A MULHER QUE FOI MÃE DUAS VEZES


Em nossa viagem pela existência deparamos com fatos que nos entristecem, outros, porém, trazem lições de vida e alegram também o coração. Nossa viagem tornará muito boa quando se despreza o rancor e se cultiva altos índices de amor para si e para os outros. Ele é o nosso combustível de todos os dias mesmo em diferentes circunstâncias.
Existem mães que apenas dão à luz o filho e esquecem dele. É mais uma criança no mundo sem proteção.
Existem outras que abandonam seu filho na rua, na porta de alguma instituição, esperando que alguém cuide.
Ser mãe é um privilégio! Gerar e trazer ao mundo um ser humano é compartilhar do milagre da vida; é participar do plano divino para a procriação.
Consideramos aqui a história de uma mulher que foi mãe duas vezes. Enquanto algumas se negam à grandeza de ser mãe, outras podem ter somados privilégios.
No tempo que os israelitas estavam escravizados no Egito, Faraó objetivando enfraquecer o exército israelita determinara às hebréias Sifrá e Puá que quando estivessem cumprindo seu ofício de parteiras, deviam matar todas as crianças do sexo masculino entre o povo hebreu, deixando viver apenas as crianças do sexo feminino.
As parteiras, porém temeram a Deus e não cumpriram o decreto do rei e deixaram viver também as crianças masculinas. É relevante abrirmos um parêntese aqui relativo aos nomes dessas duas parteiras: Sifrá e Puá. O Livro Sagrado trata de muitas histórias e nem sempre cita os nomes de seus personagens, salvo quando Deus tem um propósito especial para suas vidas.
Vendo Faraó que as parteiras não haviam obedecido a sua ordem, procurou-as e fez seu questionamento:
“Por que fizeste isso deixando viver os meninos”?
– Elas sabiamente informaram: “As mulheres hebréias não são como as mulheres egípcias. Elas são vigorosas, e antes que cheguemos para assistí-las, elas já deram à luz seus filhos”.
Assim, o povo israelita crescia forte.
Não satisfeito, Faraó estabeleceu outro decreto determinando que todos os meninos nascidos entre os hebreus seriam lançados no rio Nilo e somente as meninas deveriam viver.
Entre as mulheres hebréias grávidas, estava Joquebede. Seu filho nasceu e era muito bonito o menino, mas não podia ser mostrado a ninguém. Ela procurou escondê-lo. Foi um tempo muito difícil para Joquebede porque sua criança não podia ser vista, muito receber visitas.
Depois de aproximadamente uns três meses, já não era mais possível continuar escondendo o menino. De outra maneira Joquebede e sua filha Miriã programaram mais uma frustração ao plano do rei. Tomaram um cesto de junco (vegetação trançada) e o vedou com piche e betume. Puseram nele o menino e o colocaram no rio Nilo, porém próximo à margem, para que não corresse tanto perigo.
Entendemos que Joquebede fez isso obedecendo a uma orientação divina, mas o seu coração estava aflito e choroso.
Apesar de sua fé, no seu íntimo certamente questionava: O que acontecerá ao meu filho?
Miriã, irmã do menino fica, discretamente, próximo ao rio, de longe a observar.
Desce ao rio a filha de Faraó para seu banho costumeiro. Suas donzelas passeavam pela margem do rio. De repente, viram de longe o pequeno barquinho. Logo a filha de Faraó mandou que sua criada o pegasse. Abriu o cesto e reconheceu que se tratava de um
Filho dos hebreus, em face o decreto de seu pai.
O menino chorava muito e ela se compadeceu dele. Nesse momento, vendo Miriã o interesse da moça, preocupada com o irmãozinho, se prontifica a chamar uma das hebréias para servir de ama do menino e que pudesse criá-lo. A filha de Faraó aceitou de bom grado.
Não deu outra. Quem Miriã chamou?
– Joquebede, a própria mãe do menino, sem que ninguém soubesse do plano.
Então a filha de Faraó contratou os serviços de Joquebede fazendo-lhe um salário pelos cuidados que iam ser prestados.
Depois de grande, Joquebede trouxe o mocinho à filha de Faraó, da qual passou a ser filho. Esta lhe deu o nome de Moisés, cujo nome significa “salvo das águas” .
Deus é o dono e senhor da história.
Assim, ironicamente, vemos o plano de Faraó sendo prejudicado pela própria filha.
A mamãe Joquebede se tornou outra vez mãe do nenê tirado das águas, que não era outro, senão o seu próprio filho. Moisés foi o seu nome, foi educado na corte, mas isso não o impediu de ser mais tarde o libertador do povo de Israel da escravidão do Egito.
Fechamos aqui o parêntese aberto anteriormente, quanto a Sifrá e Puá, as parteiras hebréias. Elas eram mulheres sozinhas e a história bíblica confirma que ambas foram abençoadas com famílias.
Concluímos também que ser mãe não é apenas uma mulher engravidar e gerar biologicamente uma criança, mas sobretudo é aquela que verdadeiramente é, e assume seu ofício, que se dedica e tem consciência que os filhos não são qualquer coisa, são seres especiais, são herança do Senhor, como diz o Salmo 127 verso 3.
Joquebede é uma inspiração, um exemplo como mãe; é um exemplo também de fé e confiança em Deus. Ao colocar Moisés naquele cesto e depois nas águas do rio Nilo, ela estava agindo impulsionada e crendo na providência divina. A mulher ao se tornar mãe ela não somente é uma mulher que crê, mas também que ora e zela pelo filho e o entrega aos cuidados de Deus.