VELHICE, OU CRESCIMENTO?

Quando dei por mim, descobri que não era mais uma criança. Criança?... Para ser mais justo, cheguei a perceber, isso é, pensei tardiamente, que não era nem mesmo moço. Os primeiros sinais foram os fios dos cabelos; esses, perderam a sua cor que eu imaginava ser a original, e preocupado, tratei de escondê-los, tingido-os.

O rosto... Oh! No rosto espécies de fendas contraídas começaram a transparecer, e a pele, ressecada e flácida, me mostrava que o tempo, mesmo que eu não quisesse admitir, está sempre no passado; tudo está no passado... Até na resposta de uma interrogação, a mesma já está no passado. E eu teimava em afirmar, dizer a mim mesmo não ser mais a mesma pessoa, muito menos, a mesma criança; e foi naquela hora que o espelho me assustou e tentei evitá-lo.

O corpo?...Não tentei nem mesmo observá-lo atenciosamente, e quando o fiz, não quis reconhecer que alguns quilinhos se alojaram no abdômen, e só depois de exigir a sua obediência – em vários aspectos – é que percebi que ele não mais me obedecia; estava fazendo a sua própria vontade. Assustado com aquelas mudanças, voltei ao passado... voltei aos bons tempos e me perguntei:

– Eles não mais voltarão, por quê?

E um tolo medo, a insegurança percorreu a minha alma e fiquei a me perguntar a quanto tempo, e onde está a linha de chegada que chamamos morte; quanto tempo me falta para deixar esse corpo? Cem anos... dez... cinco, ou milésimos de minutos?

A mente... Ah! Ainda bem que ela me avisou de que eu estava me assustando sem motivos...com o tempo! O que importa o passar do tempo, se ele me trouxe a idade e, com ela, a maturidade, compreensão, tolerância, e a sapiência? Devo, sim, aproveitar ao máximo esses indefinidos momentos que me restam, espremê-los ao máximo e, SONHAR EM VIVER!!!

Este trabalho está registrado na Biblioteca Nacional-RJ

carlos Carregoza
Enviado por carlos Carregoza em 27/10/2006
Código do texto: T275138