Uma noite de chuva

Certa vez, um casal de namorados estava passeando de mãos dadas pelo calçadão da praia Beira Mar, de Fortaleza. Era noite e notava-se uma concentração de nuvens no céu suficiente para deduzir que, se chovesse naquela noite, a chuva iria varar a madrugada. Andavam preocupados unicamente em chegar à parada de ônibus para estarem ao abrigo do veículo, se começasse a chover. De repente, Vanessa olhou para trás, por intuição, e viu que uma figura mal encarada se aproximava dos dois parecendo objetivar abordá-los. João, que acompanhara os olhos de Vanessa, disse:

- Vanessa, vai para dentro daquela banca ali à frente, que ainda está aberta, rápido.

Vanessa, sem contestar a ordem de João, apressou o passo e entrou na banca sem compreender o que estava acontecendo e incapaz de pedir ajuda ou falar alguma coisa, ficou apenas olhando para o nada, enquanto voltava a enxergar os objetos à sua volta.

Enquanto isso, João ia a passos mais lentos em direção à banca, quando foi abordado por um rapaz mais jovem, porém envelhecido pelas mazelas da vida marginalizada.

- Passa a carteira e não reage! – Disse o marginal apontando um canivete para João.

João, que era faixa preta em caratê, puxou o braço do assaltante ao mesmo tempo em que aplicava um soco contra o rosto do mesmo. Após o impacto, João, como se realizasse um movimento elástico, girou em sentido contrário, tirando seu corpo do meio para que o meliante caísse ao chão. De imediato, este se levantou e fugiu para a praia, no meio da escuridão.

Quando João entrou na banca, Vanessa estava tomando um copo de água, ainda sem conseguir falar muito bem. Então João contou o ocorrido para o vendedor da banca e ficaram conversando ali não mais do que quinze minutos. Acabada a conversa, João e Vanessa foram embora de mãos dadas, ainda embaixo daquele céu nublado prestes a desabar num aguaceiro ininterrupto.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 15/03/2008
Código do texto: T902691
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.