= Sonhos interompidos =

O sol invadiu a minha janela.

Subiu em minha cama e convocou-me para as obrigações diárias.

Por que agora sol?

Preciso dormir por mais um tempo.

Não é preguiça, quero esvaziar os meus sonhos.

Na noite de ontem eu estava deitado e junto comigo, a solidão.

Ela sempre vem devagarzinho, sutilmente invade o meu peito, faz-me um carinho. Nossa... e como é doloroso! Olha-me com certa tristeza e se instala bem no centro do meu coração. Ontem ela convidou-me para um longo passeio. Embarcamos no barco “ilusão”, atravessamos o mar das “angustias” e chegamos a uma ilha maravilhosa. Praia limpa, sol brilhante, cercada por coqueiros, além de muita gente bonita.

Eu estava desnorteado, sem carinhos, sem amor e invisível aos olhos de todos. Ao longe se ouvia uma música, para ser mais exato, um bolero de Ravel. Fui em direção aquele som. Ao chegar, admirei com tão lindo cenário! Era um enorme salão de festas, ao centro, um grande candelabro com centenas de luzes, uma escada toda revestida de tapete vermelho e uma afinada orquestra. Sentei-me para admirar tudo aquilo. Naquele instante apagaram-se as luzes, um holofote girava pelo salão a procura de alguém. Aquela boa música enchia o meu coração de numa mistura de alegria e tesão.

De repente parou o holofote... Você, mais linda que nunca, se levantou vindo direto ao meu encontro. Meu coração queria saltar do peito. Suas mãos me foram estendidas, conduzindo-me ao meio do salão, começamos a dançar. Os nossos corpos pareciam levitar de tamanha era a leveza . Dançamos Ravel e terminamos com Gardel.

Fomos para o jardim.

A lua estava linda, mais parecia uma empresaria do amor. Dançamos ali de rosto colado, uma música, só nossa. Minha vontade era beijar todo o seu corpo. Nossos olhos se cruzaram e um longo beijo foi inevitável. Sentimos os nossos corações baterem no mesmo compasso. Fomos para o quarto, você sentou-me na cama, pedindo para que eu a esperasse. Em pouco tempo você chegou, com uma camisola longa, preta, aberta de lado, suas pernas a amostra, uma verdadeira musa da sedução. Fui ao seu encontro, beijei-a com loucura, carreguei você em meu colo, suavemente deitei-a na cama.

Abraçados fomos-nos despindo, até a nudez completa, beijando a sua boca, fui me deitando por sobre você, e...

Êita sol ingrato! Será que você nunca sonhou? não teve nenhum amor? Você chegou em péssima hora!

Nada me adiantou ficar na cama, este sonho não mais voltou.

Antônio José Tavares (tonho)

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 15/10/2012
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