A garota da linha 390 - Parte I

O despertador toca. Hora de levantar. Um tapa no despertador. A mente vazia e ainda confusa. São 05h00. Marcus levanta e caminha em direção ao banheiro de sua Kitnet. Liga o chuveiro na água fria e toma um banho de 10 minutos. Nunca preocupou-se se sofreria um choque térmico por entrar de tudo com o corpo quente na água fria. Pelo contrário, sempre achou isso necessário para despertar de uma vez. Troca de roupa, abre a geladeira e nota que esta contém um velho pedaço de pizza de dias atrás. Joga no lixo e resolve tomar apenas um copo de água. Ao abrir a porta, topa de cara com o senhorio.

- Bom dia Sr. Marcus.

- Olá Senhor Augusto.

- O aluguel está atrasado!

- Escuta Seu Augusto eu vou lhe pagar, é que ainda não caiu na conta o dinheiro da bolsa de pesquisa da universidade. Peço um pouco de paciência.

- Tudo bem! Hoje é 06. Te darei um prazo final até o dia 10. Se você não pagar nesse dia, colocarei todas as suas coisas para fora! - sai o senhorio pisando firme.

- Que ótima maneira de começar o dia! - disse Marcus em voz baixa.

O jovem vai em direção ao metrô. Tira sua carteira do bolso e a coloca sobre o sensor da catraca para poder passar. Fica esperando a linha 309 na plataforma. O vagão finalmente chega. Ele entra com dificuldade, pois essa linha nesse horário é sempre lotada.

Em pé ele olha em volta reconhecendo os rostos com quem se encontra diariamente essa linha no mesmo horário. Mas, Marcus na verdade, procura por alguém especial, que vira pela primeira vez quando foi para a capital estudar na universidade. Era uma garota de cabelos ruivos, brilhantes e belos, sardas e olhos castanhos. Depois de muita procura, finalmente a achou. Sentada no fundo do vagão com sua bolsa e uma maleta de violino em seu colo.

Marcus a olhava extasiado a ponto de fazê-lo esquecer a situação com o Sr. Augusto antes de ir para a estação. Sempre lamentou nunca ter tido a oportunidade de sentar ao lado dela e, também lhe faltava coragem para aproximar-se e lhe dizer o quanto ela é bonita. Ela sempre descia uma estação antes da dele. Todos os dias Marcus a admirava e todos os dias pensava em uma maneira de se aproximar dela.

Finalmente o dinheiro da bolsa de pesquisa havia caído em sua conta. Pagou o aluguel da kitnet e as demais despesas necessárias ficando com apenas R$ 12,00 no bolso. Esse mês estava apertado devido à despesas extras que surgiram.

Chega á estação para pegar o trem da linha 390. Nesse dia, uma senhora vendia flores. Uma pétala de rosa vermelha custava R$ 12,00. Marcus sem hesitar comprou a pétala de rosa e esperou o vagão chegar. Entrou. Notou que ela estava sentada não no fundo, mas um pouco mais próxima e, como não estava lotado, havia uma vaga no banco ao lado da bela jovem. Ela o viu entrar com a pétala de rosas em sua mão.

Marcus olha em volta e percebe que pode sentar ao lado dela. Finalmente, uma oportunidade. Ela estava ali, ao seu lado. Era só puxar conversa e lha dar a rosa. Mas Marcus "travou".

- Droga, o que que eu faço? - arrazoava consigo mesmo e mexia as pernas.

- É para a sua namorada? - pergunta a garota.

- Como? - Responde Marcus.

- O botão de rosa é para sua namorada? - pergunta novamente a moça.

- Eu não tenho namorada. - Responde Marcus.

- Então são para sua mãe, deve ser o aniversário dela né?

Marcus fica em silêncio. A garota lhe olha esperando uma resposta.

- E agora, o que eu digo? Bem, eu...

- Isso não é da minha conta, me desculpe. É que eu vi você entrando com a pétala e eu a achei muito linda. Por isso perguntei. Sinto muito se fui invasiva. - Diz a moça com voz triste.

Marcus a olha e percebe que o semblante da garota estava diferente dos dias anteriores, estava triste.

- Vamos seu pateta! Faça alguma coisa! - Arrazoou Marcus acerca de si mesmo.

- Você não precisa pedir desculpas. Eu sempre te vejo neste mesmo vagão que eu pego e nunca tive coragem de dizer o quanto eu lhe acho bonita. Esta rosa na verdade eu comprei para você. - disse Marcus entregando a rosa para a moça.

- Nossa, muito obrigada. - diz a moça com um sorriso tímido.

Marcus olha a moça pegar a rosa entre as mãos e encostá-la levemente em seu nariz para sentir o aroma. Os olhos dela brilharam. Ele vira em direção à janela e sorri timidamente. O trem para na estação antes da que ele desce, onde desce a garota.

- É aqui que eu fico. Qual o seu nome?

- Marcus.

- Prazer, o meu é Jéssica. Muito obrigado pela rosa.

A garota desce na estação e Marcus segue o seu destino para a universidade.

Continua...

Dasein eewans
Enviado por Dasein eewans em 31/07/2019
Reeditado em 31/07/2019
Código do texto: T6708734
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