LISTAS ÍNGREMES CAUSAM SOLUÇOS EM VERSOS ERRANTES

Nos embaraços dos discursos confusos, tolos e medíocres um pequeno pássaro embriagado, aproveitando o ensejo, pousou na sacada do prédio antigo abandonado. Cantarolou versos inapropriados que fizeram ruir templos messiânicos cujos fiéis trocavam ataques e celebravam suas renúncias momentâneas. Policiais fardados aos emboléus com crimes cometidos ou encobertos por eles mesmos se incomodaram com versos e poemas àquela hora da noite. Um tiro foi disparado. Professores ministraram para seus alunos que no ciclo da vida algumas mortes não podem ser evitadas e o mais importante seria evitar nossa própria morte. O pássaro, batendo as asas alcançou um rego próximo onde tentou bebericar uma dose da água suja. Cantarolou um último verso. Logo em seguida foi levado por Laura, a mendiga manca que juntava latas de alumínio na Alameda. Laura, que assistia toda aquela confusão, sorriu pensando na possibilidade de não dormir com fome naquela noite.

Rojefferson Moraes
Enviado por Rojefferson Moraes em 29/04/2014
Reeditado em 06/10/2014
Código do texto: T4787779
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