O FESTIM DE DEUS NO VARAL DE CASA

-O céu, o céu muitas das vezes é o inicio de nossa caminhada, sabia?

-Não vem com essa de novo...

-Não, não. É verdade! Olhe para ele, absolutamente infinito e belo, como toda caminhada desbravadora e sincera.

-Há dias que você vai atrás de emprego, volta embriagado e acorda com essa cara inchada e essa mesma conversa fiada.

-Sabe de uma coisa? Quando as folhas caem e os espelhos das velhas paradas de ônibus nos refletem, Deus zomba da nossa cara achando que não sabemos nada de seus planos e de suas maracutaias sujas!

-Não ponha a culpa em Deus!

Roberto observou através da janela uma pequena massa de nuvens tentando ofuscar o sol, aproximou-se da grade com sua cara inchada de bebum desempregado, liso, com fome e que muito em breve seria abandonado pela mulher e pelos filhos.

-E se nos transformássemos em nuvens ou coisas que se desfazem no ar, como o amor e os beijos, será que teríamos alguma chance contra Deus e o sentimento de culpa?

Eleonora acendia o fogo do fogão para esquentar o café frio.

-Não temos nem pão seu patife imundo e miserável!

-É isso, as nuvens sempre nos deram as respostas exatas!

Enquanto a pequena massa de nuvens se desfazia e o sol se revelava com todo seu esplendor e ardência, Roberto se expunha aos raios dourados e fuzilantes com sua pele suja e queimada.

-Amanhã, minha querida Eleonora, serei apenas uma nuvem no seu pensamento, adeus!

Rojefferson Moraes 3:00 (Aceso)

Rojefferson Moraes
Enviado por Rojefferson Moraes em 07/02/2014
Código do texto: T4681439
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.