Fundo da América do Sul Parte 13

Naquela tarde pegamos o ônibus rumo à cidade, sentado na janela fiquei olhando os campos passando, pensando que não tinha volta, eu tinha que arrumar um canto para eu morar, um emprego, mas a luta interna me incomodava.

Cheguei em casa, e minha mãe me recebeu aflita querendo saber o que tinha ocorrido nas ultimas semanas!

- Fomos seqüestrados eu e o Prieto, ele foi torturado, e depois fui largado lá na colônia Z3, ele não sei o que fizeram se mataram... Ele não ligou para cá?

- Que horror meu filho! Estou pasma! Disse minha mãe puxando uma cadeira para se sentar.

- Temos que falar com seu pai para ver se poderá identificar esses malditos.

- Sim, mãe, estou ansioso para falar com ele para ver o que ele tem a dizer sobre tudo isso; - Parecia que os homens conheciam ele...

- Como assim, conheciam seu pai?

- Sim, da maneira como trataram, ou melhor, me pouparam, só poderiam conhecê-lo!

- Meu Deus, isso não é possível; disse minha mãe atordoada com aquela situação.

- Bem, temos que esperá-lo, para conversar.

Mais ou menos por volta dás dez horas da noite, meu pai chegou em casa.

- Olá meu filho estávamos muito preocupados contigo, tua mãe te disse?

- Sim estou sabendo da aflição de vocês, mas agora esta tudo bem de novo; pai quero saber a verdade de tantas coisas que nem sei por onde começar...

- Bom vamos começar pelo começo, disse ele puxado uma cadeira para sentar-se à mesa conosco.

- Não tenho mais como esconder de vocês, a situação esta muito complicada, tenho tentado me esquivar das ordens de meus superiores, mas é complicado, sou um dos únicos policias que tenho aversão a essa ditadura, que não tem mais como continuar no País! Logo que fiquei sabendo que haviam seqüestrado tu e teus amigos, dei alguns telefonemas, mas só consegui livrar tu das torturas, pois os homens que seqüestraram vocês me deviam uns favores que fiz com parentes deles a algum tempo atrás, se não terias entrado na tortura.

-Mas, não entendo, disse eu indignado, que bobagem, não tem mais por que torturar pessoas inocentes, a abertura está ai, escancarada “nas fussas” do governo! Essas pessoas são doentes, pai! Tu fazes parte dessa corja?

- Não posso negar, fiz algumas maldades que me atormentam todas às noites em que coloco a cabeça no travesseiro; não suporto mais ouvir os gritos das pessoas pedindo clemência, isso está me matando, meu filho.

- Meu Deus, disse minha mãe com a mão na boca.

- Penso em pedir demissão, mas estou muito encrencado, não me deixariam sair ileso, tenho muito medo que façam algo com vocês eu não agüentaria se isso acontecesse.

- Não acredito meu pai, meu herói... Esta encrencado até os dentes com essas pessoas!

- Bom, e o Prieto? E os outros onde estão? Tens noticias deles pelo menos?

- Não, não sei ainda nada sobre eles...

- Como assim, não sabe nada...

- É muito complicado, a imprensa esta caindo em cima de nós, há muita pressão, estou quase explodindo, me sinto sem saída! A vontade que tenho é de juntar a imprensa e contar tudo, delatar todos, mas e vocês o que seria de vocês? O primeiro ato deles contra mim seria atingir vocês, eu seria o último alvo a ser silenciado por eles!

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 26/06/2011
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