Um Poema Do Avesso

Certo dia Roberto, num ato desesperado de fissura, decidiu cometer um assalto. Não tinha armas, e como não poderia partir para o corpo a corpo, armou-se com um espeto. Desceu as escadarias do porto e sentou numa das cadeiras do Boteco da Val. Ali encontrou um velho poeta que também planejava um assalto. O poeta puxou conversa e juntos tomaram algumas cervejas. O poeta falou de seu desejo pela poesia do mundo e de sua enorme tristeza por ter sido abandonado por ela. Confabularam paripécias. E confessaram do que seriam capazes de fazer para conseguirem o que tanto queriam. O sol tocou a linha do horizonte em banzeiro transformando o Rio Negro num mar prateado. O poeta pensou num novo poema e Roberto pensava na sua interminável fissura. Subiram as escadarias. De pronto, o velho puxou sua caneta e rabiscou um poema sofregamente. Vendo aquilo, Roberto, sacou seu espeto, robou o poeta e submergiu na escuridão das ruas.

Rojefferson Moraes

Rojefferson Moraes
Enviado por Rojefferson Moraes em 22/05/2014
Código do texto: T4816112
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.