FOLHAS E RETALHOS
Estávamos tão felizes. Ouvíamos Diana todos os domingos enquanto você preparava feijão com bucho e eu uma caipirinha nem tão forte, nem tão fraca, do jeito que você gostava. Eu acendia o fogo pra assar umas piramutabas, eu odiava piramutaba, mas comprava, você adorava aquele peixe horrendo. E íamos almoçar sob a mangueira do quintal, depois deitávamos na rede e ficávamos namorando feito dois adolescentes. Não sei onde erramos. O coração tem dessas de deixar de gostar. Hoje ouço Diana tomando pinga e tirando gosto com manga verde, comendo farofa sentado na cadeira de embalo. Acho que Deus nunca amou ninguém, talvez o amor nem ao menos seja coisa dele. Vou tentar escrever outra carta pra você.