A Primeira Composição

Apareceu um belo dia na casa de meus pais , no bairro Renascença um jornalista à minha procura . Apresentou-se como André Carvalho, sujeito curioso, elétrico, de mil palavras ,que já chegou chamando a atenção de todos no bairro,pois dirigia uma “Romiseta”, espécie de Lambreta, com cabine de direção e duas rodas trazeiras. E ele ,pequenininho ali dentro, parecia uma figura dos fantásticos filmes da Dysney.. Assim que apareci para receber o cara, ele despejou sobre a mesa um calhamaço de papeis datilografados e foi logo ao assunto: É o seguinte: Apresentei ao Dirceu Sheib, da gravdora Bemol, este projeto de uma coleção de discos infantis chamado “Histórias de bichos e de gente”. Ele me falou de você e entãoi vim te propor musicar quinze historinhas pra serem gravadas neste disco.As letras estão aqui, só faltam s músicas. Temos três meses pra começa a gravar a coleção..

“_ Deixa ver se eu entendi,respondi...: Você quer que eu faça as músicas sobre quinze letras que estão prontas aquí , para serem gravadas daqui a três meses? “É exatamente isto, você topa? Nosso pagamento será em Direitos Autorais, com a venda dos discos...respondeu ele....

.”Mas, peraí; Eu nunca compuz nenhuma música ; “Pois então começa agora”..., insistiu o cara da “Romiseta”.

Mas rapaz...Voce acha que compor é assim senta e compõe?.Imagino que a pessoa tem que ter inspiração,que não tem hora pra chegar e pode vir ou não vir...Argumentei...”Bem...insistiu o André Carvalho, eu deixo as histórias com você e você vai tentando, sei que vai sair.Se você toca tão bem como dizem, pode fazer música também... Me deixou meio estupefato em pé na sala ,recolheu seus papeis que sobraram e se dirigiu para sua “Romiseta” estacionada emfrente à porta da casa, nesta altura já estava rodeada pela molecada do bairro,desconfiada e curiosa pra saber o que era "aquilo". Disco voador, não devia ser,pois tinha rodas.Só três, mas tinha. Pois o André entrou na geringonça, e saiu ,Tróóóóóó-tó--tó-tótó.... para alegria da garotada.Sentei-me numa cadeira no alpendre e comecei a ler imediatamente as tais”Histórias de bichos e de gente”A primeira era “a minhoquinha Dedé”, ,que ao mergulhar, deu de cara com um peixe que era vegetariano, que, apesar de todo o espanto e medo dela, só queria mesmo era conversar e fazer amizade. Depois vinham a da Borboletinha, do Elefantinho, por aí afora...Fiquei ali pensando...Gente, que “furada” em que me meti, nossa senhora!Bom, vou ler um pouquinho todo dia pra ver se vem a tal inspiração... E me esqueci daquilo e voltei à minha vida normal.De vez em quando cruzava com o André pelos corredores da Bemol, ou nos bastidores de algum Show e lê perguntava: “Como é que estão as nossas música das historinhas”... e Eu, atônito: “Pois é... ainda não fiz, Tou esperando a visita de Dª Inspiração...Já li as histórias todas”...Notei que ele passou a me olhar com uma certa desconfiança... Fazer o quê?... Pensa que é fácil?...Passou-se o tempo; Um belo dia chegou atabalhoadamente em frente à minha casa, a tal “Romiseta”....Tróóó-tó-tó-tó-tó-tó..... e pula o André lá de dentro, com cara de poucos amigos..”.É o seguinte...começou ele: O Dieretor da gravadora já marcou a gravação das historinhas pra começarem na Segunda-feira (Lembro-me que estávamos numa quinta-feira) Se não chegarmos lá com tudo pronto, perderemos a chance de participar deste Projeto....Nos encontramos lá na segunda-feira,ta?. Tchau...”Ai, meu Deus e agora...Naquele momento se revelou uma característica minha ,não muito saudável, que me acompanha até hoje. “Trabalho melhor, sob pressão”;

Os prazos muito longos me incomodam mais que os prazos curtos, ou mesmo a falta de prazo! Alí mesmo no alpendre da casa, depois de buscar lá dentro, um violão , Comecei a ler a primeira letra pensando: Como é que eu gostaria de ouvir isto, se fosse cantada? “A minhoquinha Dedé/Foi dar um mergulho e levou um grande susto/... Agora cantado:”A minhoquinha Dedé/ Foi dar um mergulho e levou um grande susto/ minha voz entoava uma melodia inventada pra cobrir aqulas palavras e automaticamente o violão fazia o acompanhamento como se fosse uma música pra criança. Mais alguns minutos e saiu: “a minhoquinha Dedé/ Foi dar um mergulho e levou um grande susto/ Deu de cara com o peixinho Benedito/ Per deu a voz e só falou a muito custo:/ Seu peixinho, deixe de ser calculista/ Me engula logo, já que entrei pelo cano/ Um momento prezadíssima minhoca/ Acontece que sou vegetariano!.Pronto, a primeira estava pronta. Peguei um caderno de folhas pautadas pra música e escrevi a melodia, com a letra em baixo, acompanhando as notinhas. Aproveitei o embalo e partí pra segunda... Era quinta....Trabalhei naquilo,sexta,sábadodomingo;Segundafeira,às oito horas da manhã,cheguei ao da Bemol com o caderno de música na mão e as quinze músicas prontinhas...Foi meu “recorde”.

.Resultado: Era quinta feira...Trabalhei naquilo,sexta,sábado e domingo ;Segunda feiraàs às 8 horas da manhã,cheguei ao Stúdio da Bemol com o caderno de música na mão e as quinze músicas prontinhas...Foi meu “recorde”.

Tive utra paeceria com André Carvalho , fora das historinhas,naquela mesma época, (final dos anos 70) Fizemos a música “Canção de Perdoar”que foi classificada e ficou entre as 45 finalistas,entre mais de setecentas concorrentes ao “Festival Internacional da Canção”,(FIC), e apresentada no Maracananzinho, Rio de Janeiro,naquele mesmo ano. Daí em diante "tomei gosto!"

A maioria delas está aquí no Recanto, na sessão "Áudio".

Aecio Flávio
Enviado por Aecio Flávio em 07/11/2007
Reeditado em 08/11/2007
Código do texto: T727041