VALIDADE NATALINA VENCIDA

Dorinha está muito indignada. Seu namorado, Antônio, só lhe deu o presente de Natal no dia 27. Com dois dias de atraso. Não; dois dias, não; três, porque o dia dos presentes não é o 25, e sim, o dia 24; véspera de Natal.

No íntimo, a moça pensou até em perdoar Antônio. Pensou, mas logo retrocedeu. Martelaram mais forte no seu coração, aquelas indagações bem típicas. Tão típicas quanto a ceia natalina e a própria troca de presentes.

Para Dorinha, nada justificava o fato de receber presente quando os outros já tinham recebido. Inclusive o Antônio que ela presenteou, mais do que religiosamente, relogiosamente em dia, com um belo e caro relógio de pulso.

Que história é essa, de presentear a namorada em data vencida? Que ousadia é essa, de um gesto não presenciado pelo coletivo? Que negócio é esse, de amar Dorinha depois que todo o mundo já amou todo o mundo?

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 24/12/2013
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