TAXI PENICO (pequenas empresas grandes negócios)

Havia um sujeito que o grande sonho da sua vida era ter o seu próprio negócio e ser um empresário de sucesso. Ele vivia cheio de idéias mirabolantes e geniais, muitas delas bastantes inteligentes e que, com certeza, dariam certas se postas em prática, só que nunca tinha o capital suficiente para executa-las. Possuía muita confiança em si mesmo e sabia ser capaz de empreender um grande negócio, mas nunca tinha condições financeiras para começa-lo.

Já tinha pensado em montar uma franquia de uma loja de uma grande rede, como o Mac Donald’s, que sabia ser um negócio garantido e de retorno financeiro certo, só o dinheiro que ele tinha para aplicar era muito pouco e não bastava. Todos os empreendimentos que sua mente imaginava, com certeza de ser um grande negócio, ele não tinha como executa-los, pois sempre o seu dinheiro não dava.

Um dia esse sujeito estava observando um homem embriagado tentando pegar um táxi. O motorista se recusou a levar o passageiro, por saber que ia ter trabalho com ele, e o deixou ali mesmo.

Ele então se aproximou do bêbado e lhe falou:

- Olá amigo, você quer ir pra onde? Paga a gasolina pra mim que eu te levo.

- Eu vo... vou pro Jardim... dim Elena. Já tentei pegar quatro táxi, mas ningue... guem leva eu. Achoo que é... é porque to... to um puquinho beudo. Se você me... me leva eu pago a gás..lina e te do dez real.

- Tudo bem, negócio fechado.

Ele pegou o seu Karmanguia, que estava ali do lado, que tinha os quatro pneus lisos, era todo amassado, com a pintura judiada e o escapamento amarrado com um pedaço de arame. Colocou o bêbado dentro dele e o levou para onde ele ia.

No percurso aconteceu o inevitável. O bêbado vomitou no estofamento rasgado do carro e incomodou ele, com um monte de bobagens que dizia o tempo todo, até acabar dormindo (desmaiado) com a baba escorrendo de sua boca.

Quando chegou no endereço, que o bêbado havia lhe dado ao entrar no carro, ele teve de carrega-lo até dentro de sua casa, pois não conseguiu acorda-lo e só recebeu o dez real porque inteligentemente os cobrou antes de trazê-lo.

Na volta, envolvido pelo cheiro azedo do vomito deixado pelo bêbado, ele vinha sorrindo e feliz, certo de ter encontrado a idéia certa e que agora poderia ter o seu sonho realizado.

Foi ao banco retirar todo o dinheiro que tinha para aplicar nessa sua grande idéia. Comprou com ele um Gordine e um Fusca, nas mesmas condições do Karmam Guia que já tinha, e com eles montou uma frota de táxis. O pouco que sobrou ele usou para fazer a publicidade de seu novo negócio nos classificados de vários jornais.

Os anúncios colocados por ele diziam:

TAXI PENICO

Transporte de bêbados em péssimas condições.

Serviço garantido, feito por motoristas especializados,

com a entrega do passageiro em sua cama

seja qual for o seu estado de embriagues.

O preço da corrida é variado com o estado do passageiro

e pelo trabalho que ele der ao motorista,

com o acréscimo marcado na tabela abaixo

Dez reais cada vez que o passageiro vomitar dentro do carro

Quinze reais caso ele mije nas calças

Dois reais por cada mancha feita pela sua baba no estofamento

Cobrança dobrada no caso do passageiro errar de endereço

e mais um acréscimo de 100 reais se o motorista tiver

de encontrá-lo sozinho para fazer a entrega dele.

Finalmente ele tinha conseguido por em prática uma de suas idéias com o parco capital que possuía. Tornara-se um empresário bem sucedido e os bêbados de sua cidade, que eram em grande número, não teriam mais dificuldade para conseguir um táxi quando estivessem completamente embriagados.

CARLOS CUNHA o Poeta sem limites
Enviado por CARLOS CUNHA o Poeta sem limites em 04/10/2007
Reeditado em 05/10/2007
Código do texto: T679805
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