Os Cavaleiros do Apocalipse II

O primeiro Selo Sagrado

Após proferir aquelas palavras, o mestre ancião caiu inconsciente. Parecia morto. O grupo ficou muito tempo calado, observando a imagem do seu guia. Aparentava ter muitos anos, cabelos longos, lisos e brancos. Boca miúda e orelhas pontudas, face pálida como mármore lácteo. Na cabeça havia um pequeno cordão de couro negro que a circundava.

Enquanto o senhor não acordava, eles discutiam. Era um grupo formado por três rapazes e uma moça. Ainda assustados com tudo que lhes sucederam. Pensaram caoticamente no que tinha acontecido. Os corações temerosos com a possibilidade de reencontrar aquela figura cujo odor lembrava sangue pisado e decomposto. Que ser era aquilo? Como pode haver aquela coisa ácida a vagar pela terra? Medo. Muito medo em tudo. O jovem Uriel com voz trêmula disse:

___ Calma, pessoal! Não podemos perder a cabeça agora! Tenho certeza.... sim... eu sei que esse senhor vai explicar tudo isso... Ou pelo menos é o que eu espero... sim... isso vai acontecer...

O outro gritou:

___ Que calma o que, zé mane?! Você não viu aquilo?! Os olhos daquela coisa?! Calma, uma merda, veio!

Todos fizeram silêncio quando ouviram o choro da única mulher do grupo:

___ Eu to com medo... não quero morrer.

Foram ao seu encontro e abraçaram-na. Perguntaram-lhe o nome e ela respondeu chamar-se Sara. Nesse instante, preocuparam-se com os que estavam aos seus lados. O temor deu espaço à curiosidade da descoberta do outro.

O grupo era composto por Uriel, Natan, Pietro e Sara. Todos com dezoito anos de inexperiência.

Uriel era um garoto mediano. Olhos castanhos claros, cabelos lisos e curtos. Magro e sorridente. Usava um par de óculos, sem o qual não enxergara nada. Calça jeans, camisa de botão e um olhar de aconchego e calor. Apesar de muitos chamarem metido, ele sabia agradar e ser companheiro dos amigos. É um ser cujo coração parece convidativo e aberto a descoberta do novo.Calmo e estudioso: duas características que lhe proporcionaram o apelido de CDF no colégio. Era também muito frágil. Odiava brigas e tinha uma devoção especial aos amigos. Possuía a paciência dos seres criados para o amor. Embora sempre sorrisse, tinha uma coisa de oculto que lhe fazia triste. Enganava a todos com seu sorriso luminoso, mas no fundo era tristeza vestida de esperança.

Natan era o mais baixo do grupo, embora não fosse o mais novo. Olhos claros com um leve tom esverdeado, cabelos castanhos muito claros e lisos cortados em estilo surfista. Corpo atlético, sorriso de esperteza e muita valentia. Bermuda jeans e camiseta com símbolo de graffit. Era o mais destemido do grupo. Para defender os amigos caía aos socos, mesmo que soubesse que levaria a maior surra. Foi criado na rua e conhecia a malandragem do mundo com a inocência de menino do interior. Dizer que era corajoso seria resumir um estado de espírito que transcende os caminhos do existir. Sua coragem era expressão mais aquosa de um espírito que não teme os riscos de saltar de um lugar alto em busca do inevitável.

Pietro era alto e calado. Usava roupas pretas e ficava sempre longe do grupo. Olhos negros, pele de um tom bronzeado, braços fortes. Cabelos lisos cortados de maneira a cobrirem os olhos, o que lhe dava algo de misterioso e secreto. Briguento quando lhe pisam no pé e indiferente quando anão lhe agrada a pessoa. Não se sabe muito dele. Seu silêncio impede qualquer conhecimento de si. Um olhar que vasculha a todos como se buscasse no recanto mais escondido das almas algo de impossível, mas coberto de nuvens brancas. Às vezes, era dúbio nas ações. Quando todos apostaram em uma negativa, ele surpreendia a todos com um sim. Sara o viu chorando. Desnecessário dizer que negou muito, mas no fundo era humano também, embora se fizesse de pedregoso e impenetrável. Nunca lhe roubaram um sorriso, antes ficava no seu canto sozinho. Curtia a solidão das árvores. Só, mas seu peito também pedia carinho.

Sara é a flor do grupo. Sensível, meiga, carinhosa e chorona, nunca saiu muito longe sem os pais e por isso estar naquele lugar lhe era muito penoso. Foi criança criada em estufa de carinho, sempre leve e vaporosa. Olhos azuis claros, chorões, cabelo cacheado e cheio de presilhas de borboletas de várias cores. Vestido rosado e blusa verde-cana. No momento chorava. O que fazer quando não há ninguém para protegê-la? Medo de tudo, das pessoas estranhas e um imenso desejo de confiar no outro. Seu coração era repleto de estrelas.

Acenderam um pequeno fogaréu dentro da cabana. Estavam unidos pelo temor do desconhecido e pensavam no quinto elemento. Quem seria? O que poderia ter sucedido a ele? O ancião precisava acordar, senão o que fariam eles? Não conseguiam dormir assustados com ruído aterrorizantes que produziam vibrações no solo. Suas mentes eram um amontoado de confusões e incertezas. A floresta estava opressiva e ampla do lado de fora, mas dentro quatro corações se uniam para enfrentar o Grande Mal. Somente unidos poderão impedir a abertura dos sete selos sagrados.

Finalmente o corpo venceu a luta contra o medo e todos dormiram o sono dos cavaleiros de espadas de fogo.

Nos mais profundo abismo da terra um riso sombrio ecôo pelas extremidades da terra. E o primeiro selo sagrado foi aberto.

Próximo capítulo: Nossos heróis começaram sua jornada. E o primeiro objetivo será salvar o quinto elemento que se perdera do grupo.

Não deixe de ler o próximo episódio: O quinto elemento.

Amael Alves Rabelo Júnior
Enviado por Amael Alves Rabelo Júnior em 31/10/2005
Reeditado em 01/11/2005
Código do texto: T65693
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