AS ARMADILHAS DO AMOR
 
 
O rádio estava ligado, a manhã prometia um dia de sol.
Meia hora antes o telefone havia tocado e do outro lado da linha uma voz de mulher reclamava da ausência.
-- Mas hoje ainda é sexta-feira. Amanhã...
-- Você não está bem, sinto pela voz cansada...
-- Estou prontinho para correr cinco mil metros. Amanhã, está bem?
-- Estando bem realmente venha agora. Eu quero ver você porque tive uns sonhos horríveis.
-- Mãe! Prepare então aquele seu café delicioso. Eu estava pensando em ir amanhã.
Ele não se sentia muito bem. Ultimamente estava se cansando facilmente e havia deixado de participar das reuniões de quinta-feira na igreja. Mas era teimoso e todo teimoso gosta de atender ao chamado de mãe.
O trânsito estava tanquilo. Ele conseguia dirigir comodamente. Abriu os portões com o controle remoto e saiu com o carro, de vagar.
Rodou talvez mil metros.
Ao fazer o balão próximo ao Mercado das Pulgas freou atrás de carro grande, escuro, cuja porta traseira estava mal fechada. Pressionou de leve a buzina para chamar a atenção do motorista que lhe ia à frente.
E foi o que bastou.
O motorista desceu imediatamente do carro, armado, aos berros, para atirar a queima roupa. A bala esfacelou o crânio.
São as armadilhas do amor.
Dois anos antes o agora defunto doara um de seus rins ao irmão do assassino...
Lucas Menck
Enviado por Lucas Menck em 14/10/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1864918
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