Lenda a árvore que chora
A Árvore que chora
Conta à lenda um misterioso fato acontecido nas intrínsecas matas do Xingu e seus afluentes. Época que marca o início do povoamento do imenso inferno verde, habitado até então, apenas por índios.
Na batalha para morar no invencível paraíso o homem branco chegava e precisava travar sangrentas batalhas com os silvícolas para morar no paraíso. Contudo, um lance era certo, a metralhadora sempre vencia a flecha levando os índios a tombarem. Índios e mais índios, tribos e mais tribos foram atingidas pela chegada da civilização.
Somente a mata testemunhou os sanguinários conflitos. Apreensiva, temia o extermínio das etnias e destruição das selvas. Porém, imanados, índios e matas, matas e índios eram fortes e lutavam até a última hora para sobreviverem.
Quando havia, então, uma batalha na qual morriam muitas mães índias e ficavam os bebês chorando pelo chão, sem amparo e sem ninguém para cuidá-los, eram as árvores quem as acolhiam. Elas dobravam os seus braços e apanhavam os curumins. Davam-lhes aconchego, carinho e amor, todavia, não conseguiam amamentá-los e eles morriam chorando de fome.
O desespero tomava conta das árvores que impossibilitadas presenciavam a morte dos recém-nascidos. Após o último suspiro dos indiozinhos a árvore que o adotara e não conseguira alimentá-lo começava a chorar. Chorava durante o tempo de sua existência ao lembrar-se da dizimação dos curumins do Xingu.
Esta lenda se consagrou entre os seringueiros, pescadores, gateiros, caçadores e colonizadores por ocasião do povoamento das margens e braços do rio Xingu e da colonização da rodovia Transamazônica. Ao ouvirem choros assombrosos, horripilantes e inconsoláveis por perto, estes homens saiam à procura pensando achar alguém em sofrimento. Porém, nunca se depararam com nenhuma pessoa. Encontravam árvores chorando e as lágrimas escorrendo pelos troncos.
Lenda contada pelo povo e escrita por Sônia Feiteiro Portugal