CATIVO
Demétrio Sena - Magé
Aí o grande pássaro se admirou do talento musical de um ser humano. Desde aquele dia, não se aquietou nunca mais. Ele precisava ouvir para sempre, aquela voz melodiosa, custasse o que custasse.
Foi assim que o grande pássaro construiu um alçapão, pôs dentro um copo de cerveja e um pratinho de churrasco. Demorou, mas um belo dia - belo para o grande pássaro -, o ser humano cantor apareceu, olhou para os lados, criou coragem, adentrou. Caiu na armadilha. Hoje, o grande pássaro exibe orgulhoso, no alpendre do belo ninho, a gaiola imponente onde o ser humano canta, com tristeza e saudades, belas canções tristes que alegram a passarada.
A partir desse dia, o dono do bicho; digo, do homem, sempre diz aos seus vizinhos que "gosta" muito de sua presa e, por isso, nem adianta ninguém insistir... pois ele "não vende, não troca nem solta".