Morte ou o amor?

Nas ladeiras escuras da cidade alta, a vida dormia. O sono foi recebido por todos, menos eu. O chão parece tão longe. Um ruído seco.

A rua da minha casa não diz nada. Um gato se assusta e cruza a rua molhada e desaparecendo pelas sombras.

meus ouvidos não captam nenhum som, minha respiração quase não é perceptível. Acho que meu coração parou.

Lá ao longe, alguém se caminhava. já era tarde, todos deveriam estar dormindo. Mas percebi que nem todos seguiam a regra.

Se aproximava. Não havia como saber o que era, ou quem. Vinha perdido entre as sombras. Seu gingado, por assim dizer, era duro porém ritmado. Sua silhueta caminhava até mim.

Um feixe de luz me deixou ver seu corpo, sua veste negra e o brilho de seus olhos, mas foi apenas por um curtíssimo tempo. Já estava ao meu lado, na escuridão do chão imundo.

Sentou-se e eu já quase não respirava. O pouco de ar q entrou em meus pulmões era doce e frio.

Olhou-me, as não consegui ver seus olhos, vi apenas uma gota de luz cintilante. Gelei dos pés à cabeça, apesar de já não ter muito calor em meu corpo.

Ergueu sua mão e acolheu a minha. Pele tão lisa. Lisa e gélida. Era uma intensa sensação.

Tempo se passou enquanto segurava minha mão. Olhou-me novamente, desta vez vi seus olhos. Negros como a escuridão, tão redondos, tão vivos. Me dizia coisas que não pude desvendar. Os olhos se fecharam e os lábios se entreabriram.

Era um sorriso...

O mais alvo que um dia seria capaz de ver. Minha respiração se tornou forte.

Assoprou sobre minha face seu hálito tão refrescante que fechei meus olhos.

Naquele instante, minha mente desvaneceu, meu coração bateu e percebi que a vida não tinha me abandonado.

Acordei em meu quarto, com um estrondo vindo do céu. Havia apenas sonhado.

Segui até a janela, onde grossas gotas de chuva se espatifavam contra o vidro. Olhei a escuridão e nada havia nela.

Não poderia procurar algo que nunca soube o que foi. Mas não sai do meu peito essa sensação estranha, minha mente já não para de tentar achar uma solução e meus pés a não respondem aos meus comandos.

É difícil lutar contra nós mesmos, mesmo sabendo que no fim arriscamos tudo e talvez por algo que nunca foi certo. Só que eu não tenho medo de viver e nem tive medo de morrer, pois a morte me veio e a morte se foi, me deixando na chuva. Aquele rosto sem significado, sem sentimento, completamente indescritível.

A morte se foi e me abandonou aqui com esse amor que consome meu espiríto a cada minuto que passa.

E eu só posso fingir que nada sinto... Nada...

Viajante Ls
Enviado por Viajante Ls em 09/12/2008
Reeditado em 23/11/2009
Código do texto: T1325911
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