LISTAS ÍNGREMES CAUSAM SOLUÇOS EM VERSOS ERRANTES
Nos embaraços dos discursos confusos, tolos e medíocres um pequeno pássaro embriagado, aproveitando o ensejo, pousou na sacada do prédio antigo abandonado. Cantarolou versos inapropriados que fizeram ruir templos messiânicos cujos fiéis trocavam ataques e celebravam suas renúncias momentâneas. Policiais fardados aos emboléus com crimes cometidos ou encobertos por eles mesmos se incomodaram com versos e poemas àquela hora da noite. Um tiro foi disparado. Professores ministraram para seus alunos que no ciclo da vida algumas mortes não podem ser evitadas e o mais importante seria evitar nossa própria morte. O pássaro, batendo as asas alcançou um rego próximo onde tentou bebericar uma dose da água suja. Cantarolou um último verso. Logo em seguida foi levado por Laura, a mendiga manca que juntava latas de alumínio na Alameda. Laura, que assistia toda aquela confusão, sorriu pensando na possibilidade de não dormir com fome naquela noite.