Fundo da América do Sul Parte 14

Enquanto isso...

Em Montevidéu Vitor estava bem acolhido por um casal que tinha feito parte da MLN-T, Tupamaros que também tiveram problemas com o governo daquele País no passado, por terem ideais parecidas as dele.

Certa noite, com alguns amigos, foi até o Fun-Fun, atrás do Teatro Solis, um bar histórico com 100 anos e que já recebeu muitas personalidades. Sempre com música ao vivo onde é obrigatório tomar a Uvita. Lá ele conheceu Helena, uma mulher com cabelos lisos, de um negro impar, que contrastava com os olhos verdes-mar; mulher esguia com olhar profundo, mas debochado; Fitaram-se por boa parte da noite, entre copos, fumaça, tangos... Então resolveu sentar-se ao lado dela para conversar.

- Boa noite, meu nome é Vitor...

Com um sotaque que misturava o espanhol com um inglês, ela diz:

- Olá Vitor, meu nome é Helena, você é brasileiro!? Estava vendo você com seus amigos, vocês parecem estar tramando algo!

(risos) No meio de toda essa festa, e vocês tão sérios e compenetrados; os tempos aqui estão bem confusos, estão tentando libertar Universindo Rodríguez Díaz e sua esposa Lílian Celiberti, tu os conheces?

- Parece-me que tu és bem informada sobre essas pessoas, disse ele entornando o copo.

- Bom... Essas pessoas estão bem faladas no momento por aqui, recém chegados do Brasil, onde dizem que foram torturados e trazidos para cá em 1978; Quem não sabe dessa historia; Estavas já aqui na época, ou estavas no Brasil? Quando aconteceu esse fato que uma revista de porte nacional cobriu a matéria de perto... Dizem que por essa matéria eles não “sumiram” do mapa!

Vitor, largou o copo, olhou nos olhos de Helena, que engoliu em seco, e antes dele dizer algo ela saltou:

- É o que todos estão comentando no momento... Bom, vamos mudar de assunto...

- Mesero, más una bebida, por favor... Dirigindo-se ao garçom com seu espanhol enrolado com um inglês.

- Vitor vamos dançar?

- Não sou muito bom dançando... Antes dele terminar a frase, ela pegou ele pela mão e foram até a pista de dança.

Vitor estava se soltando aos poucos aos dotes daquela mulher linda, enigmática, e muito gostosa!

No meio do jogo de luz frenético, todos vampiros se soltam...

Helena dá um puxão em Vitor e diz:

- vamos Vitor, temos que sair daqui...

- Mas...

- nem mais nem menos, chegaram pessoas endesejáeis, acredito que procurando por ti ou por mim! Não temos tempo para discutir agora, vamos, vamos, conheço uma porta pelos fundos...

- E meus amigos?

- Eles vão ter que se virarem sozinhos...

Saíram por uma porta que tinha atrás do bar, mas já tinha alguém os esperando lá!

Vitor saiu correndo e pulou por cima de dois homens e caíram no chão, nisso Helena foi pega por trás por mais um deles, quando ela vê sai os amigos de Vitor correndo também pela porta do bar...

Como estavam em maioria, deram uns tapas no homem que acabou soltando Helena; no chão estavam Vitor e um dos homens, o outro já havia se levantado, mas vendo os amigos de Vitor irem pra cima dele, ele achou sensato fugir...

Fizeram de refém o homem que havia segurado Helena, e depois de alguns socos no estomago e coisas do gênero, Ângelo disse:

- Bom meu amigo, hoje tu vai virar nosso refém, e te garanto que vais nos contar tudo o que queremos saber...

Nesse instante ouviu-se um estampido seco, o silencio tomou conta de todos! O homem que havia corrido, tinha se escondido e acabou acertando seu parceiro com um tiro certeiro que o matou instantaneamente.

Ângelo com o homem escorregando pelos braços, olhos abertos, cuspindo sangue disse:

- Vocês estão ferrados, estão ferrados.

Ângelo deixa-o cair por inteiro de bruços na rua fria.

Todos se olham e o desespero é total em seus olhares...

- Eu nunca tinha visto alguém morrer, disse Ângelo.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 16/07/2011
Reeditado em 16/07/2011
Código do texto: T3099632