O sábio e a sacola do mundo

Indo pelo caminho, um velho sábio trajando-se de mendigo e apoiando-se em um cajado de madeira, levava sobre os ombros uma velha sacola de pano.

Ao entrar em um vilarejo deparou o sábio com um rapaz sentado desolado na soleira de uma porta. O sábio aproximou-se do rapaz e pediu-lhe um pouco de água, imediatamente o rapaz que era muito curioso imaginou o que levaria o velho sábio em sua sacola e perguntou-lhe:

– Diga-me o que tu levas em tua sacola que eu te darei de beber.

E o sábio assim respondeu.

– Ora senhor eu sou um mendigo, o que achas que um mendigo poderia carregar em sua sacola?

E o rapaz que não acreditava em sonhos respondeu:

– Ora pelo peso de teus ombros deveis carregar pedras.

– Pois então que pedras sejam ..das quais dou-te uma agora.

Respondeu o sábio tirando da sacola uma pedra e dando ao rapaz, que após examiná-la cuidadosamente, não vendo nenhuma serventia para ela atirou-a na rua.

O sábio bebeu da água e prossegui em sua caminhada.

Mais adiante ele encontrou um bela mulher cantando uma linda canção, o sábio aproximou-se dela e lhe perguntou:

– O que Cantas minha jovem senhora?

E a mulher notando a sacola no ombro do sábio perguntou-lhe:

– Diga-me o que levas em tua sacola que eu te ensinarei a canção.

E o sábio assim respondeu:

– Eu sou um mendigo senhora, o que imaginas que poderia um mendigo carregar em sua sacola?

E a mulher que estava faminta respondeu...

– Pelo tamanho de minha fome imagino que tu carregas pães.

– Pois então que pães sejam... dos quais dou-te um agora.

Respondeu o sábio tirando da sacola um pão e dando a mulher, que agradecida ensinou-lhe a canção e foi embora satisfeita.

E lá foi o sábio feliz pela estrada assoviando a canção.

Ao passar por uma janela ele avistou um homem contando rapidamente muitas moedas de ouro, o sábio aproximou-se do homem e perguntou-lhe:

– O que contas meu senhor?

– Ora não vês que eu estou muito ocupado contando meu tesouro?

– Já que sois tão rico assim, poderia me dar uma de suas moedas para eu comprar um pão, e matar a minha fome?

– O que? queres que eu te de uma moeda do meu tesouro, não vês que sou avarento demais para dar qualquer coisa a alguém?

Mas notando a sacola no ombro do sábio o homem avarento imaginou o que ele levaria em sua sacola e perguntou-lhe?

– diga-me o que tu levas em tua sacola que eu te darei uma de minhas moedas.

– Ora meu senhor eu sou um mendigo o que achas que um mendigo carregaria de valor em sua sacola?

– Bom pelo tamanho de minha ambição gostaria que tu carregasses ouro em pó, muito ouro, para que eu pudesse aumentar ainda mais a minha fortuna.

– Pois então que ouro seja, dos quais dou-te um punhado agora.

Respondeu o sábio tirando da sacola um punhado de ouro e dando ao homem avarento, que imediatamente vendo tanto ouro em suas mãos enlouqueceu e saiu correndo pela estrada gritando..

– Ouro, ouro estou mais rico ainda e é todo meu.. enquanto ele corria o vento espalhava pelo caminho o ouro de suas mãos, mas cego pela sua ganância o homem não notou que já não havia mais nada, e desapareceu pelo mundo deixando para traz seu falso tesouro.

Quanto ao sábio prossegui sua viagem, jogando para cima e para baixo a moeda de ouro dada pelo homem avarento e assoviando a canção que a bela mulher lhe ensinou.

Ao passar por uma arvore ele avistou um menino sentado a sua sombra comendo uma broa, o sábio aproximou-se do garoto e lhe pediu um pedaço, rapidamente o garoto partiu a broa ao meio e deu-lhe a metade maior, sem nada lhe pedir em troca, o sábio ficou surpreso com a atitude do garoto e lhe perguntou :

– Deste-me a metade maior de sua broa sem nada me pedir em troca, porque?

– Por que aprendi com o meu pai que devemos repartir o pouco que temos com quem tem menos do que nós, é assim que devem ser as coisas no mundo, se hoje eu divido o pouco que tenho com o senhor, amanhã terei muito mais para dividir com o mundo.

– Sabias palavras meu rapaz, mas você não gostaria de saber o que eu carrego em minha sacola?

– Ora meu senhor sóis um mendigo e os mendigos tem o mundo como moradia, pela minha pouca vivencia imagino que carregas em tua sacola os sonhos de todos aqueles que conhecestes pelos caminhos que passastes.

– pois então, que sonhos sejam, dos quais faço-te mensageiro agora.

– Tu es sábio e conheceis a alma do mundo portanto escolho-te para substituir-me em minha caminhada pelo mundo, para que tu realize os sonhos de todos aqueles que encontrares pelo teu caminho,

E assim o sábio deu ao garoto a sacola de sonhos e ele saiu pelo mundo realizando os sonhos de todos aqueles que se permitem sonhar...

Mensagem: cada um tira da sacola da vida os sonhos que deseja ver realizado.

Autora Maria S. de Jesus

2711/2006.

conto registrado na Biblioteca nacional, em 15/08/204

Rusth
Enviado por Rusth em 27/11/2006
Código do texto: T303251