Inocência
- Vem até a lousa menina!
Disse a professora Wilma de Oliveira para Eliza.
Meados de 1960, Escola Pública, Grande ABC, sala só de meninas primeiro ano do antigo primário, hoje ensino fundamental.
- Professora, disse a menina:
- Eu não tenho lápis.
No que a bondosa mestra respondeu:
- Menina, na lousa se escreve com giz e não com lápis.
A menina meio distraída - contava com menos de sete
anos de idade nem percebeu o que diriam hoje o fora que tinha
dado.
As demais alunas educadas não disseram uma palavra.
A mestra, com paciência colocou o giz azul na mãozinha
da menina ( a esquerda, pois era canhota) e como uma fada
segurou suavemente para juntas desenharem o nome da
pequena - E l i z a.
- Agora escreva você com o giz amarelo - disse a mestra.
A menina confiante fez o que a mestra orientou e
escreveu: E l i z a.
- Pode voltar para o seu lugar menina - orientou a
bondosa professora.
Chegando a casa a menina pegou sua caixinha de lápis de
cor ( pequenos com seis unidades), umas folhas de papel de pão e
foi na varanda escrever devagarzinho ( para não gastar as cores),
seu nome desenhando o arco-íris.
Eliza aprendeu, para nunca mais se esquecer que na lousa se escrevia com giz. (Ana Stoppa)
(baseado em fato real)