SOLUÇOS, TROPEÇOS E VENTANIAS NO ADEUS
Beliscou minha perna. Cheia de amor evaporando dos olhos.
- Coração é coisa que a gente não dá assim não.
Os dedos dedilhando saudade da areia, feito pedra pequena que afunda em mil banzeiros.
- Sabe de uma coisa? Amor dos outros é coisa que não se rouba. Da última vez apanhei na cara com aquele livro de poemas que tu escreveu, enquanto eu subia o barranco escada lá de casa.
- Pois eu roubo e mato com faca!
Banzeiro de medo e tristeza riscam o rio, como pneu arranha asfalto quente.
Principiou tesão.
- Olha... Não me belisca...
- Essa pele morena aqui, é carne que não deixo mosquito pousar nem seis horas da noite na beira de igarapé.
E se enroscaram na fuga.
Rojefferson Moraes