A Lâmina do Tempo

Há muito tempo atrás, num reino muito distante, vivia um Rei muito nobre, justo, integro, de um caráter valoroso capaz de cativar e dar segurança aos súditos ao qual tinha responsabilidade sobre. O rei tinha um filho, um nobre Príncipe que estava, também, cultivando as qualidades do pai. Com uma boa educação, o futuro próspero do reino estava garantido.

Porém num determinado momento da história, um enorme Dragão invadiu o reino, com o intuito de destruí-lo. Era um Dragão mágico que golfava labaredas azuis da mais alta intensidade de calor, disparava raios vermelhos destruidores pelos olhos, produzia tufões com o bater de suas asas, e terremotos com quando sua cauda chicoteava o chão. Era o inferno ambulante, uma abominação grotesca. Apesar da tamanha aberração destruidora, o Rei e o Príncipe não mediram esforços para enfrentar e livrar o reino de tal cruel destino.

O Rei e seu filho estavam armados com espadas mágicas, forjadas pelas poderosas Chamas da Eternidade, pois somente com ela que se era capaz de manusear e moldar o Aço do Infinito e construir A Lâmina do Tempo. Tal artefato era extremamente poderoso, tão poderoso que era capaz de ferir, e até mesmo matar, um ser imortal, devido as suas propriedades de controlar o fluxo do tempo, a níveis absolutos, sobre àquele que sofre seu corte, podendo o portador da espada, reduzir o correr temporal do inimigo a um instante congelado, prendendo-o eternamente nesse momento, ou aumentar a velocidade deste, alcançando a eternidade em questão de segundos, fazendo com que o fim de um ser imortal torne-se possível.

O combate foi duro. Os nobres guerreiros disparavam golpes contra o poderoso dragão, que contra-atacava com seus projéteis devastadores, causando muito caos no reino e rumores entre a população de que o fim estava próximo. O Rei e o Príncipe não se rendiam às aterrorizantes investidas de seu inimigo, e depois de muito tempo e esforço, o Príncipe consegue desferir um golpe perfurante no ventre do Dragão, e a magia de sua espada começa a fazer efeito, imbuindo o efeito do Tempo sobre tal criatura.

- HAHAHAHA, seus vermes miseráveis! – gritava o Dragão dando gargalhadas, apesar do grave ferimento – Vocês caíram em meu plano! – Então, eis que o dragão bate suas asas, para se afastar do Príncipe, que acaba deixando a espada encravada no Dragão. O monstro segura com suas patas o fio da Lâmina do Tempo com tanta força ao ponto de feri-las gravemente. Seu sangue negro começa a escorrer pela espada e no instante em que toca a lamina, emana raios de uma coloração brilhante vermelho e púrpura que rapidamente tomam toda a espada.

- O que está fazendo?! – gritou o príncipe.

- Eu irei corromper o poder dessa espada, e ao quebrar sua lâmina, farei com que a mesma corrompa o Tempo ao nosso redor! Nada mais existirá nesse mundo! Nada! – berrou o Dragão, que, com muito esforço, fez o prometido e partiu a Lâmina do Tempo.

- Não! – gritou o Rei, mas era tarde demais.

Ao fazer isso, um enorme vórtice negro surgiu da lâmina quebrada, e tudo que existia foi sugado para dentro dele em questão de segundos.

Então o Rei abre os olhos, assustado, num lugar escuro e vazio. Ele gritava pelo seu filho, porém o mesmo não respondia. Ele não sabia onde estava, não sabia o que acontecerá com o seu reino, com o Dragão, com seu primogênito. O principal era que ele não sabia o que havia acontecido com ele mesmo.

A única coisa que reluzia naquele lugar sinistro era a sua espada, que ele ainda portava. Com ela em punhos, ele tomou coragem para seguir em frente naquele ambiente que nem forma tinha. Não podia ver o chão, mas podia tocá-lo. Se ele esticasse os braços, poderia sentir a solidez de uma parede na sua frente, porém conseguia andar em frente como se nada estivesse em seu caminho. Se ele voltasse para trás e andasse, era como se ele estivesse andando na mesma direção que antes. Se ele deitasse no chão e andasse, era como se estivesse de pé voltado para a mesma direção de outrora.

Naquele fóbico ambiente, o Rei conseguiu avistar um ponto luminoso e isso era um indicativo de que poderia ter alguém ou alguma coisa por perto que pudesse lhe guiar naquele mundo estranho. Ele correu, correu e correu, mas não conseguia sair do lugar, pois o ponto luminoso continuava com o mesmo tamanho. Ele parou desesperado, cansado, estendendo uma de suas mãos em direção à luz. Mas eis que algo de muito estranho lhe acontece: ele foi capaz de tocar o ponto luminoso, como se ele estivesse ali do seu lado o tempo todo, como se não tivesse distância alguma entre o Rei e ele, e quando ele toca, um brilho forte surge, ofuscando os olhos do rei, obrigando-o a fechá-los para não cegar-se.

Ao abrir os olhos novamente, eis que ele encontra seu filho, o Príncipe, num ambiente, agora branco, sem forma também, porém a única coisa, além deles, que havia no lugar era uma fonte com águas claras e reluzentes.

- Filho! Como estou feliz em vê-lo! Graças aos céus! – exclamou o rei que ia até ele para abraça-lo.

- Pare pai – interrompeu o movimento do pai estendendo sua mão – Você não pode me tocar, senão a maldição jamais se quebrará.

- Maldição? Mas que maldição? – perguntou o Rei surpreso.

- A Maldição da Lâmina do Tempo – disse o Príncipe.

- Como assim? Essa espada não é amaldiçoada! – retrucou o rei – Nunca utilizamos ela para além de enfrentar monstros tais como aquele Dragão demoníaco!

- A questão, pai, é o que foi causado por causa dessa espada. Todo o mundo ao nosso redor, o reino, o Dragão, tudo não existe pai – disse seu filho devagar, tentando acalmar seu pai.

- Do que você está falando filho? Claro que existe! E é por isso que temos que achar um jeito de fazer as coisas voltarem ao normal. Temos que encontrar aquele Dragão e fazê-lo reverter a sua maléfica magia – disse o Rei pasmo com o que seu filho dizia. Onde já se viu? O Reino não existir? Só podia estar delirando.

- A Lâmina do Tempo é uma espada mágica que somente Magos podem utilizar. A vinte anos atrás, em função de uma jornada que o seu Rei lhe imbuiu, você deparou-se com tal artefato repouso sobre as pedras detrás de uma cachoeira, e a partir do momento em que você tocou a lâmina dessa espada, sua consciência foi enviada para um mundo ilusório, criado em sua mente, onde você é Rei e enfrenta monstros terríveis com a Lâmina do Tempo em punhos. Porém tudo isso não passa de ilusão e você precisa sair dela, senão irá perecer com sua consciência presa pelo encanto da espada! – alertou o filho.

- Não! – o Rei recusou a acreditar nisso – Deve ser obra daquele Dragão maldito! Preciso mata-lo para quebrar o feitiço e …

- Acorde Pai! Eu sou o Dragão! – gritou o Príncipe.

- C-c-como assim… - gaguejou o rei, estarrecido e boquiaberto.

- Tornei-me esse Dragão para que pudesse encontrar uma forma de comunicar com você. Tinha que chamar sua atenção, então criei todo um cenário onde você sempre luta com o Dragão Mago, que sempre quebrará a Lâmina do Tempo e trará você para esta dimensão sem forma, onde podemos conversar fora do mundo ilusório e assim tenho a chance de fazê-lo enxergar que está preso e que você precisa largar a espada para voltar ao mundo real.

- Do que… você está falando…?

- Essa não é a primeira vez que conversamos. Você sempre desacredita em mim e volta a ficar preso na ilusão do seu Reino que não existe. Mas eu não vou desistir de convencê-lo a voltar.

- Isso é… mentira…

- Olhe para a fonte, pai. – Aponta o príncipe para a imagem projetada na agua - Esse é você, parado e ajoelhado dentro da cachoeira segurando a lâmina. Estático. Você congelou o seu tempo real, mas já está a décadas preso na ilusão! Se não sair, sua mente morrerá e você nunca mais sairá desse mundo! – o filho gritou, segurando os ombros do pai com força.

O Rei, estarrecido, não acreditava no que via na fonte, mas era ele mesmo, mais jovem, ali estático observando a espada. Mesmo assim ele não acreditava.

- Isso… É MENTIRA – e o Rei enterrou a Lâmina do Tempo no coração do Príncipe, que agonizou ao receber o golpe – VOCÊ MESMO DISSE QUE ERA O DRAGÃO, SEU DESGRAÇADO! ONDE ESTÁ MEU FILHO, SEU MALDITO?!!!!

- Você… sempre faz… isso – gaguejou o filho, com sofrimento – Mas eu… aprendi com… meus erros… e dessa vez… não vou… errar.

Então o Príncipe pôs a mão no rosto do Rei, e uma luz azul reluziu dela, e tudo ficou branco, até tudo voltar a ser o Reino próspero do Rei. Apenas com um detalhe: o Rei se lembrava do que havia acontecido com o Príncipe naquela estranha dimensão.

Então tudo recomeçou.

Há muito tempo atrás, num reino muito distante, vivia um Rei muito nobre, justo, integro, de um caráter valoroso capaz de cativar e dar segurança aos súditos ao qual tinha responsabilidade sobre. O rei tinha um filho, um nobre Príncipe que estava, também, cultivando as qualidades do pai. Com uma boa educação, o futuro próspero do reino estava garantido.

Mas, e quanto ao passado do Reino? E quanto ao dia do nascimento do filho? E a Rainha? O dia da criação do Reino? Onde estavam essas lembranças? – pensou o Rei

Porém num determinado momento da história, um enorme Dragão invadiu o reino, com o intuito de destruí-lo. Era um Dragão mágico que golfava labaredas azuis da mais alta intensidade de calor, disparava raios vermelhos destruidores pelos olhos, produzia tufões com o bater de suas asas, e terremotos com quando sua cauda chicoteava o chão. Era o inferno ambulante, uma abominação grotesca. Apesar da tamanha aberração destruidora, o Rei e o Príncipe não mediram esforços para enfrentar e livrar o reino de tal cruel destino.

Mas... novamente o Dragão? Acontecendo da mesma maneira?

O Rei e seu filho estavam armados com espadas mágicas, forjadas pelas poderosas Chamas da Eternidade, pois somente com ela que se era capaz de manusear e moldar o Aço do Infinito e construir A Lâmina do Tempo. Tal artefato era extremamente poderoso, tão poderoso que era capaz de ferir, e até mesmo matar, um ser imortal, devido as suas propriedades de controlar o fluxo do tempo, a níveis absolutos, sobre àquele que sofre seu corte, podendo o portador da espada, reduzir o correr temporal do inimigo a um instante congelado, prendendo-o eternamente nesse momento, ou aumentar a velocidade deste, alcançando a eternidade em questão de segundos, fazendo com que o fim de um ser imortal torne-se possível.

Mas, quando que tais minérios e tal chama mágica surgiram nesse reino? E quem forjou tal espada?

O combate foi duro. Os nobres guerreiros disparavam golpes contra o poderoso dragão, que contra-atacava com seus projéteis devastadores, causando muito caos no reino e rumores entre a população de que o fim estava próximo. O Rei e o Príncipe não se rendiam às aterrorizantes investidas de seu inimigo, e depois de muito tempo e esforço, o Príncipe consegue desferir um golpe perfurante no ventre do Dragão, e a magia de sua espada começa a fazer efeito, imbuindo o efeito do Tempo sobre tal criatura.

O mesmo golpe ocorreu. Os mesmos movimentos. É como se o Rei não tivesse controle de suas ações. Tudo estava sendo feito por outra pessoa.

- HAHAHAHA, seus vermes miseráveis! – gritava o Dragão dando gargalhadas, apesar do grave ferimento – Vocês caíram em meu plano! – Então, eis que o dragão bate suas asas, para se afastar do Príncipe, que acaba deixando a espada encravada no Dragão. O monstro segura com suas patas o fio da Lâmina do Tempo com tanta força ao ponto de feri-las gravemente. Seu sangue negro começa a escorrer pela espada e no instante em que toca a lamina, emana raios de uma coloração brilhante vermelho e púrpura que rapidamente tomam toda a espada.

E tudo aconteceu semelhante até aparecer o vórtice. Todos foram sugados e o rei surgiu na dimensão sem forma. Correu até a distante luz que estava longe, mas ao mesmo tempo perto o suficiente, a distância de um toque. Então ele voltou a sala branca onde o Príncipe se encontrava. Porém, a diferença é que ele se lembrará de toda a experiência sendo repetida.

Então, antes de falar com seu filho, passou a se lembrar de todos os momentos em que havia repetido essa mesma batalha com o Dragão por vinte anos, e de todas as vezes em que ele não acreditava em seu filho e o matava, pensando ser o Dragão. Ele se lembrou de todas as repetições, todos os recomeços, e dessa vez, sabendo disso, ele ajoelhou-se diante do filho, aos prantos.

- Perdoe-me. Perdoe-me por ter sido cego e não perceber a prisão ao qual estava envolvido e, principalmente, por feri-lo todos esses anos.

- Não se preocupe. É apenas uma ilusão. Você não me feriu de verdade. Mas agora, você precisa se libertar dessa prisão. Precisa soltar a espada dentro daquela fonte.

- Mas se eu fizer isso, nunca mais poderemos nos ver, não é mesmo? – indagou o pai com pesar – Pois se tudo é verdade, no mundo Real você não existe!

- De fato no mundo real você não tem nenhum filho. Porém aqui nessa dimensão, que é a sua dimensão atemporal, eu existo de fato. Eu existo aqui para fazê-lo compreender, a verdadeira Realidade. Assim como sem mim, você não poderia existir, sem você, Eu jamais existiria. Você e eu somos um só. E graças a tudo que passamos juntos é que conseguimos, cada vez mais, ir de encontro a esse destino. Por mais que tenha sido penoso para mim, pude compreender, com tudo isso que aconteceu, um pouco sobre a Ilusão do Tempo e a Realidade da Eternidade.

- São palavras fortes, porém que não consigo compreender – disse o Rei.

- Consegue sim, já que somos um só – respondeu o Príncipe – Agora jogue a espada, sem temor, dentro da fonte, e quebre a maldição que caiu sobre nós.

Então o rei se levantou e foi em direção a fonte, pronto para jogar a espada lá dentro, então o Príncipe disse:

- Não se esqueça de uma coisa. Assim como o tempo foi uma ilusão aqui, ele é no mundo em que vive. Por mais que ache real, a verdadeira realidade está para além das barreiras do tempo. Entenda isso e aos poucos irá compreender a Eternidade da existência.

- E como farei isso?

- Observando a vida a partir do mundo ao qual tem controle – disse o Príncipe – Este aqui.

Então o rei sorriu e disse.

- Entendi – então ele jogou sua espada na fonte, e um clarão ofuscou seus olhos novamente.

Ele piscou fortemente e abriu seus olhos. O Cavaleiro observava, após recobrar a visão e o fôlego, a espada no chão. Ele levantou rapidamente e saiu da cachoeira. Estava muito atônito com tudo que tinha passado, toda aquela experiência incrível. Então, olhou seu reflexo na água, e era jovem, como sempre fora um dia. Ele se lembrava do que tinha acontecido a minutos atrás, no mundo normal e de todos aqueles anos que se passaram em questão de segundos.

Então, o Cavaleiro, após realizar sua missão, voltou ao seu Reino, e sentado em sua cadeira naquela circunda távola, após pedido de seu Rei, começou a dizer:

- Camaradas. Se eu contar tudo o que passei em minhas aventuras, vocês não vão acreditar.

André de Godoi Lopes
Enviado por André de Godoi Lopes em 28/07/2018
Código do texto: T6403123
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