Passeios por outros universos

Quando a nave pousou, depois de mais de duas semanas de viagem, respirei fundo; novamente iria pisar em solo firme depois de tanto tempo no espaço, por onde andei vivendo apenas das lembranças e recordações das coisas que havia deixado para traz quando partira para aquela aventura.

Aventura no sentido de novidade, pois na realidade tudo aquilo fazia parte de uma rotina dos povos que habitavam aquele mundo já há muito tempo.Eram viagens empreendidas entre um mundo e outro, onde se pretendia supervisionar os andamentos das obras que haviam sido iniciadas há milhares de anos.

Eu, no entanto, poucas vezes viajara, pois as minhas obrigações de caráter mais burocrático quase me impediam de me deslocar para tão longe e ficar por tanto tempo fora dos gabinetes, onde exercia minhas tarefas.

Antes mesmo de descer, olhei pelas janelas, tentando divisar alguém do meu gabinete a me esperar, pois avisara através do nosso sistema de comunicação, dias antes de empreender a viagem de retorno.

Apenas os costumeiros encarregados da manutenção da nave se encontravam ali, prontos para as vistorias e possíveis reparos para que a mesma pudesse retornar novamente ao espaço em mais uma viagem, em qualquer direção do universo.

Nada de novidade parecia haver para os que chegavam e mesmo para os que aguardavam a nossa chegada que fora previamente anunciada. Distâncias tão grandes eram vencidas em frações de segundos e nada afetava os viajantes que sempre retornavam como se estivessem de férias ou mesmo em uma viagem de rotina.

Nos padrões terrestres, teríamos que viajar mais de 20 mil anos-luz para alcançar o nosso alvo do momento. Entretanto, com o novo sistema de navegação que já completara milhares de anos, podíamos empreender uma viagem como aquela em pouco mais de duas semanas.

As curvas do tempo, os espaços interdimensionais e mesmo as brechas que conseguíamos abrir no tempo, possibilitavam-nos viajar em qualquer direção e distância em pouco tempo, sem que nada fosse afetado.

A teoria de que se poderia viajar à velocidade da luz, também cogitada pelos terrestres já há muito fora abandonada, pois não se tornara concreta devido a falhas no modo de processamento dos computadores que tínhamos a bordo e uma outra série de complicações que a teoria não havia previsto,muito embora a nossa evolução espacial tenha-se efetuado em outra direção.

Com o novo sistema inventado há milhares de anos, podíamos deslocar-nos sempre que quiséssemos, viajando para todos os lugares da galáxia e mesmo fora dela, sem provocar desgastes nas naves e mesmo nos tripulantes que ficavam protegidos das oscilações magnéticas e das deformações do espaço/tempo.

Nos últimos 10 mil anos nossa atenção voltara-se mais uma vez para o terceiro planeta daquele pequeno sistema solar que fica quase no extremo da grande galáxia oval, que os terrestres sempre chamam de Via Láctea.

Das obras-primas da criação da grande força que ordena todo o equilíbrio do universo, vemos o planeta laboratório que os humanos chamam de Terra, como um dos mais belos que podemos visitar.Na imensidão do espaço, os níveis de evolução variam de acordo com o tempo de criação, embora alguns tenham conseguido alcançar um alto estágio em menos tempo.

Os seus habitantes, no entanto, ainda vivem quase na selvageria, estágio que nós já deixamos para traz há mais de 100 mil anos. Travam batalhas insanas, defendendo absurdos, matando-se e defendendo a vida.Os valores que eles cultuam são formas bizarras que para nós não têm o menor sentido.

Apenas observamos a estupidez com que se batem e se matam, esquecendo-se que estão-se destruindo. As cidades são verdadeiras armadilhas onde poucos conseguem viver, o caos e o medo os dominam. E eles pensam viver e que são felizes. Ainda não sabem o que é felicidade.

Os rios estão sendo destruídos por lixo e toda a sorte de venenos que são liberados por indústrias que, segundo eles trazem o progresso. São doentes de corpo e de alma. O corpo físico sofre da incúria diante do que fazem e usam para viver. A alma se encontra doente por falta de real sentido da vida, ainda não descobriram o amor,embora ainda existam alguns poucos que se dedicam ao amor e à paz.

As florestas, com suas várias espécies que foram na maioria por nós plantadas, estão acabando para dar lugar às cidades onde a morte se torna a única certeza.

Os animais do terceiro reino estão sendo dizimados e muitos são mantidos presos e cativos, para o deleite dos imbecis que os têm prisioneiros. Ainda bem que não conseguiram interferir de forma direta no mundo dos sonhos e das fantasias, pois ainda não conseguiram abrir a porta para as outras dimensões.

Criam e alimentam mentiras para manter o povo cativo e, quando alguém ousa levantar a voz, contestar o sistema que tentam implantar, é logo calado, amordaçado e não são raras as vezes em que tiram a vida do “atrevido”.

Os seus governantes mais parecem bestas humanas, pois são estúpidos, ignorantes e se colocam perante o resto da população como os únicos detentores de poder e de conhecimento. Eles ainda não sabem o que é poder.

Cultuam um deus ganancioso e avarento, esperando que este lhes dê algo em troca da obediência cega. Julgam ser necessário para depois de sua morte.

Muitos falam de amor, porém ainda não conseguiram entender o verdadeiro sentido da palavra que serve de dinâmica evolucional em todo o universo.

Inverteram a polaridade, os conceitos que temos de equilíbrio não encontra respaldo no mundo dos terrestres. O amor virou sinônimo de sexo, que usam de forma desenfreada. O verdadeiro amor encontra-se escondido em locais de difícil acesso, pois o coração de cada um se tornou um labirinto tenebroso.

As relações de amizade e toda a forma de relacionamento são negociadas, inclusive o “amor”.

O mais importante para a maioria é o lucro, acumulam fortunas enormes pensando que conseguem carregá-las quando desencarnarem e deixarem sua vida que é muito efêmera.

Para conseguir os lucros, usam de toda forma distorcida de conduta, matam, mentem, roubam, trapaceiam, enganam, desviam verbas dos cofres públicos, remetendo para outros países ou lugares. Criaram corporações onde somente se visa o lucro. O real valor humano é esquecido em prol do enriquecimento de uns poucos, enquanto a maioria morre à mingua em habitações indignas dos próprios animais.

A classe política se dirige à população, promete-lhes aquilo que nunca poderão dar e estes aceitam as promessas como se fosse algo de propriedade exclusiva de algum mandatário.

O povo do planeta é dividido em vários grupos que eles chamam de nações e estas por sua vez, sempre são reféns de algum espertalhão que assume a direção e passa a explorar o povo, que serve apenas para trabalhar e esperar pelas promessas e mesmo de salvação após a morte.

A classe religiosa criou um deus que mais parece um tirano e, para justificar sua criação, alimentam um opositor a quem eles chamam de demônio, satanás etc, fazendo com que os ignorantes fiquem reféns das instituições religiosas, vivendo e esperando, no entanto, a recompensa de deus que, segundo os líderes religiosos, prometeu-lhes o céu.

Em nossas viagens através de todas os espaços, ainda não conseguimos deparar-nos com este céu criado pelos terrestres que é usado para enganar multidões de pobres almas que se encontram perdidas por falta de conhecimento.

O conhecimento passa a ser exclusivo dos dirigentes religiosos que nada esclarecem, apenas prometem aquilo que eles nunca poderão dar, uma salvação. O que ainda não conseguimos entender é como tanta gente ainda acredita em tais mentiras e sentem medo de pensar.

Parece que a maioria gosta de ser enganada, pois tentamos, por diversas vezes, através de nossos enviados, esclarecer o povo da verdade sobre o Criador, porém poucos aceitam ouvir-nos e por vezes dizem que somos demônios ou estamos possuídos por este demônio que os pastores e sacerdotes criaram para alimentar o medo do povo.

A nossa aparência quase que idêntica aos humanos nos favorece em nosso trabalho, pois podemos transitar livremente entre eles sem que sejamos reconhecidos, embora a maioria nem acredite em nossa existência.

Há certos grupos, principalmente os religiosos, que dizem que nada existe além do planeta Terra. Outros terrestres afirmam que eles ao os únicos filhos do criador. Para eles não existimos e isso de certa forma nos facilita em nossa missão de ajudar os pobres seres deste planeta-laboratório a que eles chamam de Terra.

Um dos nossos, em breve, voltará a ensinar de forma ostensiva a todos aqueles que restarem após as guerras e os cataclismos que já estão previstos para saneamento do planeta. Acreditamos que desta vez será mais fácil do que foi quando o Cristo lhes ensinou e falou sobre o amor.

Sabemos que a maioria não irá aceitar o novo enviado, porém estaremos a seu lado para suprir e servir de retaguarda aos seus ensinamentos, evitando-se assim que os inescrupulosos que se intitulam portadores da palavra de Deus tentem manipular as multidões, pretendendo, com isso, matar o novo mensageiro que já está preparado.

De certa forma, estamos apreensivos com os destinos dos habitantes do Planeta, porém o amor que devotamos a todas as criaturas do universo nos impulsionam e nos coloca neste palco tenebroso do Planeta que foi tão bem elaborado e que possui quase todas as formas de vida que existem em outros planetas dos diversos sistemas.

Agora que retorno ao meu local de origem, fico pensando quando será que terei nova oportunidade de visitar local tão privilegiado que, no entanto, se encontra em estado de agonia, em virtude da arrogância e estupidez de seus habitantes?

De qualquer forma, estaremos sempre atentos a qualquer alteração que possa ocorrer em virtude de atitudes insanas de dirigentes que procuram dominar outros povos, usando de armas que criaram para destruir o seu semelhante, esquecendo-se, no entanto, que se estarão destruindo.

Por vezes foi cogitado uma intervenção direta que pudesse fazer com que a humanidade voltasse ao caminho da sensatez, porém o livre arbítrio não pode ser interrompido, a liberdade e opção devem ser de cada um.

Assim sendo, resta-nos continuar a fazer nossa obra usando os nossos mensageiros, direcionando as nossas mensagens de paz e de entendimento, tentando com isto despertar numa grande quantidade de seres humanos a centelha divina que se encontra adormecida dentro de cada um desde a queda da Atlântida.

O nosso dever não é obrigação mas, sim, parte do pressuposto do amor que deve ser compartilhado e se possível despertado em cada ser que habita o planeta laboratório.

Eu, particularmente, acredito que isso deve ocorrer agora, quando o saneamento for efetuado e o mensageiro reacender a esperança e derrubar os enganos, medos e mentiras que servem de prisão e impede o povo de evoluir em direção ao grande objetivo que é o conhecimento.

E depois de tudo que vier a ocorrer, ainda estaremos prontos a prestar o socorro espiritual a todos aqueles que procurarem e se aventurarem a sair do casulo que os oprime e os torna objeto de manobra.

20/11/03

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 27/11/2005
Reeditado em 07/08/2008
Código do texto: T77304