Aproximação Distante - O que se quer e o que se vê

-Bom dia conde joão!

-Bom dia, Dotô Detal! Muito lisonjado pelo tito de nobreza!

-Ora, você merece.

A majestade não se levantou. Esticou o braço e cumprimentou o vassalo. O trono mais alto. O trono, a mesa, o muro e o povo. Debaixo da mesa, a mão no pano, o pano na mão. Debaixo do pano, a mão limpa.

-Truxe uns morango du sítio danado de bom, feito com o amor e a pureza da Terra.

-Maravilhoso, conde! Adoro quando você traz coisas. Sítio produtivo... e a família? Dona Maria?

-Dotô, sempre preocupado com seus muito pacientes. MUITO PACIENTES... sabe a vida de todos! Sim, sim! O Dotô tem muita virtuDES UMANA!

-Não é para tanto, conde, mas obrigado!

-Dotô Detal, o sinhô é um Santo! Demo graças a Deus por tê emprestado o sinhô pra vivê aqui na Terra! Demo graças, Santo Dotô Detal!

-"DEMO GRAÇAS", conde! Então, como andam as coisas?

-Ah! Hómi sensível! O Dotô não imagina! A maria tá TODODIA,o sítio tá TODODIA. Os fios então? TODODIA! A vida é cheia de novidade, não?

Depois da consulta, os morangos deliciosos. Junto deles, outras prendas. Orgulho. Olhou no espelho, certificando-se que sua roupa branca realmente lhe dava ares de anjo. Não! Não! De um Deus egípcio e sua pirâmide formada de blocos de presentes.

A mão no telefone, ligou para a secretária.

-Condessinha! Acabaram os presentes? Digo, pacientes presentes?

-Acabaram! Tem um só daqui a meia hora, senhor!

-Então, venha cá!

O Rei, os morangos e a SECRETA OTÁRIA: o sacrifício. Na maca do povo, marcava sua pele com feridas, feridas incuráveis. Os súditos fazem qualquer coisa pela majestade. E se o fazem por devoção, não sentem dor, sentem prazer. Ela gemeu seco e abafado, de tanto gozo.

Colocou os morangos em seus peitos e comeu mordendo-os. Morango, ADORno do sexo.

A MORna carne do morango tão belo foi se dilacerando. Tinha gosto de sangue, o mel das feridas, o lobo saciando sua sede.

Pouco depois, com semblante angelical característico, atende outro paciente.

-Dotô Detal?

-Entra conde joão. Quanto tempo!

O REI, O MURO E O OUTRO.