“O PROGRAMA DE RÁDIO”.

                                 (Micro conto).

 

Todos os dias as 13h00 h. aquele programa de rádio AM. Começava, naquela mesma emissora, o mesmo locutor que falava.

- Boa tarde queridas e queridos ouvintes! Começa aqui neste instante, “a minha música, a sua canção”.

Falta de sorte minha! Era exatamente a hora que eu acabava de almoçar... E tinha que sair para o trabalho.

O pior era que o programa começava com a música que eu amava... Com a voz do cantor que eu era fã.

Chateado eu saia deixando aquele programa que eu gostava, o programa ia ao ar de segunda a sexta, sábados e domingos não tinha o programa.

Foram dois anos vivendo essa chateação; cheguei até atrasado no trabalho por conta desse programa, era um programa muito envolvente, onde o locutor lia varias cartas de ouvintes, pedindo as suas preferidas músicas, e contando as suas histórias, amorosas, pessoais... Na verdade esse locutor era uma espécie de conselheiro sentimental, ele era muito bom nisso... Realmente convencia o seu publico com os seus conselhos.

Eu muito jovem, romântico até demais... Chateado com aquela situação, pedi demissão do emprego; sem quaisquer explicações plausíveis, para o meu empregador.

Ao ser liberado do emprego eu vinha pelas ruas transbordando de felicidade, “que não nos ouçam”, mas eu também não morria de amores por aquele serviço.

Era uma sexta feira de manhã; agora dava tempo de ouvir aquele programa, já que não poderia ouvir rádio no serviço... Faltando dez minutos para o programa começar, contente da vida eu vou ligar o rádio... Após ligá-lo, eu deito confortavelmente no sofá da sala, para enfim ouvir aquele preferido programa; quando soa aquele toque de suspense no rádio... Então a voz de outro locutor, que não era a tão conhecida voz que eu tanto gostava, começa a falar.

- Boa tarde queridas e queridos ouvintes! Infelizmente eu estou aqui para informá-los, que não mais haverá o seu programa, “a minha música, a sua canção”, motivo esse que com pesar anuncio o falecimento do nosso querido locutor titular deste programa, que foi vitima de um acidente de automóvel nesta manhã; boa tarde a todos, e tenham uma boa tarde! Ah! Eu queria pegar aquele rádio de pilhas e atirá-lo na parede! Eu queria rasgar aquele sofá que nele eu estava deitado, eu não acreditava no que eu acabava de ouvir... Mas era tudo verdade; eu não mais ouviria o meu programa preferido, eu estava agora desempregado por nada! Foi difícil de esquecer... Mas a vida seguiu seu curso, e com o passar do tempo tudo voltou ao seu normal; eu não era amigo intimo daquele locutor, mas foi como se eu tivesse perdido um ente querido da minha família.

                                           = FIM =