O Cravo e a Rosa

A noite clara trazia a companhia da lua em todo seu esplendor. Estrelas brilhavam completando a beleza do cenário. Rosa, moça bonita, prendada e de bom coração, debruçava na janela com uma fisionomia contemplativa. Apesar da aparente calma do seu rosto, seu coração estremecia de tristeza. As lembranças do momento de amor que tivera com o Cravo eram motivos de prazer e dor. Um sorriso nasce de seus lábios. Uma onda de calor toma conta do seu corpo. Revivia todo prazer sentido. Os toques íntimos, as juras secretas, os beijo selando um amor outrora eterno. De repente uma lágrima teimosa e fria molha sua face. Rosa lembra que não há mais depois. O Cravo tem sua vida, sua realidade e seus amores. Ela fora apenas uma a mais. Então no silêncio da noite, Rosa sufocada de tanta dor, segura firme um punhal e com golpe certeiro penetra o doce coração.

Bem longe dali, o Cravo desfrutando os braços das meretrizes repousa depois de esvair-se em gozo. Mas alguém chega com a triste notícia e o Cravo mergulhou numa tristeza sem fim. Até hoje, quem passa por aquelas bandas escuta seus tristes lamentos. É uma alma perdida que busca consolo em outros jardins. Perdeu o viço, a alegria e a esperança. Como um louco vive murmurando a todos que o encontram:

-“Não deixe sua rosa verdadeira por falsos botões que encontrar na vida”.

E a Rosa perdida na escuridão, chora sua extrema covardia, pois ao tirar a vida perdeu o direito à luz.