticas como esta desvirtua a moral pré estabelecida, tornando-se latente o dessabor social do preconceito gritante, formado de concepções reducionistas sobre o outro. Quais quer que tenham sido contaminados por esse mal do século, que logo façam de sua doença seu próprio antidoto. Se ao menos pudesse tê-lo salvo de sua infeliz estratégia, me sentiria hoje um ser humano menos culpado. Sim. Gregori enforcou-se aos 13 anos de idade por não saber como contar a sua família e amigos a sua real condição de açoitamento moral e alto flagelo que a sociedade o submetia. David prestes a entender ocorrido tão pouco soube o que fazer, caindo em profunda desgraça, deixou-se abater pelo menos em seu período de luto por uma profunda depressão, pensando ser ele o culpado de tudo por fazer parte de uma realidade da qual, pareceu-lhe sensato esconder-se.

Porém, sua história toma nova forma após saber que seu amado Gregori não havia cometido suicídio em vão. Antes de preparar sua morte, este havia deixado ao seu namorado uma teoria, com a qual pretendia mostrar não ao mundo, mas ao único ser que lhe possibilitou sentir o que é amar o outro com a mais profunda efemeridade, sem com que deixa-se coagir pelos demais, que ao redor conviviam. Há mortes revolucionárias na sociedade ainda acobertada pela poeira do ar, tão sujo ou melhor, imundo de preconceitos e rotulações simplistas, reducionistas sem qualquer teor ou compromisso com o que vem antes de tudo e qualquer coisa, respeito.

Gregori deixou ao seu amado o que lhe conferiu seu maior legado em vida, a “Teoria das cordas”. Pareceu-lhe simples, o sentimento que parecia amarrar os humanos uns aos outros, abarcando as relações afetivas a uma teia social, a qual, segundo as suas concepções, os seres humanos possuem uma pré disposição na construção de cadeias de cooperação. Seus estudos implicaram sobretudo, na comunidade cientifica grande aceitação por parte dos doutores que compreenderam sua teoria, a qual esclarecia em muitos aspectos assuntos desconhecidos ou pouco estudado pela acadêmia, jamais aprofundado por qualquer outro estudioso da área, assim como o fez Gregori, com tal destreza e cuidado.

Segundo sua teoria, os sentimentos quando percebidos como estratégia humana em estabelecer vínculos, em que seu objetivo existencial se dá pela necessidade em oportunizar uma ligação comum assim como na função de uma corda, é resultante de uma necessidade humana de conviver em grupo. Segundo Gregori a mesma corda que agrega e faz com que o grupo, casal, tribo unam-se enquanto tal, tendo como princípio a identificação e reconhecimento de seus semelhantes bem como a delimitação do seu próprio espaço ao mesmo tempo que uni, segrega seu grupo de outros grupos.

Gregori morreu lutando pela sua sobrevivência, pois seus estudos ainda que muito bem afixados à teoria social, faltou-lhe aprofundamento. O descontentamento de seu pai após este revelar a sua família que havia pedido um garoto em namoro foi tamanho, que após ouvir a revelação de seu filho, esganou-o até a morte, criando em seguida todo um cenário necessário para que o crime fosse entendido como suicídio. O que inviabilizou o termino de sua obra, a qual pretendia requerer mais tarde, título de mestre em um país estrangeiro. Sua mãe e irmãos foram extremamente coagidos pela linha dura de seu pai, que o fazia sentir orgulho ao pensar ser por todos reconhecido como um chefe de família exemplar. David, detêm agora única prova do crime que esclarece o amor de Gregori pela vida. Arriscar-se-a em fazer valer todo o propósito pelo qual a teoria das cordas se propunha esclarecer o motivo da exacerbada segregação dos iguais pelos diferentes.

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 22/04/2015
Reeditado em 27/10/2015
Código do texto: T5216701
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