CARNAVAL E CINZAS - PARTE I

Ela, uma bonita jovem de 16 anos, em pé, junto ao portão de sua casa. Dali, sob o olhar vigilante de sua avó, observava o intenso movimento de alegres jovens em fantasias; se preparavam para ir ao baile de carnaval.

Ele, um jovem forte e bonito, recém saído do serviço militar, que por ali passava, indo ao encontro de seus amigos a fim de juntos irem ao baile de carnaval no Clube do bairro. Como se fosse coisa do destino, ele a viu, gostou, diminuiu o passo e lançou-lhe olhares insinuantes. Em respeito, sorriu e cumprimentou a avó dela, que lhe retribuiu. Ele foi e, por alguma razão muito forte, incontrolável, voltou para vê-la outra vez; viria tentar lançar mão do que achava que poderia ser seu.

Ela, inocente, olha-o sorrindo e lhe estende a pequena e suave mão em cumprimento, como se ele fosse o primeiro. Sim, ele era!

Seus grandes olhos tímidos, lindos, com o brilho e cor de um par de esmeraldas, olhavam-no tão fixamente, como se assim o quisesse presenteá-lo.

Seus lábios carnudos e frescos, emoldurando o seu amplo sorriso alvo, deixaram o jovem louco para tomá-los e beijá-los por pura paixão.

Sua voz limpa, de timbre suave, a ele soava como cânticos de anjos em glória.

Suas lindas madeixas castanhas, enroladas por sobre os seus ombros macios, quando ao vento pareciam querer enlaçá-lo.

O convite por ele foi feito e aceito pela família dela, e lá foi ele muito feliz escoltando a linda moça em fantasia, que iria a seu primeiro baile de carnaval, agora sob o olhar desatento e permissivo da vovó cupido.

Esse foi o grande baile de carnaval de suas vidas. Como Pierrô e Colombina, alegres e felizes, se abraçavam, dançavam e cantavam empolgados. Não queriam que aqueles momentos se acabassem.

Quando a sós, ao som de "sinos", fogos de artifícios, confetes e serpentinas, trocaram suaves juras de amor, pactos estes que foram selados com mil beijos apaixonados.

Eles, jovens apaixonados, sem imaginar o que o destino lhes reservava, iniciaram o namoro, um lindo caso de amor. E assim foi.

Ele foi recebido na casa dela como mais um filho, eles o adoravam.

Enamorados, se entregaram um ao outro como um merecido premio.

Sempre muito apaixonados, em muitas experiências se descobriram.

Muitos sonhos maravilhosos planejaram para juntos construírem.

Após muito esforço, estava tudo pronto para a realização do sonho.

Mas..., o inesperado acontece, o destino prevalece e ela adoece, o sonho é guardado, o desespero instalado. A eles só as lágrimas (...).

Para eles um ano muito difícil se passa, ela deitada e calada, sofre em seu leito resignada.

Lindos sonhos foram protelados, frustrados, mas não cancelados.

Sua família de tudo fez, até muito além do que o dinheiro poderia prover.

Na busca de seu restabelecimento, foi cuidada pelos melhores médicos da região e, aplicados os melhores tratamentos da época.

Eis que, chega o seu grande dia; como que por encanto, à princesa, alegre, levanta-se de seu leito, sorri e pergunta pelo seu amor.

Sua saúde, a alegria e o amor se renovaram, para mais uma vez tentarem realizar os seus desejos e, juntos cumprirem os seus destinos.

Ela, ainda muito debilitada, mesmo que à duras penas, desta vez não quer nem ouvir falar em adiamentos.

Em seu momento de sonho, ela muito linda em seu belíssimo vestido de noiva, estava resplandecente como uma princesa de contos de fadas. Ao som de clarins, tocando a tradicional marcha nupcial de Mendelssohn, ela entra com seu pai na casa do Senhor como se flutuasse lentamente em direção ao altar.

Já no altar, ele muito garboso, como um príncipe em seu belo traje, aguardava ansiosamente o momento da chegada de sua amada ao altar.

No momento a três, sob forte emoção, a passagem dela é feita a ele. Sob os acordes finais da marcha nupcial, ele a recebe suavemente e agradece ao pai dela com um abraço. Eles se olham apaixonados e se voltam para o altar, era tudo o que eles queriam.

Em sagrada cerimônia, sob as bênçãos do Senhor, ao som da Ave Maria de Gounod, houve trocas de promessas, alianças, olhares e beijos. Após os cumprimentos de seus emocionados familiares e padrinhos, eles caminharam de braços dados ao som de "Eu sei que vou te amar". Saíram da Igreja sob uma forte chuva de arroz. Abraçados e sorrindo, subiram no carro e se foram felizes e realizados.

Com o maior desejo cumprido, brindaram esse maravilhoso momento em uma grande e concorrida festa. Belíssima e radiante, a linda princesa e seu príncipe distribuíram sorrisos e encantos por onde passavam. Mil Flashs registravam esses momentos; únicos em suas vidas.

Eles receberam lindos e caríssimos presentes, foram homenageados por todos os seus alegres convidados. Compartilharam bebidas, doces, salgados com os que ali estavam. Após se despedirem eles partiram felizes para a tão sonhada viagem de Lua de mel.

Ao fim daqueles momentos encantadores, já no palco da vida, eles ainda imaturos, vão ter que aprender a difícil arte de conviver, atuar juntos.

Diariamente vão ter que lutar contra as trapaças da sorte, o desconhecimento e, coisas que jamais haviam vivido ou imaginado.

Ela estudava para completar a sua formação, tratava de sua frágil saúde e, organizava e realizava os seus afazeres domésticos.

Ele trabalhava como nunca havia feito antes, batalhava muito para manter seu lar confortável, e seus compromissos honrados.

E assim conseguiram montar um lar, lhes faltava agora mais um membro para formar uma família e assim cumprir seus ciclos de vida.

Mas..., essa é a vida a dois, uma caixinha de surpresas, cheia de truques e mágicas, sempre alterando os destinos projetados no calor da paixão.

Carnaval e cinzas. Parte II

ZIBER
Enviado por ZIBER em 04/05/2007
Reeditado em 20/08/2007
Código do texto: T475005
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