A BAIANA - Cap. XIX

A BAIANA

XIX

Hoje domingo. Josy está inquieta e pensativa em relação ao que terá acontecido ontem com Francisco. Este não apareceu como é hábito e pior ainda, nem mandado. Aproxima-se a hora da missa a que Francisco nunca falta e nada. Josy aguardou até ao limite de tempo possível para a hora da missa e como Francisco não tivesse aparecido, resolveu despir-se e vestir novamente a roupa de trazer por casa. Não quis ir à missa sem a companhia dele. Sabia que a sua ausência seria objecto de reparo nas pessoas e que os comentários emergentes, por certo, não seriam também abonatórios. Esta rotina de namoro ao sábado e missa ao domingo, nunca havia sido rompida. Pior sem dar uma explicação.

Josy mergulhou em completo desassossego interior e em embrionário estado de ansiedade. Choros por trás das portas tomaram lugar. Os olhos vermelhos, inchados, com evidentes sinais lacrimejantes, faziam-na isolar-se. Para se tranquilizar foi para as traseiras da casa chorar até dizer basta. Achava que se chorasse tudo, ficaria mais tranquila. Se o sábado custou a passar, a hora da missa de domingo foi de extremo sofrimento. Ela não ir à missa? Provocaria suspeição e falatório nos mais atentos e ainda por cima, sabendo que sobre ela há enormes invejas das jovens e mães destas, pelo namoro com um futuro médico.

Depois dos intensos e convulsivos prantos, Josy regressou das traseiras da casa, meteu-se no quarto, fechou-se e o único contacto com o mundo fazia-se por trás das cortinas. O relógio era olhado quase minuto a minuto. O tempo parecia parado. Até que por volta das doze horas e trinta minutos, bem lá ao fundo da rua, a silhueta de Francisco emergia até à confirmação. Josy alivia-se da angústia à medida que Francisco se aproxima. Correu ao portão para o receber. Aguardou mais dois ou três minutos. À chegada dele atirou-se ao pescoço, abraçou-o, beijou-o e deixou cair algumas lágrimas, agora de contentamento. Por alguns instantes apenas se olharam sem soletrar uma única palavra. Francisco passou-lhe para a mão a embalagem de pizza comprada na Pizzaria Don Rafaello. Josy reparou que a embalagem era de Salvador. Aguardou estar mais tranquila para poder falar tudo o que achava e que segundo ela, Francisco deveria ouvir. Afinal o comportamento dele não foi nada edificante. Foi pousar a pizza na mesa da cozinha e regressou até junto dele.

Josy estava estupefacta com o procedimento de Francisco e quis tirar tudo a limpo, olhos nos olhos. Interpelou-o sem dó nem piedade.

Diálogo:

- Que se passa contigo? Estiveste doente? Porque não me avisaste?

- Não estive doente, felizmente.

- Então?

- Há última hora, Elaine endereçou-me convite para irmos a Salvador. Nem tempo tive de te avisar.

- Ir a Salvador? As aulas só começam daqui a dois meses. O que foste lá fazer? Posso saber?

- Claro que podes e deves saber. Fomos tratar de assuntos ligados à academia e alugar alojamento.

- Hum! Então isso justifica a tua ausência e pior ainda sem aviso! Muito bem.

- Não fiques chateada.

- Pois não… Põe-te no meu lugar. Como reagias? E que tal ela?

- Ela o quê?

- Sim, ela. Portou-se bem? Fostes só os dois, presumo. Deu para uns olhares mais…

- Mais quê?

- Mais íntimos, insinuantes. Já é a segunda vez que me confrontas com aquela lambisgóia. A última foi na esplanada do Bar Juventude. Lembras-te?

- Deixa-te de patetices. Elaine é uma moça bem formada, com educação de primeira. Só na tua cabeça…

- Ou me engano muito ou ela ainda um dia te vai dar a volta.Vai-te armar uma laçada… Eu não estava assim tão seguro, como dizes estar.

- Que tem haver amizade com amor? A ti amo-te, a ela dispenso-lhe amizade, percebeste?

- Ai sim? Onde está a fronteira do amor e da amizade? És capaz de definir?

-O que te faz falar, é ciúme doentio. É falta de confiança. Não sejas possessiva. Confia e verás que a amizade que tenho por ela como colega de faculdade também pode ser partilhada por ti. Demais não fui a Salvador só com ela. Os pais também foram.

- Agora percebo porque não tiveste vontade que eu fosse. Calaste-te muito calado. Achas que eu não tinha categoria para me juntar a gente “fina”.

- Não foi nada disso. Elaine até disse para te convidar.

- Ai sim. E porque não o fizeste? Querias estar à vontade, não era?

- Muda de assunto.

- Não te está a agradar. Tens de perceber que a tua atitude não foi correcta.

- Está bem. Assumo. Põe uma pedra em cima e fala de coisas mais interessantes. Desculpa, não fiz por mal.

Josy resolveu deixar por aqui a interpelação. Entendeu que seria suficiente para prevenir situações futuras. Acha que em Salvador, Francisco e Elaine juntos, representam uma ameaça ao namoro. Por isso, sempre que pode, salta-lhe com recomendações. Não as poupa. No Francisco estes avisos funcionam como caixa de ressonância e avisadoras dos limites ao seu envolvimento, provocando-lhe constrangimento.

Este confronto foi selado com um mão-na-mão e um beijo. Josy mandou Francisco subir para a cozinha e todos partilharam da pizza que ele ofereceu e que havia sido comprada em pizzaria de renome.

D. Gertrudes também disse algumas “palavrinhas” que passaram ao lado de Francisco. Este não estava para ouvir outra “dose”, muito menos da futura sogra.

Olegário quase nem falou, a não ser para elogiar a qualidade da pizza, que nunca tinha comido. De resto, ainda não está refeito da “vergonha” que passou com a cunhada. Continua depressionado, encontrando como causas, os malfadados sete gatos pretos e a sua fiel depositária, Maria do Tanque, que com vida noctívaga e misteriosa, o faz pensar se não terá poderes ocultos. São preocupações a mais, que ainda lhe ocupam horas de reflexão. Quando se sente anímicamente mais forte, diz que ainda irá vencer esses entraves, contudo quer fazer essa “visita”, com a certeza de êxito.

Depois de terem serenado os arrebatamentos de ciúme, Josy quis saber ao pormenor “coisas” da viagem a Salvador. O que trataram na universidade, onde almoçaram, o que viram, se alugaram alojamento. Tudo quis saber.

Francisco satisfez essa curiosidade até à exaustão. Quando falava de Elaine, Josy procurava ler-lhe nos olhos, se estes tinham mais brilho que o habitual ou não. Procurava interpreta-los. Acha que nos olhos se perscrutam “sinais” que não enganam. Irá dar atenção, agora mais do que nunca a essa relação de proximidade. A ausência de Francisco em tempo de aulas, vai deixá-la com sérias preocupações. Mais ainda, desde que Francisco disse que a D. Francelina é muito simpática…

Josy apesar de jovem, sabe que D. Francelina, com todo o seu saber feito de experiência de vida, poderá influenciar a filha, no sentido de esta se revelar tendencial e pensadamente simpática.

Aliás, Francisco de modo informal, foi dizendo sistematicamente bem de D. Francelina, senhora pouco conhecida na sua personalidade, da população de Tucano. Do Dr. Jesualdo, toda a gente diz bem, porque lhe conhecem a bondade que põe no desempenho da medicina, com elevada sensibilidade para com os deserdados da vida. Mas o “enigma” D. Francelina e as boas referências de Francisco, deixam Josy preocupada. Muito preocupada. Sabe da influência que uma mãe pode exercer na conduta amorosa de filhas, tal como no caso dela, que sem apoio da mãe, teria desconfiado dos amores de Francisco. Nunca mais irá ter tranquilidade, embora Francisco lha reitere por palavras, mais que por desempenho. A forma discreta de se envolver no namoro também deixa Josy apreensiva. Acaba por dar consigo muitas vezes a pensar se o moço que lhe manda poesia, não teria sido a pessoa ideal para namorar e a fazer feliz.

Quem será a pessoa a mexer com ela e a “questiona-la” a si mesma, perguntava e também perguntava se aquele jeito de namorar de Francisco era natural ou se por défice de amor. Dois enigmas que preocupam Josy e que só o tempo irá esclarecer e mostrar toda a verdade.

Romeu mantém-se firme e determinado na prossecução da estratégia de desgaste psicológico de Josy. Ele não sabe, mas esta já se questiona e algumas vezes se desmoraliza. Este facto acontece cada vez mais e Josy ao ler à noite as poesias reactiva a confiança que deve ou não pôr em Francisco.

Josy tem momentos de indefinição sentimental, contudo quer evita-los para que não sinta sofrimento e também porque Francisco lhe promete amor eterno. É nisto que ela quer acreditar. Num momento de mais clara e sensata reflexão, acabava a dizer a si mesma, que não via mal nenhum Francisco ter na Elaine uma amiga. Quem sabe se até nem irá precisar da ajuda dela num momento menos bom. Quanto aos poemas, dizia que devia ser algum platónico. Portanto não é para levar em conta.

Em Romeu não há sinais de tristeza. A ocupação no Centro de Dia, onde as velhotas o tratam por “Meuzinho”, enchem-no de satisfação. Recebe delas afagos que o fazem feliz. Sente que as velhinhas o acarinham por amor. Algumas enchem-no de beijos, então a D. Joana e a D. Amélia fazem trinta por uma linha com ele. Querem ensiná-lo a dançar (Nunca foi um jovem dado a bailaricos). Romeu ri-se da boa disposição e da dinâmica destas “avozinhas” e aceita com pachorra estes pequenos caprichos de quem regressou à idade do mimo.

Com os homens é diferente a relação. Alguns deles, os mais extrovertidos contam feitos da mocidade, que Romeu escuta com atenção, chegando até a falarem de heroicidade sexual. Romeu ri-se incontidamente. Chegam até a dizer que a mocidade de agora não é nada como antigamente. Diziam, nós no nosso tempo se víssemos as moças como agora andam vestidas, com as pernocas e as maminhas à mostra, não descansávamos enquanto não as “galássemos”, vocês agora com uns beijinhos já ficam contentes, não pedem mais. E mais, tudo o que fazíamos era bem escondido, não como agora que se beijam na rua, bares, em qualquer sítio. Vocês nem sabem o prazer que dava fazer tudo e mais alguma coisa, mas no escondidinho...

Ai Romeu Romeu, esta geração está em declínio.Pensas que no nosso tempo havia “bichas” como agora? Nem penses. Um dos velhotes dizia que ouvia falar que havia um, a quem chamavam Julinho Sete Cus, que era bicha, mas num raio de trinta a quarenta Quilómetros não haveria mais nenhum. Agora são como cogumelos, aparecem em qualquer lado, diziam.

Romeu estava atento ao relato da juventude de quem viveu duas gerações antes dele. Via-se nele sinais de espanto. Pensaria, como tudo está mudado. Em todo o caso, também não se revia neste último relato dos “avôs”, bem pelo contrário, sentia desejo e grande por mulher, de tal modo que encontrou nesta conversa estímulo para passar pela biblioteca para as habituais transcrições poéticas.

CIÚME

Rainha das mulheres

Te chamei eu um dia;

Recordas-te? Podia

Dizer-te ainda como

Ias então vestida.

Ai meu vedado pomo!

Sonho da minha vida!

Não me passou ainda

Nem passará jamais

Aparição tão linda,

Curvas tão ideais!

O garbo, a majestade

E a singeleza, a graça

De teu vestido cor

Da roxa saudade

Ainda me não passa:

Que é dele, meu amor?!

A graça, o ar de alvéola

De virgem vaporosa,

Que ao longe se adivinha,

De longe nos atrai,

E quando se avizinha,

Quase que a gente cai

Em muda adoração…

Que é senão essa auréola

Que cerca a formosura

De uma alma ainda pura!

É esse um privilégio,

Que a gente não pratica

Jamais o sacrilégio

De atribuir em vão!

Uma divina graça

Que até nos santifica!

Um circulo, um clarão

Que banha a vista e passa

Da vista ao coração!

Eu vejo-te e sorrio,

Celeste criatura!

Que me enche de ventura

O coração vazio?

A rosa espalha em torno

Deliciosa essência;

Tu, esse fluído morno

Que anula esta distância

Da nossa residência!

Sinto-te a influência

E aspiro-te a fragrância!

Não tinha o pobre monge

Dentro em sua alma o Céu?

Assim também sou eu!

Não vai de aqui ao sol

Distância imensa? Eu cuido

Que te irradia um fluído

Simpático mais longe…

À noite que o lençol,

Neste calor que vai,

Quando te deitas cai

Sobre o teu seio…eu sinto!

E sabes que não minto:

Oh! Se pudesse ser…

Tu és mulher, presume

O que eu não sei dizer…

- Mordia-o de ciúme…

Rosa Maria aceitou a proposta da mãe para ir ao médico a Salvador, para consulta no Dr. Jivago, reconhecido especialista em medicina interna, na área de ginecologia e obstetrícia. Sabe muito bem que vai lá dar um passeio e que o Dr. Jivago, apesar do muito mérito, não será ele que a vai curar. A sua doença é dos sentimentos, é de males de amor. Sabe a quem se dirigir. De Romeu recebeu parecer credível em relação ao tipo de consulta e de médico a quem recorrer. O Dr. Jivago também se apercebeu que a cura da doença, não passava pelas suas mãos e veladamente foi dizendo que um rapazinho da idade dela seria o ideal para a fazer feliz e a curar. A mãe, D. Miquelina, retorquiu dizendo que ela ainda é muito nova para namorar, que primeiro estão os estudos.

O Dr. Jivago receitou apenas vitaminas e sais minerais. Disse-lhe que não valia a pena ir lá mais com ela, nem a qualquer outro, na mesma área de especialidade. Recomendou a D. Miquelina que não se esqueça do que lhe havia dito há pouco, “o tal rapazinho que esta jovem merece e precisa”. Disse-lhe também que nesta idade se deve dar outro tipo de apoio, que não é só estudar e que o coração está a despertar, é preciso alimentá-lo, e este alimento não se compra nas padarias, talhos ou supermercados, percebeu? Virou-se para Rosa Maria e disse: a tua mãe nem sempre tem razão, porque há razões que a razão desconhece. Eu sei que tu sabes qual é a tua doença. Procura estudar e amar. Que um não faça perder o outro. Não te quero ver mais aqui, que não seja por razão justificável.

Rosa Maria, com um ligeiro aceno de cabeça evidenciou cumplicidade. O Dr. Jivago, gostou desse gesto, porque fez chegar a mensagem pretendida à jovem e mais ainda porque também alertou a mãe para eventual conduta incorrecta na educação e orientação da filha. Por sua vez, Rosa Maria estava super satisfeita. Quando partiu para Salvador não pensaria que a consulta do Dr. Jivago fosse tão certeira no diagnóstico. Regressou optimista com o desmentido do médico, que confirmou aquilo que ela havia dito à mãe em tempos.

Regressadas a casa, mãe e filha falaram pelo caminho acerca da consulta, sempre com a D. Miquelina desconfiada do desempenho do Dr. Jivago. Custa-lhe a acreditar que amar também desencadeie perda de apetite e peso e perguntava-se se ele não estará mas é enganado e se a doença não será então de mau-olhado ou inveja. Dizia mesmo à filha, que se deveria ir a Milagres ao bruxo mais famoso da Baía, porque lá teria a verdadeira certeza da cura.

Rosa Maria ouviu tudo isso sem retorquir palavra, mas quando se encontravam as duas em silêncio absoluto, resolveu falar à mãe, e dizer-lhe que sabia a maneira de resolver o seu “mal” e que até conhece uma situação igual, que foi um caso de sucesso de cura.

D. Miquelina quis então saber que caso era esse, ao que Rosa Maria respondeu: Romeu.

Seguiu-se o seguinte diálogo:

- Olha filha, Romeu era um caso de fome.

- Era sim, mas não era só de fome.

- Não era só de fome? Como não era? Fomos nós e outros como nós e ultimamente o Centro de Dia, pela mão da D. Margarida, que o tratamos.

- Essa doença que nós ajudamos a curar, era aquela que estava à vista. De subalimentação. Mas a verdadeira doença dele, aquela que o fazia mais sofrer, só o Dr. Jesualdo lha curou.

- Nunca ouvi falar de mais nenhuma doença, que o atormentasse.

- Pois não. O Sr. Calixto era o confidente dele, só ele e mais ninguém, sabia o sofrimento que o atormentava. E ele, como amigo, deu-lhe o melhor conselho que muitos pais não conseguem ou não sabem dar. Os pais sempre tiveram a mania, que em relação aos filhos, sabiam tudo.

- Eu só quero o melhor para ti.

- Eu sei disso. Mas o que a mãe não sabe, é como lá chegar. Pensa que pela sua cabeça, resolve os problemas que vão na minha.

- Estou cheia de te ouvir. Levei-te ao melhor especialista de Salvador. Agora proponho-te levar ao melhor bruxo da Baía. Que mais queres? Achas que não me estou a esforçar pelo teu bem-estar?

- Está sim. Boa vontade não lhe falta. Mas não chega. O que quero está perto de casa. Aliás, já há muito podia estar resolvido. Não quis nunca falar-lhe, porque sabia que as suas ideias fixas não me permitiriam fazer a minha escolha.

- Lá vens tu com a mania de que já sabes tudo. Faz o que quiseres, depois não te queixes. A tua inexperiência de vida pode-te levar mal.

- Deixe então comigo. Quero ser eu a resolver o meu problema e quero fazê-lo sozinha. Vai ver que em pouco tempo estarei boa.

- Então como vais fazer? Conta, estou curiosa.

- Ora, vou ao Dr. Jesualdo, aqui bem perto.

- Olha menina, o Dr. Jesualdo é muito bom médico, mas não é para esses males que tu dizes ter…Não acredito. Por mim ias ao bruxo Caló, de Milagres e aí sim, com poucas sessões vinhas de lá curada.

- Está bem. Essa é a sua opinião. Respeito, mas quero ter autonomia na escolha do modo e do meio de me curar.

- Vou-te deixar fazer o que queres, mas fica-te com a certeza, que não é da minha concordância. Se piorares não me pesará a consciência. Fiz e faria tudo pelo teu bem.

Terminou deste modo o diálogo mãe/filha, durante a viagem de regresso de Salvador a Tucano.

Rosa Maria em relação às vitaminas e sais minerais que o Dr. Jivago prescreveu, vai à farmácia de Tucano fazer o aviamento e tomá-los, porque sabe que a poderão ajudar a fortalecer nesta fase de perda acentuada de apetite.

Micaela anda cada vez mais empenhada em arrebatar para si o Alfredo. Casar seria o melhor passo a dar. O cunhado não é solução para coisa nenhuma, a não ser para apagar o fogo do desejo, mas com as reacções que o Olegário teve, o fogo ainda se activa mais e então o pensamento corre para o peixeiro. Ainda assim, irá dar outra oportunidade ao cunhado, pelo mérito e valor das prendas. Jura que, se desta vez não “acontecer” nada, nunca mais se encontrarão para esse fim. Um dia destes vai a casa dos cunhados para tentar “apalpar” reacções e se puder, falar com Olegário, mais com os olhos do que com palavras. Quer-lhe adivinhar os índices de optimismo que lhe vão na alma.