ESSA INCRÍVEL FAMÍLIA BARREIRA E SEUS DOIDOS... GENIAIS!

Como não é fácil falar de cada um dos membros dessa maravilhosa família, resolvi fazer um “apanhado” de recordações que tenho ainda na memória.

Dizem que todo Barreira é festeiro, louco por política e gosta de escrever Eu acrescento: tem bom humor!

A recordação mais antiga que me vem à memória foi quando meu tio Luciano se mandou para a recém-construída Brasília e meu tio Américo foi preso, minha mãe vivia aos prantos, eu criança não entendia nada, mas lembro bem que alguém maliciosamente disse para eu ouvir que eles eram “comunistas e comiam criancinhas”! Ora, com um tio preso e o outro que tinha escapado de uma coisa eu tinha certeza: não ia ser comida por nem um dos dois, um alívio na minha cabecinha de criança! Mas eu achava que “esses tais de comunistas” deviam comer coisa mais interessante do que crianças, eca!Bombom, por exemplo! Depois surgiu uma dúvida: - Se meu tio não era ladrão nem assassino, porque tinha sido preso? O pior é que não tinha coragem de perguntar para alguém, naquela época certos assuntos eram tabus para uma criança.

Nossa família foi herdeira de uma fazenda na cidade de Quixadá, a fazenda Olivença. Se existe infância melhor do que a se passa numa fazenda, eu não a conheço, nem mesma as passadas dentro de um shoping... Acrescente isso as qualidades dos Barreiras: todos são loucos por natureza!

Tio Mauro, esposo de tia Vanzinha colocava todos nós, crianças e adultos dentro de sua caminhoneta e lá íamos nós aventurarmos em longas horas de viagem até Quixadá. Chegando lá era aquela festança: banhos no açude, leite mugido, as refeições fartas. Tio Luciano e os meninos iam pescar piabas no açude, eu e minha prima Anézia depois íamos limpar, fritar e chama-los para saborear os peixinhos fritos, e nessa ficávamos a “chupar os dedos”, pois não deixavam nada para nós, foi nesse dia que descobrimos por que ninguém queria esse papel e que também desistimos de ser cozinheiras dos homens!

As frutas enfurnadas para amadurecer (aliás, nós enfurnávamos e os meninos iam por trás e comiam todas, ah, esses homens!), os guisados, a galinha morta para fazer o guisado, a lição de moral que o tio Luciano nos deu, pois afinal, a penosa era do vizinho... E a surra que meu irmão Ricard e meu primo Fred levaram do tio Luciano, só porque quase tocavam fogo na fazenda! Eu e minha prima Anézia éramos apaixonadas por nosso primo Vladimir, o “príncipe dos olhos verdes”, sem disputas, nem ciumeiras. Quando ele nos dava um pouco de atenção era aquela alegria, mesmo que fosse um pito por causa das nossas leituras: revistas de fotonovelas. Olivença das festas juninas, do pau de sebo, da fogueira, da queima dos fogos! Olivença dos velhos tempos que não voltam jamais!

Tio Américo morava no mesmo bairro nosso, no Bairro de Fátima. Sua casa para mim era um casarão, cheia sempre de gente, reuniões. Minha irmã Ydalba ia testar seus conhecimentos de cinema e TV com minhas primas, Vólia e Olenka. Eu ia xeretar a coleção de livros de Monteiro Lobato da minha prima Laisinha, que inveja, ou então pedir emprestada sua boneca “pierina”, a primeira boneca que fechava os olhos de verdade (alguém lembra?), a ingrata da prima não valorizava meus motivos de inveja: nem a coleção, nem a boneca! Com o tempo crescemos, a vida foi levando cada um para um lado, mas tenho um carinho especial por todos eles, de certa forma nossas vidas sempre estiveram ligadas! Tio Américo e seu escritório na Floriano Peixoto, seu paletó no encosto da cadeira, seus olhos azuis tão bondosos, sua inteligência, quanta saudade! Barreiras e seu amor por política!

Já adolescente fui visitar minha tia Iolanda e tio Luciano na casa da Taguatinga Norte, que família imensa! Eu que vinha da convivência de só dois irmãos aquilo para mim era o máximo! Cada filho com sua beleza própria: Arcelino. Fred,Vladimir,Alex,Horácio,Valério e Lucianinho: me senti uma rosa no meio de tanto homem! As primas Idalba (e nossas recordações do tempo da vila) e Cláudia, essa só me sabia levar para assistir jogo de capoeira! Prima, eu não achava a mínima graça naquilo! Gostei tanto que várias retornei lá, já meus primos casados com seus filhos, e bota recordações nisso! Tia Iolanda mais do que mãe amiga, conselheira, seu jeito manso de falar, mais do que mulher, uma heroína! Tio Luciano pouco eu via naquele tempo, sempre dedilhando na velha máquina de escrever na mesa da sala, até hoje está aí, escrevendo, aliás, se mil vidas tivesse ainda não daria para ele passar todas as suas mensagens! Olha o lado escritor dos Barreiras!

Tia Simone morou em Brasília, depois no Rio. Quando ela vinha a Fortaleza passar as férias com os filhos ainda crianças era uma festa: haja reuniões e passeios! O lado festeiro da família! Convivemos pouco por causa da distância, mas uma coisa eu tenho certeza: estar perto dela era festa pura! Aqui o lado festeiro da família, coisa do sangue mesmo, pois não existe alguém mais festeiro que minha mãe, Zulene!

Convivi muito com minha tia Vanzinha e seus filhos. Passei férias no seu sítio em Tabapuá, brinquei de boneca com a Fátima, assisti muitas maluquices do primo Arcelino, que no fundo era um crianção querendo brincar de gente grande... Convivi com o Wagner-coelho e seus inúmeros filhos, aprendi a ter medo de dentista com o tio Mauro, a apreciar o belo com o primo Mauri, com eles eu ri, sofri e até chorei!

Hoje a realidade é essa: muitos já se foram, mas cada um deixou uma marca profunda no meu coração! E com essa internet que muitos acham perda de tempo, para mim foi “ganho de tempo”, pois através dela localizei parentes em cada pedacinho desse Brasil: Brasília, Rio, São Paulo, Bahia, Piauí até na Espanha encontrei, e por causa deles eu reafirmo: essa incrível família Barreira e seus doidos... geniais!Doidos, nós? Somos GENIAIS!

AMO VOCES!

Fortaleza, 27 de setembro de 2006.

Dedicado às famílias dos tios Américo, Luciano, Simone e Vanzinha.

E aos primos-Barreiras virtuais:

Ana Maria,Carlos, Cristina, Cristiane, Débora, Denise, Eder, Fabrício, Flávio, Imaculada, Lied, Lianne, Marta, Márcia, Marcely, Ricardo e Zuleika Barreira.