O BARRIL ENFEITIÇADO

Era quase meia-noite e só podiam-se ouvir os pios ritmados das corujas, que a esta hora da

noite estavam encarapitadas em qualquer árvore frondosa a espera de alguma presa. Monica

havia levantado a pouco e tinha ainda aquela leve sonolência de boneca chinesa, com olhos

bem apertados e o corpo quente, recém-acordado. Desceu as escadas com um passo

levemente ligeiro, mas que denotava pouca pressa. Virou à direita e adentrou a cozinha onde

encontrou um barril de madeira, marrom, e que despertou nela uma doce curiosidade pueril.

“Quem deveria ter deixado tal objeto em sua cozinha”? pensou Monica, “e quem haveria de

ter entrado aquela hora da noite em sua casa?”, este último pensamento havia deixado-lhe

bastante preocupada. De súbito olhou para trás, e foi surpreendida por uma leve brisa que

entrava pela porta entreaberta, a porta dos fundos! Quem poderia...? Levou a boca e segurou

um gritinho, que saiu mais parecendo um grunhido estranho... Andou até a porta receosa e

fechou-a com um empurrão não menos receoso e medroso. A esta altura da noite as corujas já

haviam parado de piar, como se tivessem de alguma forma escondidas nas árvores ao longe só

observando este esdrúxulo caso que estava a ser desenrolar.

O barril ainda estava sobre o balcão da cozinha e emitia agora uma luz esverdeada que

mudava hora ou outra para o dourado e o azul respectivamente, porém mudando aqui e ali de

ordem! Girando às vezes desordenadamente em seu próprio compasso e dando gritinhos

abafados e até soluçando. Como se tivesse vida ou até pior, como se ocultasse alguém vivo

dentro de si. Subiu agora as escadas e procurou um livro intitulado “COISAS ESTRANHAS QUE

NÃO SABEMOS RESPONDER, PORÉM QUE NOS CAUSAM MEDO”, e colocou-se a folheá-lo...

Quando um estranho homenzinho sentou-se ao seu lado e pôs-se a falar.

- Olá, o que fazes a esta hora da noite?

Ela como era de se esperar levantou-se num susto descomunal.

- Q-q-quem é você? Perguntou entre suspiros

- Eu? Respondeu o homenzinho (este “EU” não é bem uma resposta, o certo seria, eu sou um

ser mágico... Mas devido à hora, sei lá, ele decidiu ocultar esta verdade)

- Sim você!

- Eu? Ora não vês quem sou? Sou apenas um homenzinho...

E Mônica o olhou fixamente durante um bom tempo e logo depois baixou os olhos e voltou a

ler o livro.

E adormeceu... Numa brisa suave que entrava pela janela aberta, uma brisa suave e fria, digase

de passagem...

Para no próximo dia ao acordar achar que tudo não havia passado de um sonho, como se

determinadas coisas nunca pudessem ser realidade...

Diego Sousa
Enviado por Diego Sousa em 01/08/2010
Reeditado em 28/08/2011
Código do texto: T2411885
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.